Três dias depois...Victor Lima | Vulgo Rato
Vinte dois anos na cara, puta que pariu. Nem parece que sou eu, mano. Logo eu, que pensei que ia morrer cedo por se bandido… Né que sobrevivi a mais um ano?Prós próximo, um alívio, para os inimigos, uma ameaça. Pra todos que disseram que eu não passava dos 18, eu mando se foder.
Olho pra trás e não consigo me arrepender de nada, maluco.
Tá rolando churrasco na laje, pô, só pra família. Tô de longe, só observando Tina.
A mulher me jogou praga, não paro de pensar nela.— Estranho pra caralho.— Comento, sentando do lado do Gabriel na sacada. — O tempo passou rápido.
Ele sorri, deixando a lata de cerveja no muro.
— Quem diria, né? A gente achando que não ia durar até os dezoito, pô.
Concordo, vendo ele desviar o olhar.
Gringo sempre teve problema de demonstrar sentimento.— Não sabe o quanto sou grato por ter tido tu na minha vida, pô. — olho pra ele. — Tô ligado que tu acha viadagem essas paradas, mas tu não sabe o quanto sou grato por ter tudo.
Gabriel da um sorriso torto.
— Feliz aniversário, meu irmão.
Porra, o maluco não faz ideia do quanto isso me emociona.
Deixa de lado minha masculinidade e dou um abraço no meu irmão.Gabriel fez um sinal com a cabeça, indicando Sol dançando com Dayane e Cristina.
— Como tá com a Cristina?
— Num tá, hum. — parei pra pegar um pedaço de carne. — Ela não tira o comédia da cabeça, sacas?
Ele concorda.
— Puta que pariu, o cara já deu um pé na bunda dela, mas mesmo assim, ela ainda fica nessa.
Gabriel ri, negando.
— Se quiser, eu dou um jeito nele e fica tudo flex. — olho pra ele, rindo. — Presente de aniversário, pô.
— Tu vai matar teu cunhado, sem mais nem menos? Cara, como tu quer ser aceito?
Ele gargalha.
— E você e a Sol? Quando vai ser o casório?
— Casório? Não sei nem se esse nosso lance vai durar.
Deixo meu prato em cima do freezer e olho ele, sério.
— Quelé, pô, como assim?
•••
Gabriel Andrade | Vulgo Gringo
Maluco, Rato sabe como me deixar reflexivo. Me afastei um pouco dele e fui andar pela laje, até que vejo Sol e pimenta conversando.
Fechei a cara e ela se aproxima de mim.— Sua cara de cu tá dez vezes pior, baby.
— Tu sabe que detesto esse cara, mas parece que faz pra desgastar, tio.
— Qualé, eu tava conversando. Não sei qual a maldade.
— Quer conversar? Conversa comigo, pô. — digo sério. — Pô, não vou mais falar nada. Quer fazer? Faz!
Volto a andar, parando pra cumprimentar algumas pessoas.
Pego uma cerveja no freezer e dou um gole.
— Beber faz mal. — ouço uma voz de criança e olho pra baixo.
O moleque bonitinho de Black me encara, com as mãos no bolso.
— Qualé, se meter na vida outros também.
— E quem tá fazendo isso? — falou, meio embolado.
Dou mais um gole na cerveja e olho em volta.
— Tu tá com quem? Cadê tua mãe, o peste?
O moleque olha pra trás.
— Eu não tenho mãe. — ele me olha com os olhos cheio de lágrimas. — Vim com minha tia.
Ninguém merece.
— Saquei.
Pego meu isqueiro do bolso e ascendo o cigarro, dou dois passos e viro pra encarar o moleque.
— Bora, moleque. — ele corre atrás de mim. — Bô achar a vagabunda da tua tia.
— Vagabunda!
— Isso mesmo, vagabunda.
Sinto a mão dele tocar a minha.
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OPOSTO$ [Vol.1]
Romance|LIVRO 01| EM REVISÃO Eu queria ter um futuro, mas já não sabia sequer se ia sobreviver por mais algumas horas, minutos ou segundos. Vivíamos em uma Roleta Russa, cuja a vítima poderia ser qualquer um e a qualquer hora. Mas eu queria que minh...