† CAPÍTULO 46

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Deixe-me ir, 1 kilo.
"Se não for agora, te espero lá fora
Então deixe-me ir…"

Gabriel Andrade | Vulgo Gringo

Desci o morro atrás dela, mesmo  longe consegui alcançar.

Segurei os braços dela, mas ela tá tão irritada que puxa de volta, segurando a garrafa de vodka ainda. 

— O que você quer comigo? — Sol grita, ainda com os olhos cheios de lágrimas. 

— Pô, deixa eu explicar o bagulho, namoral? 

Ela ri, sem humor nenhum. 

— Explicar o que? Tuas mentiras? Pra que, pô. Eu já sei que fui feita de otária esse tempo todo! 

 Ela tenta andar, mas coloco ela na parede.

— Vai fazer o que agora? Vai me bater também, Gringo?

Olho pra ela, e me sinto o pior cara da face da terra. 

— Tu sabe que eu nunca ia tocar um dedo em tu. 

Ela nega, chorando. 

— Pode ser mais uma mentira tua, né? Porquê pelo visto é a única coisa que cê sabe fazer.

Ela me empurra, ainda com a garrafa  na mão.

Nunca tinha visto ela tão alterada como agora, maluco, só por ver isso, eu devia dar o espaço dela. 

 Mas nunca fui assim. 

Minha capacidade de pensar nos outros some quando tô usando droga.

— Tu tá assim por causa dele?

Ela ri e volta a me encarar. Seus olhos estão tão vermelho que eu me pergunto se isso tudo é só cachaça.

De imediato sei que ela andou fumando.

— Eu confiei em você… — ela colocou a mão no rosto. — Você sabia o quanto isso me machuca e mesmo assim tu escondeu, pô. Você mentiu pra mim.

— Eu não podia contar. Tu sabe disso…

Tento chegar perto dela, mas se afasta, me empurrando.

— Você é um maldito otário,  egoísta. Como não podia me contar…— A rua tá deserta, mas as poucas pessoas que estão  aqui, parecem não ver. — E quanto tempo você sabia? Fala, foi antes da gente começar a sair?

 Seu ódio só aunenta  mais com meu silêncio.

— Não sei como pode acreditar em alguém como você.

— Sol…

— Não chega perto de mim.

  Não sei o que tá acontecendo comigo, mas quero que ela me escute, pela primeira vez na vida, eu quero consertar algo e não destruir. 

— Por favor, Sol…

— Caralho, você me disse tantas vezes pra confiar em você, e… Não valeu de nada. Você não confiou em mim.

— Eu confio.

— Cala a boca. 

Segurei o braço dela com força.

— Você é um hipócrita. É igual a ele. Você é tão errado quanto ele. — ela diz e eu nego. — Devia ter ouvido o que me disseram.

Eu perco o controle, acabo batendo no rosto dela.

Eu sabia que era ruim pra ela. Nós nunca seríamos o casal perfeito, mas eu não sou ruim como ele. Eu não sou como ele.

 Um monstro.

  Sol coloca a mão no rosto e se afasta, quando tento chegar perto pra tentar consertar a merda que fiz, ela atira a garrafa no chão, que se espatifa na calçada ficando em pedaços. 

  Alguns acabam ferindo sua mão.

— Não ouse encostar em mim nunca mais.

 Sol sobe na moto do Rato, sumindo em uma rua. 

OPOSTO$  [Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora