Victor Lima | Vulgo Rato
Sei que tem alguma parada incomodando a Sol, dá pra notar isso, pó. O foda é que ela não fala e eu não tenho bola de cristal pra adivinhar, se ligou?
— Ih, nem vem também, Victor.
— Oush, falei porra nenhuma, malucona.
— Tá me olhando por que então?
Sacou a mudança de humor?
Dou risada, levantando os braços em ato de rendição.Gabriel bate a porta com força na sala, só falta derrubar as paredes, muleque. Se quebrar né ele que vai pagar mesmo, né.
— Coé que tu não responde a porra da mensagem, caralho? — pergunta, bolado.
Sol olha pra ele, mas não fala nada.
— Tua mãe tá lá na laje, diz que quer trocar umas ideias contigo. — falo.
Gabriel olha pra Sol e sobe as escadas.
Imagina se eles namorar um dia, parcero? Imagina se casar? Só pensa como ia ser misturar duas pessoas diferente pra caralho.
Impossível dá certo. Fogo e gelo.
— Gabe tem mandado notícia? — mudou de assunto.— Sem rede lá, mas ontem disse que tava suave.
Dei um papo com Escorpião ontem e ele me atualizou das paradas, disse que o pilantra do Mario quer invadir.
Gabriel tá neurótico com isso aí, reforçou até a segurança.A loja da Sol deve ficar pronta daqui a uma semana. A mina tá tão empolgada, que acho que nem dormir tá dormindo, tu é louco.
Pra ela tudo tem mais valor do que aparenta ter e isso me faz ver as coisas de outra maneira, sacas?Me faz dar valor o pouco que tenho.
Porque quando nós tem as coisas nunca dá conta da sorte que tem por ter, e quando se liga, é tarde.
E aí já era!Tava fazendo a ronda de boas, até que vejo Sol de papo com Vinícius, primo de Dayane.
Mano, tanta gente boa no morro e ela só cola nos piores, real.
…
Sol Santiago
Acho que tô perdida porque não conheço essa rua, nunca nem andei por esse lado.
Nessas horas que me pergunto onde tá o tal anjo da guarda, certeza que meteu foi o pé depois de ver como sou desastrada.
Tô começando a entrar em estado de desespero, sem caô.
— Ei, guri — Chamo um menino de orelhas grandes, que deve ter uns dez anos. —, sabe pra que lado fica a quadra?
O moleque se finge de cego e sai correndo.
Que audácia, cara! Filho duma puta mesmo.— Tá perdida, princesa?
Me viro pra ver quem é, mas não conheço o homem alto de cabelo loiro e bigode pintado. Não chega a ser feio, mas né bonito não.
— Tá de boa, Amora. — Vinícius fala, se aproximando de mim. — Fica suave que resolvo.
O tal Amora some, tipo, em segundos.
— Graças a Deus. — suspiro. — tava começando a pensar que isso ia viarar uma fanfic.
Vinícius ri.
— Tá fazendo o que por aqui?
— Resolvendo uns bagui aí.
Olho pra ele.
— Bagui?
— É pó... Ali na frente tem um orfanato que gosto de ajudar. — ele aponta. — Vi que tu tava querendo puxar papo com o Nando.
Olho pro menino e depois para Vinícius.
— Ele não gostou de mim. — ele ri. — Gabe não devia ajudar o orfanato?
Vinícius ri com ironia.
— Escorpião não faz porra nenhuma, além de vender droga e destruir a porra da vida dos outros.
Escuto isso com frequência desde que vim pra cá, parece que todo mundo tem motivo de sobra pra odiar o Gabe.
Mas e eu? Eu tenho um milhão de motivo pra agradecer.— Bô colar na minha goma?
Meu celular vibra de novo e eu desligo.
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OPOSTO$ [Vol.1]
Romans|LIVRO 01| EM REVISÃO Eu queria ter um futuro, mas já não sabia sequer se ia sobreviver por mais algumas horas, minutos ou segundos. Vivíamos em uma Roleta Russa, cuja a vítima poderia ser qualquer um e a qualquer hora. Mas eu queria que minh...