CAPÍTULO 67 - Um dia de cada vez

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Para Ginny Weasley, a semana que se seguiu foi a mais angustiante de toda a sua vida. Na segunda-feira, ela tentou se manter à tona, não ter uma crise nervosa e escolheu não deixar o seu quarto. Um sentimento rançoso e aterrorizante a envolveu e lhe deixou o estômago embrulhado e a boca amarga. A culpa se misturou com o terror e ela se enfiou sob as cobertas, tremendo descontroladamente, pois tinha certeza que, a qualquer momento, os aurores invadiriam seu quarto e a arrastariam para Azkaban.

Na terça-feira, as aulas voltaram e Ginny caminhou junto com Abla e Demelza. Agarradas e apavoradas, ela deixou suas amigas acreditarem que seu medo era apenas do basilisco. Mas, a verdade era que, a cada pequeno som mais alto ou a cada vez que se deparava com um dos aurores, em algum ponto do castelo, Ginny saltava ou empalidecia de puro terror. Dormir e comer se tornou impossível e, rapidamente, ela se tornou menor, magra demais, sua pela quase translúcida e suas sardas ficaram mais destacada em seu rosto fino. As olheiras eram evidências dos pesadelos aterrorizantes que a agarravam todas as noites como garras dolorosas de culpa, medo e solidão.

Na quarta-feira, finalmente, a Prof.ª Vector percebeu o seu estado, que poderia ser considerado normal diante dos acontecimentos, afinal, muitos alunos foram enviados para a Madame Pomfrey para uma poção calmante. No entanto, os grandes olhos castanhos de Ginny estavam por demais angustiados e tristes, assim, Vector foi procurá-la em seu quarto, onde Ginny tendia a se trancar depois das aulas.

— Você não está se alimentando ou dormindo, tem algo mais acontecendo além do medo normal do basilisco? — Perguntou ela suavemente.

Ginny abriu a boca para responder que estava tudo bem, mas, nenhum som saiu. Tremendo, ela soluçou e se encolheu em si mesma se abraçando.

— Ginny, o que.... Aqui, querida, estou sempre carregando um para emergências nos dias de hoje. Beba a poção. — Vector lhe estendeu o vidro e a ajudou a beber.

Imediatamente, um embotamento não natural e estranho a envolveu e Ginny sentiu a angústia, o medo e a culpa, flutuarem para longe.

— Pronto. Isso te ajudará um pouco e, se quiser uma poção de sono sem sonhos para essa noite, deixarei aqui no seu criado mudo. — Vector disse colocando outro vidro no lugar mencionado. — Agora, me conte o que mais a está incomodando?

Ginny a olhou por traz do falso véu de calma que anuviava seus sentimentos, mas, que lhe permitiram se lembrar do porquê, ela decidiu não contar para ninguém. Vector era gentil e firme, passava uma confiança e segurança que faziam Ginny gostar muito dela, mas, algo, uma intuição que parecia vir de sua alma, de sua magia, lhe dizia que, por mais delicada e justa que fosse, Vector não podia protegê-la de ser expulsa ou presa.

— Eu tenho tido pesadelos com Luna e Colin, que estou com eles, mas, não consigo salvá-los e.... também, meu estômago se embrulha quando vou comer... — Disse ela suave e calmamente.

— Ok. Claro, você teve dois amigos petrificados e agora, a Srta. Granger, com quem também devia ter contato. Os pesadelos são normais e a angústia ou medo podem tirar o apetite. — Vector disse gentilmente. — Amanhã pela manhã, antes das aulas, quero que vá a Madame Pomfrey e ela lhe ajudará com algumas poções, talvez, algumas vitaminas. Você precisa se alimentar e dormir para ficar forte, Ginny, assim pode enfrentar o que vier.

Ginny concordou e, depois que Vector saiu, pensou em suas palavras. Forte para enfrentar o que vier. Era isso o que precisava, decidiu, ser forte, mentalmente e fisicamente, para poder fazer o que tinha se proposto a fazer. Ficar sem comer e dormir, trancada em seu quarto com um rato assustado não ajudaria em nada! Tinha que comer bem, ficar forte, parar de choramingo, não adiantava ficar se culpando pelo que aconteceu com Colin, Luna e os outros! O que tinha que fazer era encontrar o diário e destruí-lo, assim, compensaria um pouco o que tinha causado. Mas, para isso, pensou, teria que deixar o quarto e andar pela escola, pela Torre e não teria medo porque, se os aurores não a prenderam até agora, era porque não sabiam de nada.

Harry, - CorvinalOnde histórias criam vida. Descubra agora