† CAPÍTULO 21

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Sol Santiago


Algumas coisas mudaram na última semana.

Gabe vai invadir o Vale pelos próximos dias, e isso tá me deixando maluca! Só de pensar no que o desgraçado do Ivan pode fazer...

E se algo der errado?

Kauã não deu mais nenhuma notícia. Não sei se ele e Cristina estão bem, se ainda estão vivos.

Ivan parou de me faz ameças.

No meio de tudo isso, tô feliz porque minha loja tá quase pronta, pó! Victor e eu colocamos as prateleiras ontem depois que os pintores acabaram o serviço lá.

Nunca tive amigos, mas acho que isso tá mudando. Agora sempre estou com Eve, com Dayane ou com Victor.
Mas nunca sozinha.

E agora... Agora tô tentando pegar um pote Nescau no armário, mas eu não alcanço essa merda.

- Coé, anã. - Alguém ri, olho pra trás e vejo Gringo.

Ave Maria... Já tinha me esquecido de como ele é lindo.
Com a correria da loja e ele no comando do morro, a gente mal se vê.
Acho que é melhor assim, sem ideia.

O filho da mãe, ao invés de me ajudar, fica me encarando do balcão.

- Mais pra direita.

Faço cara feia, mas obedeço.

- Direita.

- E eu tô indo pra que lado, caralho? - pergunto bolada mesmo.

Gabriel chega mais perto e pega a lata, tipo, com a maior facilidade do mundo!
Odeio ser pequena.

- De nada, gnomo.

Levanto o dedo e ligo o fogão.

- Bô colar no baile? - pergunta e noto que agora ele tá bem atrás de mim.

Tentação.

- Pra quê?

- Pra jogar amarelinha. - olho pra ele e reviro os olhos. - Pra curtir, pó. Nós dois, se ligou?

Uai, eu ouvi um nós dois?
Me viro, cruzo os braços e olho pra ele.

Eu não consigo entender, uma hora diz que não quer conversar, grita, maltrata e age como otário, depois é totalmente oposto, pó.

Me viro de costas de novo.

- Nós dois e uma penca de mulher que anda atrás de você, Gringo.

- Gabriel, meu nome.

Tá vendo? Eu hein!

Ando para ir até a pia, sem perceber quase bato a cabeça na porta do armário, mas antes mesmo que eu bata a cabeça, ele coloca a mão na frente.

- Que porra de mulher, pó. - fala, com raiva. - Então pra que eu taria te chamando, carai?

Ele tá praticante abraçado comigo. Gabriel se afasta um pouco e joga meu cabelo pra trás, talvez pra ver meu rosto melhor.

- Pra ostentar mais uma das suas conquistas.

Suspiro, sentindo sua respiração.

- Só tem você.

Ele me puxa pra perto e fica me encarando, mó serinho.

- Mesmo assim não vou. - Faço bico.

- Pau no seu cú.

Dou risada, vendo ele subir as escadas.

Faço meu café e me sento na sala. Eve tá jogada no sofá, falando da loja e até Victor parece empolgado.
Pois é!

- Coé, e qual vai ser o nome?

Dou de ombros, Gabriel desce as escadas e tá gato como sempre, meus amigos.

- Ih alá, pra que tudo isso?

Gabriel sorri com malícia, e que sorriso.

- Pra minhas puta. Brinco em serviço não, otário.

Victor olha pra mim, como se eu fosse falar algo!
Me poupe, né? Deus me livre pagar de emocionada, ninguém merece.

- E eu com isso? - Gabriel me olha e eu faço legal com o dedo.

Espero ele sair pra gritar:

- Cuidado viu, nego!

Escuto sua risada e gargalho altão também.

- Acho esse povo tudo louco. - Eve fala, olhando pra mim, mas eu ainda tô rindo.

- Cê acha, maluco? Eu tenho certeza.
- Victor me empurra. - Deixa de ser doida, disgrama.

- Aí, cara!

OPOSTO$  [Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora