† CAPÍTULO 44

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Poesia acústica 8
"Sinto que falta uma peça, a vida tem dessas
Leva o amor da gente de repente
Aproveite o melhor do que vem, mas se lembre bem
Que nada disso é permanente."

Dayane Alves | Vulgo Ane


Tava com meu cu na mão procurando Hugo, quase infartando já. Achei que ia parir aqui mesmo de tanto susto, até que vejo ele vindo na minha direção correndo.

— O seu filho da mãe, tu tava aonde?

  Ele ri, abraçando minhas pernas.
 
— Vagabunda… — ele fala e pisco duas vezes.

— Onde você aprendeu isso?

  Ele ri.
O importante é que ele tá bem.

— Não fala isso perto do teu pai.

    Começo a arrumar minhas coisas, até que vejo Bruno andando em minha direção. Começo a andar na direção oposta.

— Coé, pô, a gente tem que conversar. — ouvi ele falar.

— Conversar pra que, Boca?

Bruno me encara, desviando o olhar para chegar até minha barriga.

— Tu já foi no médico?

Concordei.

— Vou fazer três meses no dia 8. Ainda não sei o sexo, quando souber, peço pra alguém te dizer.

Volto a andar, segurando Hugo pelos braços.

— E a gente?

  Dou risada.

— A gente? Não existe mais a gente, Boca. Agora é tu e tua nega e eu e o meu filho.

— Minha nega é você, Dayane. — ele se aproxima. — E o filho também é meu.

Nego, me afastando.

— Eu não sou de ninguém, muito menos sua.

— Tu tá com raiva, mas eu sei que tu me ama. — ele segura meu braço. — Olha pra mim.

Nego, fechando os olhos, enquanto tento puxar meu  braço de volta.

— Olha pra mim. Eu sei que errei, eu assumo meu erro, tá ligado? Eu vacilei… Mas eu te amo, e sei que tu me ama também.

— Para de fazer isso…

— Tu sabe que não é caô.

  Olho pra ele e puxo meu braço de volta, putassa.

    Sinto meus olhos marejar, mas eu não vou chorar na frente dele. Não vou dá esse gostinho a ele!

— Dayane, me escuta..

  Nego, quase chorando.

— Acha que as coisas são assim? Você acha que pode pisar um milhão de vezes e que ainda vou te aceitar de volta?

  Hugo segura minha perna com força, mas alguém pega ele.

— Tu corre atrás do teu erro, por que do que depender de mim, Bruno, você não vai ver essa criança.

  Saio que nem uma bala, me libertando  daquelas algemas que eu tanto tentava sair, assim quando viro no corredor, acabo esbarrando em alguém.

— Colfoi, pô? — Gringo pergunta, perdido.

   Desabei, deixando todas as lágrimas descer.

   Como pude ser tão burra e acreditar que ele tinha mudado?


•••

Gabriel Andrade | Vulgo Gringo

   Piso pé no acelerador e dou partida no carro,  começo descer o morro rumo a goma de Dayane.

     Ela não fala nada, fica calada, olhando pra janela. Eu decido ficar calado também, não quero me envolver nas paradas dela não.
 
— Tu já sabe o sexo? — pergunto, ela me encara com um sorriso.

—  Ainda não, mas tudo indica que é um menino.

Dou um sorriso de lado, descendo uma rua.

—  Se ligue, queria te perguntar uma coisa aí. — olho pra ela, curioso.

— Solta a voz.

— Tô ligada que tu não gosta dessas coisas, mas eu queria saber se você não quer ser… padrinho do meu filho. 

Nego, descendo a última rua.

— Por que tu não chama outra pessoa, pô? Eu não sou bom com criança não… eu não.

— Eu quero você, Gabriel. — ela insiste. — E Sol vai ser a madrinha…

Dayane sorri, quando paro na frente da porta da casa dela.

— Não precisa me responder agora não, pensa direitinho e me fala. Tranquilo?

Concordo, mesmo sabendo que minha resposta vai continuar sendo não.

— Suave. — digo, e ela desde do carro.

— Valeu, Gringo.

   Faço um toque com ela e ligo o carro, para voltar pra a resenha..

— Gringo.  — ela fala, vindo em minha direção. — Não perca a pessoa que tu gosta por causa de um vacilo, tá? Não seja idiota a ponto de afastar a única certeza que tu tem.

Olho pra ela, sem entender.

— Só tô te dando um conselho.

  Depois disso, Dayane entra dentro de casa e eu dou partida no carro.

   Eu já tô decido na parada, posso até perder, mas não vou manter nada mais na base da mentira.

OPOSTO$  [Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora