Rendida Por Um Traficante

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Maratona 4/4, Boa leitura amores!

Gabriela

Ja fazia uns dias que aquele homem não aparecia aqui. Graças a Deus, eu não aguentava mais,meu corpo todo doia e meu útero doía mais ainda era uma dor insuportável que eu não aguentava nem andar.

Durante esses dias que ele não apareceu e ninguém tocou em mim, comecei a reparar em mais coisas,pela pequena e minúscula janela que tinha em cima da minha cama onde eu tinha que subir na cabeceira pra conseguir alcança-la, vi que todos eles tinham um turno a ser trocado e demorava exatos 5 minutos pra um ir e o outro chegar,mas tinha um que demorava mais uns 15 minutos pelo menos, e ele aparentava ser mais novo que a maioria pelo menos. Ele sempre tava aparentemente nervoso. Ele veio poucas vezes me trazer comida.

O dia passou lentamente, eu tomei um banho, coloquei uma blusa de mangas compridas preta e um short verde escuro,eu não faço a mínima ideia da onde eu esteja,mas sei que aqui faz frio, frio demais. Eu tava quase congelando e não parava de bater o queixo,no relógio na parede marcava 00:53,quando ouço a porta abrir. Meu coração por um momento gela pensando que era aquele homem. Mas não,era o rapaz que sempre parecia estar nervoso.

- porra - ele para por um momento me analisando e principalmente analisando meu corpo,o que me faz ficar ainda mais retraída- você tá mais pálida que difunto -

- desculpa estar batendo o queixo - falo baixo - minhas roupas ou estão rasgadas ou estão lotadas de sangue e com um cheiro horrível - ele me olha com... pena?

- toma- ele diz tirando seu moletom e me entregando.

- não,não precisa,só me arranja mais um cobertor ou edredom por favor,pode me deixar sem comida amanhã,sem problemas.

- ei, na moral mesmo,pode pegar - ele fala ainda com a mão estendida - vou trazer um cobertor pra ti. Você comeu alguma coisa hoje? - ele me perguntou preocupado.

- me deram metade de um pão e café com leite de manhã - abaixei a cabeça.

- vou buscar algo pra tu,mas nem fala nada pra ninguém não falow? - olhei pra ele e concordei.

Passou alguns minutos e ele voltou com uma marmita média pra mim,tinha carne de panela,arroz,feijão e farofa,tava com muita fome.

- obrigada...? - disse esperando ele responder.

- scardazi - ele sorriu sem mostrar os dentes - quero que saiba que não acho certo o que fazem com você,mas tô aqui pra sustentar minha coroa e minha irmã de 6 anos. É o máximo que consigo fazer.

- você acha que eles vão me matar antes de alguém me encontrar? - olho pra ele com o olhos cheios d'água.

- olha, sinceramente eu não sei - ele suspirou - mas garanto a você que tô te mantendo viva desde o mês passado - com a minha expressão de confusão ele continua - tô colocando na cabeça de WL que se ele te matar agora ele não vai ter o que quer realmente, que é a cabeça do cabra.

- já era pra eu estar morta? - sinto um nó em minha garganta e ele concorda - obrigada,sério,obrigada mesmo - digo com sinceridade.

- eu disse que não acho certo ta ligado,faço por necessidade mesmo,vou fazer de tudo pra manter você viva - ele disse com sinceridade - se você me passar um número de telefone posso entrar em contato, e te ajudar a sair daqui,mas você tem que me garantir que essa pessoa vai tirar eu e minha família de são Paulo .

Essa era a minha chance. Mas e se isso custasse a vida do  scardazi? Nunca iria me perdoar.

- posso fazer a ligação primeiro? - perguntei e ele concordou me entregando o celular.

Ligação on:

- alô? - ele atende depois do 4° toque - acho bom ser urgente porra,eu não durmo faz dois dias.

- Rodrigo? Rodrigo sou eu a Gabi, vem me buscar,por favor - digo já chorando e escuto ele chamando alguém.

- onde você tá Gabi?

- eu não sei, não faço a mínima ideia - scardazi me olha enquanto vigia a porta.

- de quem é esse telefone? É do WL? - o ódio em sua voz é nítido.

- não,não é dele.

- me dá o celular Gabi-  scardazi me diz rápido - eu vou retornar,eu juro.

- a pessoa vai te retornar, eu preciso desligar.

Ligação off .

Desligo e entrego rápido pro scardazi que pega a marmita vazia e sai trancando a porta.

Rodrigo:

- PORRA - digo batendo na mesa fazendo um vaso cair.

- calma cara,ela disse que a pessoa vai retornar - MG disse tentando me acalmar.

- caralho,como vou ter certeza? E se não obrigaram elq a ligar? E se ela estiver com fome,frio? E se ela estiver machucada? Puta merda véi,eu nunca vou me perdoar.

- Rodrigo,presta atenção - olhei pra ele que me olhava sério- ela tá viva não tá? -concordei- se ela tá viva é porque ela é forte e porque tem alguém segurando ela viva por algum motivo. Aquieta a porra do rabo,ela é forte e aguenta mais um dia.

- ela é diferente Matheus,porra, ela é importante demais. Eu nem preciso foder com ela pra ter prazer porque ela por si só já é o prazer tá ligado? Ela é uma mina foda e não merecia toda essa merda. A gente tem uma filha junto,caralho,corri atrás de toda a documentação pra pegar a guarda legítima dela pra ela estar crescendo sem mãe? Por culpa minha? - disse frustrado passando as mãos no cabelo.

- tô ligado cara,mas não se culpa assim falow? Você não tem culpa pelo WL ser um psicopata. Sei que ela é importante pra ti. E pode crê que qualquer um vê isso ai. Mas não se culpa pela paranoia dos outros - ele disse pousando a mão em meu ombro - tu é uma boa pessoa RB.

Eu olhei pra ele e o abracei,porra eu amo demais esse moleque. Sempre me fortaleceu e nunca falhou comigo. Tá comigo desde pivete e sei que é pra sempre.

A gente ficou acordado mais um pouco esperando pra ver se o número retornava,mas nada. Então ele levantou e foi pro quarto dele, e eu deitei na cama tentando dormir,mas foi sem sucesso minha tentativa.

Ela é sol,é o calor de um abraço apertado e a brisa calma e serena na praia, é um arco-íris depois de uma tempestade e o abrir de uma rosa na primavera. Ela é extraordinária. E se ela morresse eu não ia me perdoar jamais.

Lohan Scardazi (scardazi), 18 anos, vapor em Paraisópolis.

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