Cristina Nascimento | Vulgo Tina
Olho pra ela e sorrio de lado, segurando sua mão com força.- Tava preocupada contigo, não faz mais isso, vagabunda..
Sol ri, com os olhos baixinhos e pálida.
- Achou que ia se livrar de mim? - ela pergunta com a voz rouca.
- Eu sabia que você ia sair dessa, você é barril demais pra morrer assim.
- Dayane tá bem? - fico calada. - O que foi?
Sol revira os olhos, tentando se levantar, bem na hora que a enfermeira entra no quarto e cruza os braços.
- Nada de esforço, piora tudo. - Jaína berra.
Ela suspira, ficando quieta.
- Seu pai quer falar com você, Sol.
Olho pra ela sem entender nada.
- Então essa porra é verdade?
Sol concorda, decepcionada.
- O Escorpião não é meu pai não, Jaína. E eu não quero ver ele.
Escorpião empurra a porta do quarto com tudo e a médica vem atrás dele.
- O senhor não pode entrar sem autorização! - a médica grita.
- Tu não pode me impedir não, maluca.. - ele aponta a arma.
A médica olha pra Jaína.
- Larga essa arma, imbecil. - ele guarda. - Você é tão inconsequente.
- Deixa, ele não vai sair até falar. - Sol fala, seria. - Podem ir.
Elas se olham.
- Ele não vai fazer mal a ela. - Jaína garante, olhando pra ele e puxando a médica.
Saio do quarto, vendo um moleque com cara de seus onze anos sentado, olhando pra mim.
- Colfoi tia. - ele levanta e trás uma caixa. - Pediram pra entregar aí.
Ele entrega a caixa e vira.
- Ei, quem mandou isso?
O menino ri e sai correndo do hospital.
Abro a caixa é uma câmera de última geração.
Sorrio, olhando para os lados.- Uma lembrança pra tu saber que sempre vou tá contigo, Jaé? Te amo pra vida toda. - leio o cartão e sorrio de lado, sinto as lágrimas de alegria cair.
•••
Gabe Freitas | Vulgo Escorpião
Tô namoralzinha mesmo, disposto a explicar a parada tim tim por tim tim, mas a mandada não quer ouvir.
Tá no direito dela até, mas todo mundo erra, pô. Cê tem que aprender a perdoar, ouvir as pessoas!
Não posso mudar as merdas que fiz no passado, só posso fazer melhor agora no presente.
- Nada justifica não, Escorpião. - ela levanta a cabeça pra me ver.
- Num tô aqui pra me justificar não, Sol, tô aqui pra te falar meu lado nessa parada aí.
Ela sorri, falsa.
- Eu não sabia que tu existia até aquele dia que te encontrei porra. Nem sabia que era minha filha ainda. Eu não sabia que tinha uma filha e nem caralho nenhum. - falo, sentando na beira da cama dela.
A primeira vez que vi ela, chorando na praia sozinha, achei que era só uma qualquer jogada na rua, mas aí me aproximei e comecei a conversar.
Ela me falava da vida dela e do irmão com os olhos vermelhos e eu mandei investigar na hora. Foi quando descobri que ela era enteada do Ivan, o dono do vale e o cara que tinha tirado a mulher que eu um dia amei pra caralho.
Ligando os pontos, a guria era minha cria e tinham me escondido ela, pô.
Descobri que o cara batia nela, abusava, mas ninguém fazia nada não. Soube que até o irmão tinha rodado nisso tudo.
- Dezoito anos, pô. - ela levanta o corpo, sentando na cama. - Você tem noção do quanto aquele cara me xingava? Me batia?
Abaixo a cabeça.
- Você consegue imaginar o quando eu sofri na mão daquele desgraçado e daquela mulher?
- Eu não tô pedindo a tu me perdoar não, Jaé? Eu só quero que tu entenda minha parte.
- Que bom, por que eu não te perdoo.
Concordo, levantando da cama, ficando de frente pra ela.
- Mas se liga, tu pode ter certeza que eu não vou mais deixar ele chegar perto de tu de novo.
Ela me encara, seguro a mão dela.
- Tenho uma parada pra te falar.
Ela solta a mão, quando pego um envelope do bolso.
Mostro a ela a foto dela com Vinícius e Hugo, depois uma com o Gabriel, depois uma com o Victor, Tina e Dayane. A última é uma dela com o Irmão.
- Tu tá na mira deles, se vacilar um pouco, eles vão tirar proveito, pegou a visão?
Ela concorda, me encarando.
- Como você conseguiu isso?
- Coé, por incrível que pareça, eles fizeram questão de mandar pra mim. - fecho a cara. - não só isso.
- Como assim?
Abro o envelope onde tem a foto da cabaça de Solange, acompanhada pela frase:
"O tempo está acabando, preste muita atenção com quem anda. Satisfação, Primeiro comando."
Entrego pra ela e saio do quarto.
Olho pro Gringo e ele me encara por dois tempos antes de abrir a porta.
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OPOSTO$ [Vol.1]
Romantizm|LIVRO 01| EM REVISÃO Eu queria ter um futuro, mas já não sabia sequer se ia sobreviver por mais algumas horas, minutos ou segundos. Vivíamos em uma Roleta Russa, cuja a vítima poderia ser qualquer um e a qualquer hora. Mas eu queria que minh...