Rendida Por Um Traficante

BÔNUS

Rodrigo

Eu suava frio após saber do tal amigo novo de Mavi, a Gabriela estava mais pálida do que normalmente é e eu  esperava minha filha chegar ao escritório pra ter, com certeza, a conversa mais tensa da nossa vida.

- pai posso entrar? - ela diz batendo na porta.

- pode amor - digo e fico mais tenso do que o normal.

Ela entra na sala de shorts, blusão e uma toalha na cabeça.

-o que vocês queriam conversar comigo? - ela diz receosa.

- filha, é um assunto muito complicado- Gabi diz e solta um suspiro - seu novo amigo Higor, ele não é confiável.

- o que? Por quê? - ela diz irritada- é o único que não me vê como "a filha do dono do morro", eu já sou bem grandinha pai, sei muito bem o seu trabalho- ela diz olhando pra mim.

- ainda bem, você me poupou de mais de uma hora de conversa. Vou direto ao assunto então - digo olhando em seus olhos- tem um menino, chamado Higor, da mesma idade desse seu amigo. Que quer vingança através de você - ela me olha confusa.

- o que? Como assim? - ela pergunta sem entender.

- bom - Gabi começa- a 11 anos atrás, fui sequestrada, abusada e fiquei no lugar por quase 5 meses - vejo que ainda dói falar disso - esse cara que me sequestrou, tem muitos filhos - ela olha pra mim.

- um deles se chama Higor, tem 14 anos e é o caçula, ele tem o sangue ruim do pai. E já estou sabendo que ele quer vingança pela morte do pai.

- o que? Então vocês temem que esse tal Higor possa se vingar de você, através de mim? - ela passa as mãos no rosto - não é possível.

- mavi, você vai sair do país - Gabi diz na lata.

- o que? Eu não vou sair do país merda nenhuma, eu ia morar com quem lá? Tá ficando doida mãe? - ela diz nervosa.

- você vai sair do país, vai ir junto com Manu e magrinho, a manu tá indo estudar na Espanha, e você vai junto, é uma boa oportunidade e é pro seu próprio bem amor - eu digo esperando que bela mude de ideia.

- certo, eu não tenho escolha mesmo - ela diz derrotada- vocês tem que me prometer que vão me visitar.

- eu prometo filha - digo pegando em suas mãos, ela sorri e Gabriela suspira aliviada.

OITO ANOS DEPOIS

Meu coração bate forte, não sei se é pela ansiedade de ver minha filha, ou pelo medo do que pode acontecer com ela no Brasil. Vejo a mesma saindo do portão de embarque.

- PAAAAIIII - ela corre e pula em meu colo - eu senti tanto sua falta.

- eu também senti amor, muita- digo a colocando no chão- pronta?

- prontíssima-ela diz sorrindo pegando suas malas.

Vamos em direção ao carro e vejo como ela mudou nesse um ano que não a vi.

Desde que ela foi para Espanha, é a primeira vez que ela volta pro Brasil em oito anos, e não vou negar, meu medo não diminuiu desde que tomamos a decisão de que ela iria embora.

Eu e Gabi emancipamos ela quando completou dezesseis anos, desde então ela vive sozinha na Espanha.

Olho pra minha pequena menina, que já tá mais pra mulher e ela sorri pra mim enquanto fala do vôo.

Quanto mais ela fala, mais sou grato por ter encontrado ela naquele dia em meio a um tiroteio.