O silêncio no compartimento durou apenas alguns segundos, antes que ficasse constrangedor, o garoto chamado Terry desfez a expressão surpresa e seu rosto se abriu em outro sorriso branco e brilhante. Pigarreando, ele falou sentando-se:
— Vamos, vamos nos sentar, desculpa minha surpresa e tal, quero dizer, minha mãe comentou que você começaria em Hogwarts no mesmo ano que eu, mas, ainda é surpreendente, depois de crescer ouvindo seu nome, te conhecer de verdade.
Sentando-se, Harry observou o outro menino, que parecia sincero e não se importar muito com ele ser famoso, o que lhe dava um grande alívio. Isso é tudo o que ele queria e precisava, que as pessoas não fizessem um grande negócio dessa história de menino-que-viveu. Talvez, ele estivesse sendo ingênuo, pensou Harry, mas, a verdade é que ele não se lembrava ou entendia o que acontecera a 10 anos, com exceção do fato de que seus pais foram assassinados. Agradecido e querendo muito fazer um amigo, Harry sorriu timidamente, respondendo:
— Tudo bem, não tem problema, eu tive muito pior quando fui ao Beco Diagonal fazer minhas compras. Quer dizer, acho que apesar de não me lembrar ou entender o que aconteceu naquela noite, terei que me acostumar com reações ao meu nome ou minha cicatriz.
Terry moveu a cabeça concordando, uma expressão inquisitiva e inteligente em seu rosto, expressão essa que Harry veria muitas vezes ao longo da viagem.
— Eu posso entender sua confusão, mesmo meus pais não entendem muito o que aconteceu naquela noite, e eles são bem espertos. Minha mãe é a pessoa mais inteligente que eu conheço, sendo uma Ravenclaw, mas, ela não compreende como poderia um bebê derrotar um bruxo adulto, um bruxo poderoso, além de tudo. Ela... bem, minha mãe acha que as informações divulgadas na época eram imprecisas ou foram exageradas e, de repente, todo mundo tomou como verdade... — Terry hesitou olhando para ele. — Quero dizer, não estou dizendo que é mentira, mas, bem, só não faz muito sentido, sabe, e.... minha mãe sempre diz que, o que não faz sentido, merece ser questionado.
Harry não pode deixar de se surpreender com as palavras do outro garoto, quando Hagrid lhe contou toda a verdade, tanto lhe passou pela mente. O principal ponto foi o choque de saber como seus pais realmente morreram e que eles foram assassinados, mas, não lhe ocorreu questionar a veracidade dos fatos em si. Quer dizer, como poderia um bebê matar um bruxo adulto, um bruxo, segundo o Guardião, poderoso e invencível, que só temia Albus Dumbledore. Mas, se os fatos estavam errados ou exagerados, como dito pela mãe de Terry, o que de fato aconteceu? E, se tudo o que todos sabiam, era a verdade, a questão principal era, como ele conseguiu derrotar Voldemort? Principalmente, quando nas muitas vezes em que Duda e seus amigos lhe bateram, sua magia não agira para defendê-lo.
— Essas são boas questões Terry e não tinham me ocorrido ainda porque, na verdade, tudo tem sido tão surpreendente desde que recebi minha carta. Estou muito empolgado de ir para Hogwarts e deixar a casa dos meus parentes. Sua família é toda bruxa? — Perguntou, imaginando que Terry vinha de uma família bruxa igual à do menino na loja de roupas do Beco. — Você já deve saber muita mágica.
Terry sorriu, felizmente percebendo que não ofendera Harry por seu comentário.
— Bem, meus pais são bruxos e meus dois irmãos mais novos também. Como disse antes, minha mãe é uma Ravenclaw e meu pai um Gryffindor, mas, minha mãe é nascida trouxa, assim, tenho todo um conjunto de parentes que não tem magia. Meus avós e um tio e uma tia, irmãos de minha mãe, além de seu cônjuges e filhos, meus primos. Por parte do meu pai todos são bruxos, ainda que apenas meus avós sejam vivos, meu pai tinha uma irmã, mas ela morreu na guerra, foi assassinada por comensais da morte. — Explicou Terry objetivamente. — Quanto a saber magia, sei muito da teoria, minha mãe é professora e muito estudiosa, ela fez questão de me enviar para a escola trouxa e, em casa, ensina sobre magia, você sabe, teoria mágica, história da magia e poções. Papai nos ensina um pouco de política e leis, já que ele é um advogado, mas, não tem como fazer magia prática, afinal, só pegamos nossa varinha depois que recebemos a carta de Hogwarts. Eu tentei algumas coisas e, depois de ler meus livros do primeiro ano, até consegui alguns feitiços, mas, apenas coisas simples, sabe.
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Harry, - Corvinal
AventuraO que aconteceria se, em sua primeira viagem para Hogwarts, Harry se sentasse com alguém diferente, alguém mais inteligente e inquisitivo, com conhecimento e sensibilidade para perceber e questionar tudo o que não faz sentido. E se isso levasse o Ha...