† CAPÍTULO 19

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Felipe Ret, Sonhos do cria.
"Nós gosta da paz, mas não fugimo da guerra.
Paz, justiça, liberdade
Fé nas criança da favela..."


Gabriel Andrade | Vulgo Gringo


Se tem uma parada que nós não perdoa é vagabundo que rouba na quebrada. Não tem papo não.

Aqui quem faz a lei é nós, tem os que apoia e os que não, os que acha que é maldade nossa.
Mas isso aqui no nosso meio é normal, sacas?

- Isso é pra tu aprender que aqui não é lugar pra roubar, se ligou?

Chuto a perna do muleque e ele cai.

- Colê, cara.

- Tu vai aprender a não roubar mais nessa porra.

Victor entra na casinha e Bruno entra logo atrás dele, lerdeza do caralho desses caras.

- Arranca a mão dele, quero ver o vagabundo roubar sem mão.

- Capitão gancho. - Bruno ri

Olho pro sangue no chão e me vem na cabeça o Nicolas. Bagui louco mesmo, mas forte pra caralho.
Isso fode comigo. Não consigo, nem se quer por um momento, me esquecer dele.

Me abaixo no lado do muleque e da poça de sangue que se formou.

- Qual o teu nome? - Pergunto e ele ri. - Diz logo, caralho.

- É Manuel.

Suspiro, passando a mão no rosto.

- Manuel. - Repito. - Tu vai ir embora...

- Embora um caralho!

Escorpião entra sem camisa, empunhando uma pistola, todo sorridente.
O cara que fode com a vida dos outros. Não mudou nada não, continua o mesmo filho da puta de sempre. Isso não me surpreende.

- Esse aí vai servir de exemplo nessa porra.

Nego e olho pra ele, bolado.

- Qualé Escorpião, muleque tava com fome. - Victor fala.

- E eu com isso? Porra nenhuma. - ele abaixa e bate no rosto do menino. - Ninguém que rouba no meu morro sai vivo não.

Ele se levanta e atira uma vez só, acabando com mais um. Mais um pra sua longa lista.

Victor nem diz nada, mas eu tô ligado que ele tá cheio de ódio.

- Diz aí, por que tu não disse que tava lá quando o Neto morreu? - pergunto pra ele, já do lado de fora.

E ainda finge não ouvir, pagando de maluco na minha cara. Deixa ele, a verdade uma hora aparece.

- Coé, tava lá não. - mente na cara de pau.

Tiro o anel do bolso.

- Jaé, diz aí então porque o anel dele tava na tua casa?

Ele fica em silêncio, me olhando como se não fosse nada, sínico do caralho.
Juro que se pudesse pipocava a cara dele.

- Fala, porra, porque tu tá com o anel dele?

Empurro ele contra a parede, segurando o colarinho.

- Segura tua onda. - Escorpião me empurra de volta. - Eu já disse que não sei de porra nenhuma. O anel veio com o corpo dele, depois da invasão. Eu ia te dar, mas acabei perdendo a parada.

Encaro ele, de queixo erguido mesmo. Vou pagar de otário de novo não.

- Agora pega a visão no jeito que tu fala comigo. - apontou o dedo. - Tu é o sub, mas quem manda nessa porra sou eu.

Juro que se eu descobrir que ele tem alguma coisa a ver com isso, cobro sem dó! Se ele pensa que sou o mesmo muleque de antes, tá muito enganado.

Ele não faz ideia do monstro que criou.

- Abre bem teu olho.

Alguém faz contado no rádio.

- Fala chefia, tem um informante do Ivan aqui querendo trocar ideia com tu. Um tal de Lins.

...

Gabe Freitas | Vulgo Escorpião


Entro na boca e o informante já tá sentado, cheio de pose pra quem pode morrer agora mesmo se depender de mim.

- Esse é o famoso Escorpião? - ele cruza os braços e sorri. - Coé, pó, eu esperava mais...

Tiro minha arma da cintura e atiro na alça do sofá atrás dele, o otário só falta infartar.

- Dá próxima vai ser bem no meio da tua cara. - Ando até uma cadeira e sento de frente pra ele.- Diz aí o que tu quer e vaza do meu morro.

E o desgraçado ainda ri, tá pedindo pra morrer.

- Porra, pra que isso? - ri. - Meu chefe quer a filha dele de volta. A gatinha lá, cacheada.

Dou risada e encaro ele.

- Eu mesmo vou dá o papo.

Aponto a arma pra ele.

LIGAÇÃO - 071×××

- Escorpião. Não é todo dia que recebo ligação do meu velho amigo. Número privado.

- Que bom que sabe quem é, pelo menos burro tu não é.

Ivan ri.

- Sempre tão engraçado! - reviro os olhos. - Colê, antes que tu comece a falar merda, vou mandar o papo, não quero briga, se ligou?

Tu acredita? Porque eu não boto fé em uma palavra que esse filho da puta fala.

- Só quero a minha filha.

Dessa vez sou eu que rio.

- Vou falar só uma vez, caralho, presta bem atenção. - olho pro informante. - Se acontecer alguma coisa com ela, eu juro que vou caçar tu até no inferno e te mato.

- Vai feder pra tu, Solan ...

- Tô nem aí pra puta da Solange, quero que ela tome no cú! Chega perto da minha filha de novo que tu vai conhecer o capeta mais cedo do que pensa.

Desligo o telefone, cheio de ódio. Quero ver a cabeça desse cara na minha frente.

Viro pra sair e me bato com Gabriel.

- Que porra foi essa?

OPOSTO$  [Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora