Chis, Se você quiser
"Se você quiser
A gente acorda antes do sol nascer
Com você, mulher
Eu decidi que eu quero viver…"Gabriel Andrade | Vulgo Gringo
— Pó, não entendendo mais porra nenhuma. — Cruzo os braços. — Tu tá falando do que?
Já tô bolado, sem ideia. Dou moral pacas com a mina e ela paga de maluca.
— Cínico, cara… — Ela aponta o dedo.
— Caralho, véi, o que eu fiz?!
Sol levanta o dedo e mostra um anel e não é qualquer anel, é um igual do Nicolas. Mas não pode ser dele.
O Nicolas tá morto.
— Onde tu achou isso? — Olho pra ela.
— E isso tem o que a ver?
Começo a rir, quando entendo a merda que ela tá pensando.
— Seu mal é esse, você leva tudo na esportiva… nem sei pra que tô aqui desperdiçado meu tempo.
— Tu tá entendo tudo errado.
Ela continua com os braços cruzados.
— Me explica então.
— Tu acha que sou moleque, é? Tive que ver uns bagui do trabalho. Eu falei na mensagem, pó.
— Mas não falou que tinha mulher.
— Se eu não tenho, maluca! Puta que pariu, vai ficar nessa?
Os vida dos outros começa a olhar pra gente e já dá vontade de perguntar da qualé. Meto bala sem dó!
— O povo tá olhando.
— Ninguém liga, porra.
— Eu ligo, vai que tua mulher aparece e cisma comigo?
Dessa vez ela sorri.
— Até parece que você ia ficar com medo, do jeito que tu saiu no pau com a Lumena.
— Não brigo por causa de homem não, — olho pra ela — Daquela vez foi diferente, ela me xingou de vadia. Aposto que se alguém te xingasse, tu ia fazer a mesma coisa ou pior.
Gargalho e começo andar, puxo ela atrás de mim.
— Tá indo pra onde?
Ajudo ela a descer a escada de pedra; poucos sabem que essa escada serve como atalho e em pouco tempo já tamo na praia.
Eu queria aproveitar um pouco aqui, mas Sol começa a falar do que eu não queria.
— Por que você entrou nisso?
Tanto assunto e logo esse, namoral? É só da intimidade.
Dou risada e nego. Falar disso pra que? Não muda nada.
— Dinheiro. Poder. Mulheres... — ela revira do olhos.
A praia tá vazia, a não ser por nós dois, a moça do pastel e um homem feio que tá mais afastado.
Daqui dá até pra ver o morro.
— Sabe o que eu acho? Que tem mais coisa...
— Não quero falar disso não — digo, sério.
— Mas...
— Não, pó, esquece.
Sol assente, pega o pastel na mão da moça, espera eu pegar o meu e o refrigerante. Andamos até se aproximar mais da água.
Amo o cheiro de maresia.
— E tu? O que você quer fazer?
— Sei lá. — Ela dá de ombros, se sentando do meu lado na areia.
Nem ela mesmo sabe o quer, malucona mesmo.
Mas é só isso que nós tem em comum.
— Queria fazer alguma coisa útil. — diz. — Mudar alguma coisa, por mais insignificante que seja, sacas?
— Caô, tipo o que?
— Ir além do morro... É bobeira, tô ligada, mas sei lá.
Pra uns pode ser sim, mas só quem sonha consegue entender a parada.
Deixa eu mandar um papo: Sonhar não é errado, o errado é não sonhar quando é só isso que se tem.
— Construir uma família.
— Jaé, nisso eu posso ajudar. — Digo e ela sorri.
Sol se levanta, tira o chinelo e anda um pouco na areia, fico encarando ela por um tempo e quando ela repara dá um sorriso torto.
— Não tô falando isso porque gosto de você não, convencido.
Coloco a mão no peito.
— Pegou pesado, caralho.
— Mas é sério, pó.
— Tu acha que tô brincando? — Levanto a sobrancelha. — Dois moleque correndo pela casa batendo um baba ou se não uma guria.
Não sei que diabos ela tá pensando, mas tá me encarando com uma cara de psicopata, bicho.
— Diz aí, o que é isso que a gente tem?
Coço a cabeça.
— Não quero te magoar, tá ligado? Não vou prometer uma parada que sei que num vô cumprir.
Ela assente.
— Tô sendo limpo, se ligou? Papo reto mesmo.
— Eu sei... — sorri — Foi bom te ver dançando.
Sorrio de lado, ajeitando meu boné.
Queria que ela tivesse me conhecido antes, pó, que pudesse ver mais daquele cara que viu na quadra.
O foda é que não sou mais aquele muleque.
— Pensei que nunca mais fosse te ver. — Confesso de boas.
— Privilégios.
Suspendo a sobrancelha.
— Sério? — tiro a mão no bolso — Fala assim não, pó, vou ficar com medo de não te ver mais. Mó Mal.
— A gente mora na mesma casa, cara. Larga de ser dramático.
Dou risada.
— Colê, ficou puta não, né? — pergunto, subindo a escada.
— Fica sussa, pó. Sou louca não, sei que você foi sincero.
Abro a boca pra falar, mas ela coloca a mão no meu rosto do nada, fi...
Feiticeira do caralho.
Já falei dos olhos dela? Não? Deixa eu só falar que é um cor de mel, que tu tá doido!— Foi bom te ver de novo.
Tô prestes a desenrolar a parada, mas do nada alguém começa a gritar muito perto da gente.
Mesmo longe pra caralho, consigo ver alguém caído.
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OPOSTO$ [Vol.1]
عاطفية|LIVRO 01| EM REVISÃO Eu queria ter um futuro, mas já não sabia sequer se ia sobreviver por mais algumas horas, minutos ou segundos. Vivíamos em uma Roleta Russa, cuja a vítima poderia ser qualquer um e a qualquer hora. Mas eu queria que minh...