Gabriel Andrade | Vulgo Gringo
Detalhes - Hungria
"Ela fala que eu sou culpado, que eu sei o jeito certo de fazer o que é errado..."Deixa eu falar uma parada pra vocês, mulher é um bicho doido, pô, nunca dá pra entender.
- Não sei o que cê tem, Gringo. A gente tava bem.
Se liga, nem sei de onde ela tirou esse a gente.
- Que bem o que, Lumena. Tu tá doida?
Já tô bolado com essas ideias dela, fica correndo atrás dos outros, mesmo sabendo que eu nunca dei esperança nenhuma.
- Tu é mó gente fina, tá ligado? Mas eu já te falei que não vai rolar.
Tô cansado de tentar explicar, sendo que ela mesma finge não entender.
- Sei que tu gosta de mim.
Cadê a dignidade?
Parece que quando ela tá comigo se recusa a pensar em si mesma, e isso me preocupa pra caralho. Nós nunca tivemos nada - pelo menos nada sério - , mas a gente se conhece desde moleque e eu me preocupo com ela, sei como ela já sofreu e ainda sofre.
Mas isso não muda a parada, sacas?
Nessa altura minha paciência tirou férias e não volta tão cedo.
Ela ri, com seu deboche exagerado de sempre.
- Já entendi! Tem piranha nova na jogada? - Olhou em volta. - Quem é?
Se ligou? Acha que é namorada agora também.
- Vou meter o pé. Se tu precisar de ajuda com alguma coisa, cola lá na boca e nos resolve. - digo, montando na moto.
Assim que entro em casa dou de cara com um carnaval na sala; Sol, Bruno, Victor e Leite - um dos informantes de Gabe -, tão fazendo uma zuada dos infernos.
Aqui é a casa da mãe Joana quando Gabe não tá.
Leite tem aparecido bastante nas últimas semanas, e eu não gosto disso.
- Tão lindo. - Sol fala, olhando pra televisão.
Puxo o controle da mão dela.
- Bagui de filme americano, xará.
Entro no aplicativo e eles continuam discutindo, cambada de otário.
Victor e Bruno vão pro baile, Sol dorme com o rosto na alça do sofá e só acorda por causa do barulho da moto do Leite. Se não fosse por isso eu ainda tava vendo ela dormir, mó carinha de anjinho, mas né não.
- Vai colar no baile? - pergunto. - Tu é mais bonita quando tá dormindo, real.
- Você não é bonito de nenhuma forma, mas ninguém te fala isso, meu.
Ela levanta e vai até a geladeira.
- Larga mão de ser otária, vai ficar fazendo que merda aqui se não vai pro baile? - ela dá de ombros. - Tu é estranha.
Sorri, como se isso fosse um elogio e não o contrário, vai entender?
- Sei que tu me ama, baby.
- Sai fora, Marsha.
Ela cemicera os olhos, me faz rir.
- Essa foi o cúmulo, não fala mais comigo.
- Cê ficou brava foi? - me faço e ela levanta o dedo.
- Quero mais papo não.
...
Deixa eu mandar a real, tenho um medo do caralho de me apegar a alguém, pó. Sempre que uma coisa dura demais acaba deixando um vazio da porra quando deixa de existir.
Boiolagem, mas nós tem coração nessa bagaça! Coração bandido, mas tem, fé?
- Se liga, tu leva esse lance de assistir filme muito a sério, - digo, me sento do lado dela no sofá. - relaxa um pouco.
- Xiiiii.
- Desculpa aí.
Dou risada e levanto as mãos, em um ato de rendição.
- Por que Gringo? - pergunta do nada.
Tô dizendo pó, mó estranha.
- Tipo, porque seus olhos são claros?
Quem sou eu pra criticar, né?
- Meu amigo me chamava assim - Coço a cabeça.
Me levanto, vou na cozinha e coloco uma pipoca no micro-ondas, volto pra sala com a vasilha da pipoca.
- Que pipoca ruim.- ela diz e eu faço cara feia.
- Ingrata.
Ela ri e tenta pegar a vasilha da minha mão.
- Num disse que tava ruim? Agora tu quer? Também não vou dar, piranha.
Coloco um punhado de pipoca na boca, sorrio.
- Alguém já disse que você é insuportável? - Sol pergunta.
- Acredita que já. - digo.
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OPOSTO$ [Vol.1]
Romansa|LIVRO 01| EM REVISÃO Eu queria ter um futuro, mas já não sabia sequer se ia sobreviver por mais algumas horas, minutos ou segundos. Vivíamos em uma Roleta Russa, cuja a vítima poderia ser qualquer um e a qualquer hora. Mas eu queria que minh...