† CAPÍTULO 16

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Deixe-me-ir, 1 Kilo
"Sou todo errado, mas tô certo que você me quer..."

Sol Santiago

- Ane piranha, cheguei! - ele grita, colocando a chave no balcão.

- Sua mãe que é piranha, Vinícius.

- Era mesmo.

A namorada de Bruno sai da cozinha do nada e abre um sorriso grandão quando me ver.

- Sol?

- Colfoi, tu já conhece ela?

Vinícius abre a geladeira e pega duas latas de cerveja.

- Ela é a mulher que vi com Bruno.- Dayane sorri, sem graça.

Vinícius gargalha.

- Se liga, ela chegou aqui surtando, dizendo que Boca tava com uma morena da bunda grande.

- Porra, Dayane. - dou risada.

- Ih, gente, eu tenho que ir. - ela beija minha testa e faz toque com Vinícius. - Não se peguem no meu sofá! É novo.

Ligo o celular e não deu nem dois pra chegar uma pá de mensagem do Gringo.

MENSAGEM - 075-86××××

075-86××× : Cê tá onde? (Áudio)
075-86××× : Tu pega a visão e responde logo porra.

Faço cara de nojo. Falso, nojento, cínico, ridículo do caralho.
Ignoro completamente o celular, dando um gole na minha latinha.

Ninguém nunca mandou em mim, não vai ser que vai começar, pó.

- Eu quero ter um filho algum dia. - digo depois que ele diz que tem um filho.

- Tu quer ter cria?

- Daqui a uns cem anos, mas quero. - sorrio e ele nega. - Mas qual o nome do teu filho?

- Sei não, quando a mãe dele falou que tava grávida eu fui um filha da puta e não quis.

A mesma coisa que fizeram comigo, pó, mas diferente dessa criança, eu não tive nem mãe, muito menos pai. Cresci com a mulher que se dizia ser minha mãe e o desgraçado do Ivan, e sempre apanhava dele, mas ela não tava nem aí pra porra nenhuma! Aí um dia ela virou as costas pra mim e pra meu irmão, como se a gente fosse dois cachorros e meteu o pé.

Só foi embora! Como se a gente fosse qualquer coisa. Fosse um lixo...

Por causa dela eu quase morri espancada pelo desgraçado do Ivan. E por causa dela eu não posso ver meu irmão mais, e isso é o que mais me dói, namoral.

Agora tô mais sozinha que nunca e eu odeio isso.

- Você... se arrepende?- gaguejo.

- Papo reto mesmo? - concordo. - Me arrependo pra caralho, tu é louco.

- Então conserta as coisas, pó.

Vinícius fica me olhando por um tempão.

- Não sei se é tão fácil assim, tá ligado?

- Tu nem tentou ainda. - olho pra cicatriz no meu braço. - Só acho que talvez você tenha a chance de mudar as coisas, sacas? Tu pode fazer muita diferença na vida dessa criança se assumir o papel de pai.

Vinícius fica pensativo.

- Falo isso por experiência própria.

- Tu tem razão nessas fita aí, mas eu não sei... - ele levanta.

- Fé!

Ele ri e eu monto na moto.

- Se tu tiver um filho vai ser uma mãe foda.

- Melhor que a minha eu espero.

Vinícius para a moto de frente a casa de Gabe, desço e tiro o capacete.

- Valeu pela carona, Viní.

- Suave. - sorri torto. - A gente se ver?

Sorrio e balanço a cabeça.

- Pode pá.

Nos despedimos e eu entro em casa, três cabeças curiosas se viram; Dayane e Bruno tão no sofá abraçados e Victor tá deitado no chão com uma almofada na cara.

- Fala seus feios.

- Qualé coisa, de feio só tem o Rato, o resto se salva. - Bruno fala e Victor levanta o dedo.

- Aê, Gringo quer falar contigo.

Olho pra cozinha e reparo sua presença.

- Coé, boa noite.

- Só se for pra você, né?

Viro as costas, mas ele puxa meu braço com uma força do caralho.

Se liga, ainda vou dar um murrão nele.

- Qualé, vai virar as costas é?

OPOSTO$  [Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora