† CAPÍTULO 15

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Victor Lima | Vulgo Rato

     Sei que tem alguma parada incomodando a Sol, dá pra notar isso, pó. O foda é que ela não fala e eu não tenho bola de cristal pra adivinhar, se ligou?

— Ih, nem vem também, Victor.

— Oush, falei porra nenhuma, malucona.

— Tá me olhando por que então?

   Sacou a mudança de humor?
   Dou risada, levantando os braços em ato de rendição.

  Gabriel bate a porta com força na sala, só falta derrubar as paredes, muleque. Se quebrar né ele que vai pagar mesmo, né.

— Coé que tu não responde a porra da mensagem, caralho? — pergunta, bolado.

   Sol olha pra ele, mas não fala nada.

— Tua mãe tá lá na laje, diz que quer trocar umas ideias contigo. — falo.

  Gabriel olha pra Sol e sobe as escadas.

  Imagina se eles namorar um dia, parcero? Imagina se casar? Só pensa como ia ser misturar duas pessoas diferente pra caralho.
   Impossível dá certo. Fogo e gelo.
  
— Gabe tem mandado notícia?  — mudou de assunto.

— Sem rede lá, mas ontem disse que tava suave. 

     Dei um papo com Escorpião ontem e ele me atualizou das paradas, disse que o pilantra do Mario quer invadir.
    Gabriel tá neurótico com isso aí,  reforçou até a segurança.

     A loja da Sol deve ficar pronta daqui a uma semana. A mina tá tão  empolgada, que acho que nem dormir tá dormindo, tu é louco.
   Pra ela tudo tem mais valor do que aparenta ter e isso me faz ver as coisas de outra maneira, sacas?

Me faz dar valor o pouco que tenho.

    Porque quando nós tem as coisas nunca dá conta da sorte que tem por ter, e quando se liga, é tarde.    
  E aí já era!

    Tava fazendo a ronda de boas, até que vejo Sol de papo com Vinícius, primo de Dayane.

   Mano, tanta gente boa no morro e ela só cola nos piores, real.

 

Sol Santiago

    Acho que tô perdida porque não conheço essa rua, nunca nem andei por esse lado.

    Nessas horas que me pergunto onde tá o tal anjo da guarda, certeza que meteu foi o pé depois de ver como sou desastrada.

    Tô começando a entrar em estado de desespero, sem caô.

— Ei, guri — Chamo um menino de orelhas grandes, que deve ter uns dez anos. —, sabe pra que lado fica a quadra?

     O moleque se finge de cego e sai correndo.
    Que audácia, cara! Filho duma puta mesmo.

— Tá perdida, princesa? 

  Me viro pra ver quem é, mas não conheço o homem alto de cabelo loiro e bigode pintado. Não chega a ser feio, mas né bonito não.

— Tá de boa, Amora.  — Vinícius fala, se aproximando de mim. — Fica suave que resolvo.

O tal Amora some, tipo, em segundos.

— Graças a Deus. — suspiro.  — tava começando a pensar que isso ia viarar uma fanfic. 

  Vinícius ri.

— Tá fazendo o que por aqui?

— Resolvendo uns bagui aí.

   Olho pra ele.

— Bagui? 

— É pó... Ali na frente tem um orfanato que gosto de ajudar. — ele aponta.  — Vi que tu tava querendo puxar papo com o Nando.

  Olho pro menino e depois para Vinícius.

— Ele não gostou de mim. — ele ri. — Gabe não devia ajudar o orfanato? 

Vinícius ri com ironia.

— Escorpião não faz porra nenhuma, além de vender droga e destruir a porra da vida dos outros.

   Escuto isso com frequência desde que vim pra cá, parece que todo mundo tem motivo de sobra pra odiar o Gabe.
    Mas e eu? Eu tenho um milhão de motivo pra agradecer.

— Bô colar na minha goma?

Meu celular vibra de novo e eu desligo.

OPOSTO$  [Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora