CAPÍTULO 77 - Além da Superfície

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A primeira noite de Adam depois do sequestro foi de grande alegria e alívio. Temendo um pesadelo e querendo que ele descansasse muito bem depois do sofrimento e exaustão física que vivenciou, Serafina lhe deu uma dose suave de poção do sono sem sonhos.

Pela manhã, toda a família estava presente, com exceção de Harry, Terry e Sirius. Os filhos de Martin e Elizabeth, além do garotinho de Miriam e Chester, foram buscados em Londres e cercaram o primo de amor, abraços e beijos, além de muitas brincadeiras e risos.

Apesar de feliz, Adam teve momentos de reflexão e distração, às vezes, seu olhar se tornava distante ou triste, assombrado por uma lembrança que não queria compartilhar, mesmo se pudesse. Ele não queria falar do filhotinho para ninguém ou pensar em como o pequeno morreu, mas também não queria esquecê-lo e sua mente ficou confusa sobre isso.

Adam passou uma hora com seu tio Martin, conversando sobre o que ele quisesse, além de desenhar, pintar e escrever. Adam não entendia que tipo de conversa era essa, já que ele não tinha mais voz, mas achou divertido. Não ter voz era muito frustrante, mas em alguns momentos do dia, Adam pensou que não era tão ruim, pois ele não queria responder algumas perguntas difíceis. Seus pais queriam saber o que aconteceu durante o tempo em que o homem mal o levou para longe. Adam apenas deu de ombros e escreveu no papel que não aconteceu nada ruim, pois o homem mau foi embora e, então, ele não estava mais sozinho ou com medo, pois Galon apareceu, depois, Harry chegou e Remus o levou para casa. Ainda assim, seus pais sussurraram preocupados com seu tio Martin e Adam entendeu que o seu tio lhes disse para serem pacientes, pois ele, Adam, não estava pronto para falar.

Ele, Adam, decidiu ignorar isso e fingir que não entendeu o que eles queriam, pois ele não queria contar sobre o filhotinho. Ainda assim, Adam gostou de desenhar com seu tio Martin e gostou ainda mais que ele não ficou lhe enchendo de perguntas e mais perguntas. Seu tio Martin disse que eles se encontrariam 2 vezes por semana para conversarem sobre o que ele quisesse e Adam achou isso legal.

Então, naquela noite, sua família estendida voltou para suas casas e apenas vovô Bunmi e vovó Shawanna decidiram ficar por mais alguns dias. Adam foi para a cama com muitos beijos, abraços de boa noite e sua mãe lhe contou uma história. Cansado, depois de um dia de brincadeiras com os primos, Adam dormiu rapidamente e sem poções desta vez. Por isso, Serafina e Falc não se surpreenderam quando acordaram no meio da noite com gritos altos e aterrorizados que ecoaram pelo Chalé, enchendo de terror a todos.

— AHHHHHHH!!! — Adam, preso em seu pesadelo gritou, ao ver o homem mal machucando o seu priminho, Chester Jr. O garotinho estava sem a cabeça e o homem mal lhe oferecia uma mordida antes dele mesmo morder o bracinho pequeno e arrancar um pedaço. — AHHHHHHH!!! AHHHHHH!!! — O berros se tornaram mais altos, sem palavras, apenas o terror paralisante da visão terrível.

— Adam! Acorde! Filho! Por favor! Acorde! — As palavras vieram de longe e, finalmente o alcançaram, lhe tirando do pesadelo.

Adam se debatia de um lado para o outro e seu pai o segurava para não se machucar e falava com ele para que o reconhecesse.

— Tudo bem, é só um pesadelo, Adam. Papai está aqui...

Acordado, Adam olhou em volta sentindo um imenso alívio ao perceber que não estava amarrado na árvore, naquela clareira fria. Ele estava em casa e seu pai o abraçava, sua mãe segurava e beijava suas mãos e sussurrava que estava tudo bem. Ayana também estava no quarto, chorando baixinho e muito pálida, sua avó a abraçava pelos ombros e seu avô Bunmi apertava as duas mãos, como se fizesse uma prece.

Então, ele se lembrou do sonho horrível e tentou falar, mas, sua voz ainda estava sumida. Aflito, Adam agitou as mãos freneticamente, no entanto, seus pais o entenderam apenas quando ele escreveu no papel e insistiu em ir ver se Chester Jr. estava bem. Assim, Ayana ficou com os avós e Adam, Serafina e Falc, aparataram as três da manhã na mansão de Miriam e Chester em Londres e os acordaram, para que assim, Adam visse o priminho dormindo tranquilo, seguro e inteiro.

Harry, - CorvinalOnde histórias criam vida. Descubra agora