† CAPÍTULO 57

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"Posso até não te falar, mas te amo do meu jeito"
— Poesia acústica 8.

Cristina Nascimento | Vulgo Tina

O movimento da loja tá bom para uma quinta feira, acho que as divulgações estão funcionando.

Vou pra trás do balcão e pego meu celular.


MENSAGEM - Ratinho ♥️

07:45
Você: Como cê tá?


Tô ficando puta com o Victor. Ele vizualiza as mensagens, mas nem se dá ao trabalho de me responder.

Solto um suspiro.

É um filho da puta mesmo.

Sinto alguém puxar meu celular, quando olho pra cima vejo ele irritado.

— Se liga, já falei pra tu não ficar mexendo no celular. Tem que pegar a visão.

Kauã resmunga algo baixo.

— Relaxa, boy. Aqui é tranquilo, pode confiar.

Vou até ele e abraço sua cintura.

— Sabia que você ia tá por aqui essa semana não.

— Tava por aqui na zona sul, resolvendo uns b.o.

— Coé, sabia que aqui tinha virado puteiro não.

Olho para as portas e vejo Rato e a menina de trança que agora vive com ele e a Sol.

Todo dia.

— Não sabia que você se importava com isso.

Ele me olha feio.

— Vim trazer a Kayla pra comprar umas paradas, tu ajuda aí?

Concordo, indo até eles.
Kauã me abraça e sussurra no meu ouvido:

— Depois vou trocar uma ideia contigo.

Concordo e ele vai embora.

Olho pra Kayla, que já tava olhando as camisas afastada.

— Colfoi desse cara aqui, Cristina? — Victor pergunta.

— Não sabia que conversar agora era proibido.

— Com rival é, lindona.

Vou pra trás do balcão e ele me segue.

— Ele é irmão da Sol. E aqui é território neutro, lindão.

— Cheiro mole. Se eu ver ele no morro, ele não vai sair de lá vivo.

Olho pra ele, indignada.
Esse aí não é o Victor.



•••


Gabe Freitas | Vulgo Escorpião


Tava fumando um quando ela entra em casa, apoiada no Rato e com a Jaína do lado.

— Colê, Eu disse que era pra tu pegar a cadeira de rodas, aleijada. — Sol bate nele.

— É normal que ela fique assim, ficou muito tempo sem se mexer.

Ele coloca ela no sofá.

— Fala tu, Gabe.

— Tranquilo. — Olho pra Sol, que me encara. — Se liga, vou deixar uns vapor de olho em tu. Ivan tá rondando, e como tu sabe, o Leite tá de acoloio com ele.

Ela me olha, confusa.

— Vou ter que ficar com babá?

— Se num quiser morrer, vai.

— Faz sentido, no mínimo coloca uns bonitinhos.

Reviro os os olhos.

— Tá louca, filha minha não sai por aí pegando envolvido não. 

— Você não é meu pai…

Aponto o dedo.

— Eu te fiz, otária. — Solto a fumaça. — Só por isso, vou escolher os mais feios.

Ela faz cara de nojo.

— Se fudeu, porque contando no dedo, ela já pegou dois envolvido. — Rato rir da cozinha.

Olho feio pra ele.

— Na verdade, foram três. — Todo mundo olha pra ela. — Sem querer, peguei um cara um dia desses na biqueira. Um gostoso ele.

Gringo empurra a porta, segurando uma sacola preta com dinheiro.
Ele olha pra Sol e ela desvia o olhar, se levantando mancando e indo pra escadas.

— Salve.

— Eu vou dormir, se matem.

— Olha só, não tô falando grego não. Se eu te ver com algum vagabundo eu te mato. — falo, quando ela sobe as escadas, manca.

— Acho que você se esqueceu que sou de maior. Perdeu a fase, baby. — Ela ri, mando beijo.

Garota debochada.
Ouço a porta bater.

— Vocês se merecem. — Jaína sussurra, pegando a bolsa. — Eu já vou Sol, beijo, tá?

— Colê, também quero um beijo. — Rato faz bico, colocando o rosto perto de Jaína.

Olho feio pra ele, que ri.

— Zueira, patrão.

— Tu sai daqui antes que eu te mate, infeliz.

Gringo pega a Glock, saindo de casa sem falar nada e Rato vai atrás dele.

Encaro a mulher na minha frente e por mais que eu negue, não consigo fingir que não gosto dela.

Ainda é e sempre vai ser  minha mulher.

— Por que tu tá fugindo de mim?

Ela nega. Chego mais perto.

— Tu sabe que eu não posso fazer o que me pediu, Jaína. — ela desvia o olhar. — Não vai embora não.

Jaína acha que ficar longe de mim é melhor, mas não entende que eu quero ficar com ela.

Posso ser errado, mas a única certeza que eu tenho, caralho, é que eu quero ficar com a única mulher que me faz bem.

— Não, Gabe. Você sabe que isso aqui não vai evoluir. — ela diz, passando a mão no rosto. — A quanto tempo a gente tá junto, pô? Anos… E a gente não cresce , não evului, Gabe.

Eu tenho culpa disso tudo.
De todos, sou o mais errado, porque quando ela queria construir uma família, eu queria construir um império. Enquanto ela queria casar, eu só queria mais e mais dinheiro e droga. Enquanto ela queria um futuro, eu era o oposto.

Eu não tenho o direito de nada mais.

— Eu sei. Mas eu quero agora, Jaina.

— Agora não dá mais, Gabe.

Nego, me ajoelhando.
Jaína fica de boca aberta.

— Tu quer ser minha mulher?

Jaína ri, nervosa.

— Tá louco? — seguro a mão dela. — Gabe levanta.

— Olha pra mim. — ela olha. — Eu quero mudar, por você e por ela. — olho pra cima. — Eu vou, só preciso de uma chance, antes que seja tarde.

— Gabe, você não…

— Tu quer construir uma família comigo, Jaína?

OPOSTO$  [Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora