† CAPÍTULO 52

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Cristina Nascimento | Vulgo Tina


Olho pra ela e sorrio de lado, segurando sua mão com força.

- Tava preocupada contigo, não faz mais isso, vagabunda..

Sol ri, com os olhos baixinhos e pálida.

- Achou que ia se livrar de mim? - ela pergunta com a voz rouca.

- Eu sabia que você ia sair dessa, você é barril demais pra morrer assim.

- Dayane tá bem? - fico calada. - O que foi?

Sol revira os olhos, tentando se levantar, bem na hora que a enfermeira entra no quarto e cruza os braços.

- Nada de esforço, piora tudo. - Jaína berra.

Ela suspira, ficando quieta.

- Seu pai quer falar com você, Sol.

Olho pra ela sem entender nada.

- Então essa porra é verdade?

Sol concorda, decepcionada.

- O Escorpião não é meu pai não, Jaína. E eu não quero ver ele.

Escorpião empurra a porta do quarto com tudo e a médica vem atrás dele.

- O senhor não pode entrar sem autorização! - a médica grita.

- Tu não pode me impedir não, maluca.. - ele aponta a arma.

A médica olha pra Jaína.

- Larga essa arma, imbecil. - ele guarda. - Você é tão inconsequente.

- Deixa, ele não vai sair até falar. - Sol fala, seria. - Podem ir.

Elas se olham.

- Ele não vai fazer mal a ela. - Jaína garante, olhando pra ele e puxando a médica.

Saio do quarto, vendo um moleque com cara de seus onze anos sentado, olhando pra mim.

- Colfoi tia. - ele levanta e trás uma caixa. - Pediram pra entregar aí.

Ele entrega a caixa e vira.

- Ei, quem mandou isso?

O menino ri e sai correndo do hospital.

Abro a caixa é uma câmera de última geração.
Sorrio, olhando para os lados.

- Uma lembrança pra tu saber que sempre vou tá contigo, Jaé? Te amo pra vida toda. - leio o cartão e sorrio de lado, sinto as lágrimas de alegria cair.


•••


Gabe Freitas | Vulgo Escorpião

Tô namoralzinha mesmo, disposto a explicar a parada tim tim por tim tim, mas a mandada não quer ouvir.

Tá no direito dela até, mas todo mundo erra, pô. Cê tem que aprender a perdoar, ouvir as pessoas!

Não posso mudar as merdas que fiz no passado, só posso fazer melhor agora no presente.

- Nada justifica não, Escorpião. - ela levanta a cabeça pra me ver.

- Num tô aqui pra me justificar não, Sol, tô aqui pra te falar meu lado nessa parada aí.

Ela sorri, falsa.

- Eu não sabia que tu existia até aquele dia que te encontrei porra. Nem sabia que era minha filha ainda. Eu não sabia que tinha uma filha e nem caralho nenhum. - falo, sentando na beira da cama dela.

A primeira vez que vi ela, chorando na praia sozinha, achei que era só uma qualquer jogada na rua, mas aí me aproximei e comecei a conversar.

Ela me falava da vida dela e do irmão com os olhos vermelhos e eu mandei investigar na hora. Foi quando descobri que ela era enteada do Ivan, o dono do vale e o cara que tinha tirado a mulher que eu um dia amei pra caralho.

Ligando os pontos, a guria era minha cria e tinham me escondido ela, pô.

Descobri que o cara batia nela, abusava, mas ninguém fazia nada não. Soube que até o irmão tinha rodado nisso tudo.

- Dezoito anos, pô. - ela levanta o corpo, sentando na cama. - Você tem noção do quanto aquele cara me xingava? Me batia?

Abaixo a cabeça.

- Você consegue imaginar o quando eu sofri na mão daquele desgraçado e daquela mulher?

- Eu não tô pedindo a tu me perdoar não, Jaé? Eu só quero que tu entenda minha parte.

- Que bom, por que eu não te perdoo.

Concordo, levantando da cama, ficando de frente pra ela.

- Mas se liga, tu pode ter certeza que eu não vou mais deixar ele chegar perto de tu de novo.

Ela me encara, seguro a mão dela.

- Tenho uma parada pra te falar.

Ela solta a mão, quando pego um envelope do bolso.

Mostro a ela a foto dela com Vinícius e Hugo, depois uma com o Gabriel, depois uma com o Victor, Tina e Dayane. A última é uma dela com o Irmão.

- Tu tá na mira deles, se vacilar um pouco, eles vão tirar proveito, pegou a visão?

Ela concorda, me encarando.

- Como você conseguiu isso?

- Coé, por incrível que pareça, eles fizeram questão de mandar pra mim. - fecho a cara. - não só isso.

- Como assim?

Abro o envelope onde tem a foto da cabaça de Solange, acompanhada pela frase:

"O tempo está acabando, preste muita atenção com quem anda. Satisfação, Primeiro comando."

Entrego pra ela e saio do quarto.

Olho pro Gringo e ele me encara por dois tempos antes de abrir a porta.

OPOSTO$  [Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora