† CAPÍTULO 39

5 4 0
                                    

Poesia acústica 9
"Não de amor pra quem merece bala…"

Três dias depois...

Dayane Alves | Vulgo Ane

     As pessoas imaginam muita coisa quando vão morar juntos com outra, mas não é só flores não. Tem momentos que chega a ser desgastante.

    Não digo isso por me arrepender da minha decisão, sabe? Pode pá que amo meu loirinho e isso não vai mudar.

   As coisas entre eu e Bruno não podiam estar melhor do que estão, real.

Não sei explicar, a cada dia que passa, eu me apaixono mais por ele.

   É claro gente tem as nossas desavenças, como qualquer outro casal, mas a gente sempre acha uma solução. Nossas discussões são por motivos quase sempre fúteis, como ciúmes, o trabalho dele, o nosso futuro.

  A discussão do dia; eu não quero ir pra merda do baile e ele é cabeça dura demais pra entender isso.

— Só não tô me sentindo bem, Bruno. — falo descendo da moto, bolada.

— Faz mó cota que tu tá assim. Pra mim isso aí é caô teu.

   Reviro os olhos, seguindo ele até o portão da quadra.

— Deixa de ser idiota, caralho. Acha que vou ficar mentindo com coisa séria?

  Bruno dá de ombros, sem reclamar.

— Cê que sabe, Dayane, se quiser ir vai, jaé?— ele beija minha testa.— Qualquer coisa, passa a visão.
  
  Concordo, vendo ele colocar a arma na cintura.

— Você vai ficar? — pergunto.

— Fazer o que, tenho que trabalhar. — Bruno me entrega a chave. — Vou passar a visão pra  algum dos muleque te levar.

— Suave, eu vou andando. — jogo a chave pra ele e dou tchau.

   Ele não fala nada.
  Tava descendo o morro de boa, quando vejo Vinícius, Rato, Sol e Hugo, o filho de Vinícius.

— Quem é vivo sempre aparece.

   Faço um toque com eles e abraço minha amiga.

— Você contou?   — ela pergunta depois que o povo entra.

Nego, preocupada.

— Eu tô com medo.

   Sol me empurra, na tentativa de me fazer andar.  Fico de frente pra quadra.

— Fala logo, pô, cria coragem pela criança. Você não pode ficar pensando só em você, agora tem ela também. Papo reto.

  Concordo, sabendo que ela tá certa.

— Cê tá certa.

— Certa de que? — Gringo pergunta, se aproximando da gente e abraçando Sol.

  Sem ideia, é um casalzão os dois, boto fé que esse tem futuro.
  
   Deixo os dois sozinhos e entro na quadra. Sou recebida com uma rajada de fumaça na cara e o paredão alto pra cacete.

   Victor e uns meninos já estão  numa rodinha dançando, de longe ele olha pra Cristina, que está conversando com Eve.

— Rato. — chego perto dele, e os cara começam a soltar risadinhas. — Tu viu Bruno aí?

Rato olha em volta, sério.

— Acho que tá no camarote, não? — ele olha para um menino com cara de seus dezessete anos. — Amora, tu viu o Boca aí?

   Amora nega.

— Colê, ele tava lá em cima.

Concordo, achando estranho já.

  Abro caminho na multidão pra chegar na escadaria do camarote, começo a subir, sem deixar de prestar atenção no movimento na parte de baixo.
    Forço a fechadura da porta, mas tá trancada.

   Escuto um barulho estranho vindo do corredor do lado, olho em volta e o que vejo me deixa com um ódio tão grande, que tudo que consigo fazer é gritar feito uma maluca.

  — Puta que pariu.

   Sinto as lágrimas caindo, mas fico tão desnorteada que não consigo nem falar.

OPOSTO$  [Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora