E se ninguém vai ser do bem
Bom, tentemos ser menos mal
— Favela vive
Gabriel Andrade | Vulgo Gringo
— O que tu manda?— Sem rodeios nessa porra. — ele fala — Eu quero mais vapor na barreira e na contenção quero alguns dos melhores.
Escorpião enche o copo com whisky.
— Se esses filho da puta subir, não passam do portão principal.
Sento na janela, fumando um back.
— Não vivos. — Completou Rei, o dono do alemão.
— Papo reto, num acho que isso vai resolver não. — solto a fumaça, fazendo eles olharem pra mim. — Se eles não conseguirem passar, vão subir por outras entrada. Coé, quem conhece bem o morro, sabe que tem várias, pô.
Eles me encaram, sem entender porra nenhuma. De todos aqui, tirando Rato, Boca e eu, ninguém conhece esse morro.
Rato ainda não chegou.
— Deixa de caô, Gringo, num tem como eles saber.
Dou risada, apagando o cigarro.
— Pelo visto tu tá mal informado, Rei, um dos nossos, tava de crocodilagem. — Escorpião me encara.
Rei olha em volta e sorri.
— Pelo que tô vendo aqui, já até sei quem é. Leite.
— Foi esse filho da puta mesmo. — Escorpião fala. — O desgraçado quase matou minha filha.
— Sempre disse pra tu, que aquele moleque era esparro… Mas aí, a gatinha era mesmo tua filha.
Me levanto, vendo o sorriso no rosto dele.
— Pode tirar essa sorrindo, ela tá na coleira, parceiro. Inclusive, é muito nova pra um velho que nem tu.
Rei rir, jogando a cabeça pra trás.
— Vai se foder, Gringo. Tá afim dela?
Escorpião ri, me encarando. Rato entra na sala, consertando as roupas.
— A fim? Esse aí, tá xonado.
Dou risada, negando.
— E tu tava onde, dando apoio pra irmã do morto? — ele me olha feio e eu rio, desviando o olhar.
— Mas o que tu propõe, Gringo?
— Um informante.
Rei concorda.
— O último rodou legal.
Escorpião concordou, mas pareceu ficar pensativo.
— É só colocar alguém que ninguém desconfie.
Ele sorri.
— Tranquilidade. Eu já tenho a pessoa certa pra isso aí.
Só por aí, já sei que ele vai foder a vida de alguém.
Boca e Rato me olham.
•••
Gabe Freitas | Vulgo Escorpião
O moleque tem a cara do playboy pura, impossível desconfiar.
Veio atrás de mim querendo um trabalho qualquer, só pra se afastar o máximo da família e achei que ele não daria nem pra a avião.
Me enganei legal.
— Colê tu descolou o trabalho? — Perguntou, quando a gente tava chegando no morro.
Sorrio.
— Tu vai ser meus olhos.
Ele sorri, dando de ombros.
— informante. — ele fala e ri. — Vou rodar legal.
— Só fazer o que tô falando — olho pra ele. — Mas eu quero deixar claro uma parada pra tu.
Ele me olha.
— Crocodilagem não se cria comigo.
Empurro a porta da salinha, vendo Rei conversando com Gringo, Rato e Boca.
— Como disse, nosso informante.
Dou espaço pra ele passar.
— Satisfação, Orelha. — ele diz, sorrindo. — Boca.
— Que porra tu tá fazendo aqui, Pablo?
Boca e Orelha se encaram, saco na hora quem é a irmã dele.
Tudo em família, melhor ainda.
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OPOSTO$ [Vol.1]
Romance|LIVRO 01| EM REVISÃO Eu queria ter um futuro, mas já não sabia sequer se ia sobreviver por mais algumas horas, minutos ou segundos. Vivíamos em uma Roleta Russa, cuja a vítima poderia ser qualquer um e a qualquer hora. Mas eu queria que minh...