Três semanas depois
Sol SantiagoLevanto a cabeça para sentir o sol no rosto.
Faz tempo que não pego um bronze.É difícil imaginar que minha vida mudou tanto em meses, cara, as vezes parece que vivo em um filme. Nada parece real.
- Colfoi, tá pensando na morte da bezerra? - ele aparece.
- Sai da frente do sol, porra. - ele se abaixa, colocando as mãos na minha perna. - O que foi?
- Tô admirando. Eu namoro uma gostosa.
Dou risada, jogando a cabeça pra trás.
- Quem disse que a gente namora, lindo? - faço bico.
Ele faz cara de ofendido.
- Só falta tu dizer sim, linda.
Conserto meu óculos no black.
- Assim, não pretendo dizer sim. Tô longe de compromisso e você disse o mesmo.
Vinícius pega areia e joga em mim.
- Para, maluco. - dou risada enquanto ele me carrega até a água, passando pelo filho dele. - Vinícius!
Hugo deixa o castelo de areia de lado quando vê a gente passar.
- Papai?
- Vinícius, seu desgraçado. Eu vou te matar!
- Desse tamanho? Tu não mata nem uma formiga, Sol.
Vinícius igora ele e me joga no mar.
- Sua peste!
Vejo ele conversando com Hugo, que olha pro mar preocupado.
Começo a fingir que tô me afogando e Vinícius abre mó olhão.
- Sol, caralho. - ele me pega no colo. - Tá me vendo, pô? Sol.
Abro os olhos, rindo e empurrando a cabeça dele na água.
- Tão bonitinho ele preocupadinho, gente.
- Miserável você, viu. - ele me pega no colo. - Obrigada.
Olho para ele sem entender.
- Pelo que?
- Qual é, por ter entrando na nossa vida. - ele olha pra areia e eu faço o mesmo. Hugo tá brincando com o menino que conheceu a pouco tempo. - Tu não faz ideia do bem que tu me faz, pô.
Solto a respiração.
- Eu não quero namorar e nada, tá ligado? Mas se tu quiser, eu subo numa igreja contigo agora. É só falar que eu vou, Sol. Papo reto, eu te amo pra caralho.
Passo a mão no rosto dele, arrumando a sombrancelha.
Como não gostar de alguém assim, cara?
Junto nossos lábios e beijo ele. O beijo dele é diferente, mas isso é o que mais me atraí. Sinto que todos os problemas ficam pra trás quando ele tá por perto.
Ele sobe a mãos pelas minhas costas, me causando arrepio.
- Me promete uma coisa. - Peço, com a boca perto da dele.
- Manda.
Olho nos olhos dele.
- Promete que não vai me deixar. - Junto minha testa na dele. - Promete pra mim.
Meu coração dói só de pensar.
- Colê, a gente vai casar, pô.
- Pare de graça, véi.
Vinícius puxa a mão e levanta o dedinho.- É uma promessa, namoral. Eu vou ser o homem que vai te fazer a pessoa mais feliz desse mundo, caralho.
Junto meu dedo no dele, em seguida beijo seu rosto todo.
- Ei, Sol! Vem brincar comigo. - Hugo manda e eu e Vinícius saímos de mão dadas até a areia.
•••
Gabriel Andrade | Vulgo Gringo
Namoral, eu sentia ele pedir minha ajuda, eu podia ver o desespero na voz, mas eu não fiz nada pra ajudar.
Ele tava ali, cara, como eu podia ser tão inútil?
Quando cheguei perto finalmente, Neto me olhou com cara de nojo, de raiva, e começou a gritar que a culpa era minha, pô.
Tinha sido um otário e foi isso que acabou resultando na morte dele,
Ele apontou o dedo pra mim e gritou mais uma vez por, até que por fim, puxou uma arma e apontou.
Não deu tempo me aproximar, ele já tinha atirado.
Acordo assustado, cara, gritando feito um louco.
- O que foi? - Sol levanta do sofá, assustada e vem correndo na minha direção. - Gabriel, cê tá bem? O que houve?
Olho pra minha mão e percebo que tô tremendo, slc, pô. Sinto uma falta de ar me invadir, uma parada louca mesmo.
Os pesadelos vem me atormentando, mas parece que cada dia piora mais.
- O que tu tá fazendo aqui, Sol?
Olho em volta e percebo que tô no quarto conhecido. Puta que pariu, eu tô na casa da Lumena.
Lumena aparece na porta do quarto segurando um copo de água.
- Eu chamei ela. - ela me dá o copo de água.
Lumena desvia o olhar pra janela.
- Para de me tratar assim, porra. Tô tentando te ajudar.
- Colê, não pedi tua ajuda não.
- Tô nem ai, vou te ajudar mesmo assim, seu ignorante de merda. - Sol rebate e percebo que ela tá de biquíni. - O que tá pegando contigo, cara?
Passo a mão no rosto, sentindo minha cabeça girar.
O que tá pegando comigo, porra?
- Papo reto, tu não devia tá aqui.
- Faz um favor? Cala o caralho da boca. - Olho feio pra ela.
- Onde ele tava? - ela pergunta a Lumena.
- O maluco tava jogado na frente da quadra, perdeu a postura legal.
- Tentei ligar pra Maria, mas ela não tá em casa.
Olho pra Sol, bolado.
- Esquece a Maria.
Ela se assusta.
- Ela tá no cemitério. - Lumrna me encara. - Hoje é o aniversário de morte do Neto.
Sol fica calada, entendendo.
- Precisa parar com isso, Gringo. Cê sabe que vai acabar se matando se continuar assim.
Lumena sai do quarto.
- Tu não tem nada a ver com minha vida, Sol. Se manca. - Digo, com raiva. - Eu nem sei por que tu tá aqui.
E é verdade, pensei que ela não quisesse mais me ver nem pintado de ouro, e olha só ela aqui, se preocupando legal comigo.
A mina é boa demais pra mim, meu parceiro.
- Você tá certo, eu não tenho nada a ver com sua vida não. Mas eu me importo com você.
- Tô ligado dessas fitas, mas não devia não.
- Pois é... Infelizmente não sei como mudar isso. - o celular dela vibra e ela levanta. - Mas essa é a última vez, Gringo.
Fico calado, vendo ela ir em direção a porta.
- Fica bem aí.
Toda vez que vejo ela indo embora, percebo que tomei a decisão mais certa da vida.
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OPOSTO$ [Vol.1]
Romantik|LIVRO 01| EM REVISÃO Eu queria ter um futuro, mas já não sabia sequer se ia sobreviver por mais algumas horas, minutos ou segundos. Vivíamos em uma Roleta Russa, cuja a vítima poderia ser qualquer um e a qualquer hora. Mas eu queria que minh...