CAPÍTULO 87 - Conselhos e os Justos

709 31 14
                                    


Sirius soube que algo estava errado antes mesmo que eles ficassem sozinhos. Depois de uma semana especial com seu afilhado, que incluiu a captura de Peter e um fim de semana incrível com a família e bons amigos, Sirius não estava esperando problemas. Muito menos com a sua agora oficialmente e muito gostosa namorada.

No entanto, o fim do domingo trouxe uma distância e frieza que Sirius identificou, apesar da sua parca experiência com relacionamentos, como aquele momento da relação em que o homem fez uma grande bobagem, mas não tem ideia do que.

Lily era a rainha do silêncio gélido e James costumava rastejar implorando para saber o que tinha feito de errado e pedindo perdão por seja lá o que fosse. Então, depois de algum tempo de punição fria, Lily se tornava um vulcão de fúria e despejava toda a sua raiva e indignação pelas ações de James que a magoaram. Felizmente, sua raiva nunca durava mais do que alguns momentos, James apenas tinha que se desculpar, reconhecer o seu erro, prometer que jamais faria outra vez e tudo ficava bem outra vez.

Sirius nunca viu o seu amigo argumentar de volta, discutir ou tentar dizer que não errara e isso sempre o desconcertara. Fora Fleamont quem lhe explicara que na hora da raiva de uma das partes do casal, o outro deveria apenas se desculpar e tentar conversar depois, quando a raiva passasse ou então a briga explodiria sem controle, palavras cruéis seriam trocadas, um magoaria o outro, nada seria resolvido e, no fim, o casal mal se lembraria do que exatamente iniciou a discussão.

No caso de Denver, pelo que Sirius já tinha aprendido sobre ela, ele sabia que não haveria silêncios longos e gélidos. O que a impedia de falar o que a incomodava era a presença de dezenas de pessoas a volta deles. Ele também sabia que não haveria uma explosão vulcânica furiosa e breve. Não, não, Denver exporia o que a atormentava assim que ficassem sozinhos, mas com frieza e precisão, nada de raiva quente, nada de emoções descontroladas. Ainda assim e talvez por isso, a conversa deles seria muito difícil, pois ela não era o tipo de mulher que se acalmaria com um pedido de desculpas que tinha a intenção de amenizar o clima, mais do que reconhecer um erro. E, sinceramente, Sirius não era James e nunca entendeu completamente essa maneira estranha do amigo e seu pai de lidarem com suas mulheres. Particularmente, Sirius gostava de uma boa discussão, principalmente se terminasse em uma transa quente depois, e ele não tinha paciência para aceitar calado as acusações injustas.

Assim, depois da assinatura do Tratado e a emocionante chegada dos lobisomens, o grupo voltou para Londres e as crianças foram enviadas para a cama, pois estavam exaustas e teriam que acordar cedo no dia seguinte. Sirius planejava ir com os Boots levar parte das crianças a plataforma nove e três quartos, mas concordou em ir para o apartamento de Denver depois que ela disse que não passaria a noite na Mansão Boot.

— Amanhã tenho que ir cedo para o trabalho e é mais prático dormir em meu próprio lugar. — Ela disse com expressão distante.

— Por mim tudo bem, posso dormir lá e volto de manhã para acompanhá-los a King Cross e me despedir do Harry. — Disse Sirius e viu a sua expressão se fechar, o que o fez refletir que era mais do que provável que ele acabaria dormindo na mansão naquela noite.

Assim que eles entraram no apartamento, Sirius esperou por suas palavras e não se decepcionou.

— Temos que conversar. — Ela disse tentando aparentar indiferença.

— Eu imagino que sim. — Sirius disse suavemente e como ela, foi direto ao ponto. — Algo aconteceu?

Denver tinha planejado quase o dia todo o que dizer, sua intenção era falar sobre o uso do seu apelido infantil, que ela detestava que ele usasse displicentemente. Também queria falar sobre as questões dos sobrenomes e como ela não queria mudar o seu sobrenome e, que se Sirius estivesse pretendendo adotar uma criança, ela não se sentia pronta para ser mãe. Não agora, talvez nunca. Mas quando ela abriu a boca para falar, a primeira coisa que saiu foi algo que ela decidiu que não se rebaixaria em mencionar.

Harry, - CorvinalOnde histórias criam vida. Descubra agora