† CAPÍTULO 43

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Três dias depois...

Victor Lima | Vulgo Rato


   Vinte dois anos na cara, puta que pariu. Nem parece que sou eu, mano. Logo eu, que pensei que ia morrer cedo por se bandido… Né que sobrevivi a mais um ano?

   Prós próximo, um alívio, para os inimigos, uma ameaça. Pra todos que disseram que eu não passava dos 18, eu mando se foder.

  Olho pra trás e não consigo me arrepender de nada, maluco.

  Tá rolando churrasco na laje, pô, só pra família. Tô de longe, só observando Tina.
A mulher me jogou praga, não paro de pensar nela.

— Estranho pra caralho.— Comento, sentando do lado do Gabriel na sacada. — O tempo passou rápido.

    Ele sorri, deixando a lata de cerveja no muro.

— Quem diria, né? A gente achando que não ia durar até os dezoito, pô.

  Concordo, vendo ele desviar o olhar.
  Gringo sempre teve problema de demonstrar sentimento.

— Não sabe o quanto sou grato por ter tido tu na minha vida, pô.  — olho pra ele. — Tô ligado que tu acha viadagem essas paradas, mas tu não sabe o quanto sou grato por ter tudo.

  Gabriel da um sorriso torto.

— Feliz aniversário, meu irmão.

  Porra, o maluco não faz ideia do quanto isso me emociona.
   Deixa de lado minha masculinidade e dou um abraço no meu irmão.

    Gabriel fez um sinal com a cabeça, indicando Sol dançando com Dayane e Cristina.

— Como tá com a Cristina?

— Num tá, hum. — parei pra pegar um pedaço de carne. — Ela não tira o comédia da cabeça, sacas?

Ele concorda.

— Puta que pariu, o cara já deu um pé na bunda dela, mas mesmo assim, ela ainda fica nessa.

Gabriel ri, negando.

— Se quiser, eu dou um jeito nele e fica tudo flex. — olho pra ele, rindo. — Presente de aniversário, pô.

— Tu vai matar teu cunhado, sem mais nem menos? Cara, como tu quer ser aceito?

   Ele gargalha.

— E você e a Sol? Quando vai ser o casório?

— Casório? Não sei nem se esse nosso lance vai durar.

   Deixo meu prato em cima do freezer e olho ele, sério.

— Quelé, pô, como assim?
   

•••

  Gabriel Andrade | Vulgo Gringo


    Maluco, Rato sabe como me deixar reflexivo. Me afastei um pouco dele e fui andar pela laje, até que vejo Sol e pimenta conversando.
     Fechei a cara e ela se aproxima de mim.

— Sua cara de cu tá dez vezes pior, baby.

— Tu sabe que detesto esse cara, mas parece que faz pra desgastar, tio.

— Qualé, eu tava conversando. Não sei qual a maldade.

— Quer conversar? Conversa comigo, pô. — digo sério. — Pô, não vou mais falar nada. Quer fazer?  Faz!

  Volto a andar, parando pra cumprimentar algumas pessoas.

Pego uma cerveja no freezer e dou um gole.

— Beber faz mal. — ouço uma voz de criança e olho pra baixo.

   O moleque bonitinho de Black me encara, com as mãos no bolso.

— Qualé, se meter na vida outros também.

— E quem tá fazendo isso? — falou, meio embolado. 

   Dou mais um gole na cerveja e olho em volta.

— Tu tá com quem?  Cadê tua mãe, o peste?

  O moleque olha pra trás.

— Eu não tenho mãe. — ele me olha com os olhos cheio de lágrimas. — Vim com minha tia.

Ninguém merece.

— Saquei.

Pego meu isqueiro do bolso e ascendo o cigarro, dou dois passos e viro pra encarar o moleque.

— Bora, moleque. — ele corre atrás de mim. — Bô achar a vagabunda da tua tia.

— Vagabunda!

— Isso mesmo, vagabunda.

  Sinto a mão dele tocar a minha.

OPOSTO$  [Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora