† CAPÍTULO 01

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Atualmente, Caxias 📍

Gabriel Andrade| Vulgo Gringo

Eu ainda não sou feliz.
Pensei que depois que eu tivesse tudo que queria, talvez fosse feliz, ficasse em paz.
O foda é que não existe essa tal paz quando se tá aqui.

Aqui é o crime, ou tu é ou não é.
E agora acho que sou como eles.

— Salve Caxias! —  Como ele.

Agora... Agora tô tentando achar o filho da puta do Victor, que deu perdido e me deixou sozinho no baile. O Cara chama os outros e some, pó, e ainda quer tá certo um vacilão desse.

Quando finalmente acho ele entendo o porque do sumiço; mulher.

Sabe o que é foda também? Ter uma penca de gente que namora e tu ser o único que sobrevive de ficada. Não que eu queira namorar, tá ligado? Aqui só tem mulher interesseira e eu tenho meus esquemas.

Tô tipo foda-se! Sou barril sozinho, pra que mais?

Mas — sempre tem um mas — , tem horas que bate um sentimento mó estranho, me sinto sozinho mesmo cercado de gente, como agora.

O som tá alto pra caralho e a maioria do povo tá dançando. Tem muita gente armada, muito bêbados largado pelo chão. 

Do início ao fim tu vê o povo exibir roupa de marca e motos caras demais pra ser paga com um salário mensal.

Olho em direção ao palco e vejo Escorpião com um grupo de Maria fuzil, reviro os olhos e acendo um cigarro.

Já ia meter o pé até, mas noto uma mina de black em um poste e não vou negar não, pó, chama minha atenção.
Sem ideia, quando bato o olho assim.

Ela não é estranha.

— Ô Rato, — Victor deixa o copo de lado e me encara. — Diz aí, aquela morena é nova, é?

Rato estreita os olhos vermelhos e vira a garrafa de vodca no gargalo.

— Caralho, sei não. — me encarou.

Solto a fumaça, inclino a cabeça pra trás e agora consigo ver ela de perto.

Encaro mesmo e ela não cede desviar o olhar também, é das minhas.

Sorri com o cigarro entre os dentes.

Eu tô ligado que isso pode ser arte dos caras do Vale, mas tô pouco me fodendo.

A mina vira o rosto, continua a andar e antes mesmo que eu consiga falar as paradas, ouço a batida de hip hop.
Tem como resistir não.

Faz uma cota que não danço mais, parei de dançar depois do tráfico e papo reto, é só disso que sinto falta.

— Eu que ensinei. — Victor grita, assobiando na roda.

Ô pra aí, o muleque não sabe nem fazer um giro, imagine dançar!

Tava distraído curtindo minha onda, que só quando olho pra frente noto ela me olhando de novo.

— Colfoi, tá admirando a vista?

A menina ri e que sorriso, mermão.

— É aquele ditado, né: Coisas bonitas tem que ser vista.

Ih, alá!

— Chega aí, pó, vai ficar só olhando?

— Tô só de passagem, mas já que insiste...

Né que ela é boa?

— Curte Hip hop?

A morena concorda.

— E a propósito, — diz — parabéns, você é bom.

Passo a mão na cabeça.

— Tu tá de parabéns todo santo dia.

Ela vira cabeça pro lado e ri.

— Tenho que ir.—  sorri amarelado. — A gente se vê, ser pá.

Seguro o braço dela.

— Qualé, ir pra onde, pó?

Nem consigo falar mais, a mina corre que nem um foguete e some.

— Se liga, Gringo, quem é a mina?

Victor brota do meu lado do nada com a cara feia dele.

—  Irineu, você não sabe, muito menos.

Saco na hora que não vai demorar para nós se bater por aí.

OPOSTO$  [Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora