COMBO 1/4
Poesia acústica 06, parte Azzi
"Vou descer, vou dançar, esquecer, do meu próprio valor..."Sol Santiago
- Não tô afim não. - cubro meu rosto com o travesseiro.
- Vamo, pó, larga mão de ser chata.
Dayane me puxa da cama.
- Bora, rapariga, tu não manda em si mesma. - Eve me empurra pro banheiro.
É isso, fui obrigada mesmo.
Quando desço as escadas os três estão me olhando com cara de besta. Eu hein...- Amiga, tu tem que me dar um pouco dessa sua bunda. - Eve fala e eu dou risada.
A quadra tá mais cheia que a última vez. O povo começa a olhar a gente.
Celebridades da favela.
- Sol arrasando. - Dayane brinca, tirando o capacete.Reviro os olhos e sigo eles pela muvuca de homens armados até o dente. Tombo em um cara de fuzil e ele me lança um sorriso.
Gatinho.
O cheiro de droga é tanto que acho que tô drogada só pela fumaça, namoral.- Se liga, é disso que eu gosto! - Victor grita.
- NÃO VOU PERDOAR PORQUÊ NÓS É BANDIDO MAU...
Olho em volta procurando Gabriel, mas não acho ele em lugar nenhum.
- Aê, vou chegar no Bruno, já volto. - Dayane avisa.Sou tão cega que só agora vejo. Ele está no camarote com uma morena, que tá sentada no colo dele na mó intimidade.
A mulher fala algo e ele ri.
Escroto. Ai que ódio!- BANDIDO MAU - Victor dança e chega mais perto de mim.
Me encara antes de seguir meu olhar.- Quer meter o pé?
Olho pra ele e dou uma risada amarga.
- Claro que não, pago de emocionada não, bê. Vim pra curtir.
E é a verdade, vim pra esquecer dos meus problemas e assim será!
Peço uma vodca e começo a dançar no meio das mulheres. Música acaba, música começa e bebida pra dentro.
Dá em nada isso, nem bebendo esqueço.
- Ei. - Uma mulher de cabelo curto me chama.
Olho para ela, mas continuo dançando de boas.
- Qual a tua com o Gringo? Vocês tem o quê?
Ih, a oferenda se acha importante, é mole?
Caralho, acho que a essa altura minha risada já soa estranhamente histérica, porque a mulher abre um olhão.
- Coé, e tu é o que, mulher dele? - Dou as costas à mulher. - Se quer tanto saber, pergunte a ele mesmo, flor.
Aponto pro camarote, bem debochada mesmo.
- Tá lá em cima com uma nega de trança.
Volto a dançar, distraída pra ouvir a resposta da mulher, canso e me sento perto do bar.
- Cansou, foi?
Ouço a voz de Vinícius e sorrio.
- Um pouco. - Dou risada e faço toque com ele. - Eai, cara.
Vinícius deixa o rádio de lado pra me encarar.
- Falou com seu filho?
Ele nega, sério.
- O filho da puta não quis falar comigo não - mordeu o lábio. - O moleque só tem seis anos, mas tem um gênio forte pra caralho.
- Teve a quem puxar.
Ele ri e chega mais perto, fica me encarando mó sério.
- Nunca te vi beber assim, colfoi?
Balanço a cabeça.
- Muita coisa na cabeça.
- Eu não preciso de motivo pra beber. - ele pega um copo. - Vamo esquecer da porra do mundo.
Olho pro camarote no mesmo momento que Gabriel sai do quartinho com três mulheres. Assim que me vê ele faz cara feia.
Dou risada e levanto meu copo pra encher com mais vodca.- Quero tua ajuda com uma parada e pá...
- Diz aí.
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OPOSTO$ [Vol.1]
Romance|LIVRO 01| EM REVISÃO Eu queria ter um futuro, mas já não sabia sequer se ia sobreviver por mais algumas horas, minutos ou segundos. Vivíamos em uma Roleta Russa, cuja a vítima poderia ser qualquer um e a qualquer hora. Mas eu queria que minh...