† CAPÍTULO 05

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Gabriel Andrade | Vulgo Gringo


Detalhes - Hungria
"Ela fala que eu sou culpado, que eu sei o jeito certo de fazer o que é errado..."

Deixa eu falar uma parada pra vocês, mulher é um bicho doido, pô, nunca dá pra entender.

- Não sei o que cê tem, Gringo. A gente tava bem.

Se liga, nem sei de onde ela tirou esse a gente.

- Que bem o que, Lumena. Tu tá doida?

Já tô bolado com essas ideias dela, fica correndo atrás dos outros, mesmo sabendo que eu nunca dei esperança nenhuma.

- Tu é mó gente fina, tá ligado? Mas eu já te falei que não vai rolar.

Tô cansado de tentar explicar, sendo que ela mesma finge não entender.

- Sei que tu gosta de mim.

Cadê a dignidade?

Parece que quando ela tá comigo se recusa a pensar em si mesma, e isso me preocupa pra caralho. Nós nunca tivemos nada - pelo menos nada sério - , mas a gente se conhece desde moleque e eu me preocupo com ela, sei como ela já sofreu e ainda sofre.

Mas isso não muda a parada, sacas?

Nessa altura minha paciência tirou férias e não volta tão cedo.

Ela ri, com seu deboche exagerado de sempre.

- Já entendi! Tem piranha nova na jogada? - Olhou em volta. - Quem é?

Se ligou? Acha que é namorada agora também.

- Vou meter o pé. Se tu precisar de ajuda com alguma coisa, cola lá na boca e nos resolve. - digo, montando na moto.

Assim que entro em casa dou de cara com um carnaval na sala; Sol, Bruno, Victor e Leite - um dos informantes de Gabe -, tão fazendo uma zuada dos infernos.

Aqui é a casa da mãe Joana quando Gabe não tá.

Leite tem aparecido bastante nas últimas semanas, e eu não gosto disso.

- Tão lindo. - Sol fala, olhando pra televisão.

Puxo o controle da mão dela.

- Bagui de filme americano, xará.

Entro no aplicativo e eles continuam discutindo, cambada de otário.

Victor e Bruno vão pro baile, Sol dorme com o rosto na alça do sofá e só acorda por causa do barulho da moto do Leite. Se não fosse por isso eu ainda tava vendo ela dormir, mó carinha de anjinho, mas né não.

- Vai colar no baile? - pergunto. - Tu é mais bonita quando tá dormindo, real.

- Você não é bonito de nenhuma forma, mas ninguém te fala isso, meu.

Ela levanta e vai até a geladeira.

- Larga mão de ser otária, vai ficar fazendo que merda aqui se não vai pro baile? - ela dá de ombros. - Tu é estranha.

Sorri, como se isso fosse um elogio e não o contrário, vai entender?

- Sei que tu me ama, baby.

- Sai fora, Marsha.

Ela cemicera os olhos, me faz rir.

- Essa foi o cúmulo, não fala mais comigo.

- Cê ficou brava foi? - me faço e ela levanta o dedo.

- Quero mais papo não.

...

Deixa eu mandar a real, tenho um medo do caralho de me apegar a alguém, pó. Sempre que uma coisa dura demais acaba deixando um vazio da porra quando deixa de existir.

Boiolagem, mas nós tem coração nessa bagaça! Coração bandido, mas tem, fé?

- Se liga, tu leva esse lance de assistir filme muito a sério, - digo, me sento do lado dela no sofá. - relaxa um pouco.

- Xiiiii.

- Desculpa aí.

Dou risada e levanto as mãos, em um ato de rendição.

- Por que Gringo? - pergunta do nada.

Tô dizendo pó, mó estranha.

- Tipo, porque seus olhos são claros?

Quem sou eu pra criticar, né?

- Meu amigo me chamava assim - Coço a cabeça.

Me levanto, vou na cozinha e coloco uma pipoca no micro-ondas, volto pra sala com a vasilha da pipoca.

- Que pipoca ruim.- ela diz e eu faço cara feia.

- Ingrata.

Ela ri e tenta pegar a vasilha da minha mão.

- Num disse que tava ruim? Agora tu quer? Também não vou dar, piranha.

Coloco um punhado de pipoca na boca, sorrio.

- Alguém já disse que você é insuportável? - Sol pergunta.

- Acredita que já. - digo.

OPOSTO$  [Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora