Sol Santiago
Gabriel demora um pouco pra me responder.
- Se liga, não tô a fim de papo, Sol.
- Quem disse que quero conversar? Só quero que você abra a porta.
A voz dele fica mais perto.
- Quero ajuda não.- Murmura.
Fico em silêncio e ele também.
Como é que vou ajudar se ele não quer ajuda? Aí é foda.
- De qualquer jeito como tu vai me ajudar? - ele ri, quase histérico. - Você não sabe de nada..
- Gabriel...
- Só vai embora, Vaza!
Nego com a cabeça e desço as escadas, Victor ainda tá sentado no sofá, mexendo no celular.
- Tá olhando o que? - pergunto a uma menina que tá me olhado desde que a gente chegou e ela desvia o olhar.
Victor dá risada.
Povo abusado, pó, não tenho paciência!- Qualé a do Gabriel?
Victor me entrega o pastel, pega o dele e dois refrigerantes de laranja. Escolhemos a mesa mais afastada dos fofoqueiros de platão.
Te falar viu, esse povo não tem o que fazer!
- Droga no cú, pó. - olho pra ele. - Quem vende nem devia usar, mas nós usa, tá ligado?
Balanço a cabeça.
- Mas Gabriel abusa da parada, fica achando que é o Batman.
Queria falar que é exagero do Victor, mas pó, sempre que tombo com Gabriel ele tá usando alguma merda.
- O maluco sabe que não pode, por causa das paradas que tem lá.
Victor faz cara de cansado.
- As vezes as crises são suave, mas um dia desses aí ele ficou lá internado quase quatro dias, pó. Mesmo assim fica pagando de otário.
Ele morde o pastel.
- Já tô cansado de falar com ele já, ali só aprende quando se fuder.
Eu ia subir só para pegar meu celular, mas paro quando vejo Gabriel de papo com uma loira metida.
Mermão, dá pra ouvir daqui ela berrando.
Ela fala mais alto ainda ao notar minha presença.
- Então é por essa aí que tu me trocou? - A loira me olha de cima a baixo. - Não nego que ela é até bonitinha, mas uma princesa que nem eu, bebê.
Junto minhas sobrancelhas.
Sério que é comigo isso? Bonitinha?- Bonitinha? - Dou risada. - Querida eu sou linda.
A mulher ri.
- Não se acha muito não, fia, ele vai te trocar na primeira oportunidade. - ela faz um movimento abrangente. - Vê se não se ilude.
- A única iludida que tô vendo aqui é você, que tá pagando de emocionada, fi.
Olho para Gabriel e balanço a cabeça. Que nível meus amigos! Que nível!
- Quem é a loira? - Pergunto a Victor.
- Peguete de Gabriel. - responde, bebendo o refrigerante no gargalo.
E eu nem disse o nome da kenga, viu.
- Mas fica flex, ele só pega ela.
Dou de ombros.
Victor quase infarta quando uma moto para do lado dele.
- Que susto, disgraça feia.
- Tá assustado, ladrão?
Bruno desce da moto e puxa uma cadeira.
Alegria de pobre dura pouco. A conversa tava ótima, até a tal Lumena começar a gritar feito uma louca.
Acho ridículo mulher que gosta de aparecer, ainda mais bêbada.- Olha quem tá aqui, a vadia que rouba o homem dos outros!
Vadia? Epá, vadia mesmo não, já é demais!
A essa altura todo mundo já tá olhando.
- Você falou o que?
Victor se mete na minha frente.
- Vaza, Lumena? Tá doida é?
Se liga, nunca briguei com ninguém, sabe por que? Mulher gosta de brigar e vim puxar cabelo. Comigo é no soco!
Só tava só esperando ela me dar as honras, empurro ela no chão e a mesma caí que nem uma jaca.
Um grupo de curioso se forma, mas Gabe surge no meio da confusão e dá dois tiros pra cima, fazendo a multidão se desfazer e dar espaço pra ele passar.
- QUE PORRA É ESSA?
Pelo menos dei uns tapas nela!
- Olha o que você fez!
Ela aponta para o monte de cabelo no chão.
- Ops. - coloco a mão na boca. - Pede pro teu macho comprar um mais caro da próxima vez, querida!
Mando beijo e Gabe me lança um olhar de arrepiar.
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OPOSTO$ [Vol.1]
Romance|LIVRO 01| EM REVISÃO Eu queria ter um futuro, mas já não sabia sequer se ia sobreviver por mais algumas horas, minutos ou segundos. Vivíamos em uma Roleta Russa, cuja a vítima poderia ser qualquer um e a qualquer hora. Mas eu queria que minh...