† CAPÍTULO 34

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Poesia acústica 9
"Por que sorrir como se fosse uma flor machucada?"

Sol Santiago

É foda quando a gente traça um caminho, imagina como tudo vai acontecer, mas no final tudo acontece justamente ao contrário do que você pensou.

É impressionante como a porra da vida pode ser injusta, e na maioria das vezes isso acontece com pessoas que não merece.

Kauã e eu tínhamos sonhos como qualquer outra criança, mesmo que para a gente tudo parecesse um pouco mais difícil.
A gente sonhava em mudar o mundo, mas foi o mundo que acabou mudando a gente.

Às vezes acho que a maré de decepções nunca vai passar, sacas? Que eu não vou conseguir deixar o passado pra trás e vou começar a viver pra valer.

Pensar em fazer algo e executar é muito diferente.

Ultimamente, parece que as coisas estão voltando aos trilhos. Ou pelo menos parte delas.

Tô subindo o morro praticamente morrendo quando meu celular vibra no bolso. Um sorriso se forma e eu nem percebo...

Porra, é mais forte que eu.

MENSAGEM - VINÍ 🍻💕


14:34
Viní 🍻💕:
Boa tarde linda
Como cê tá, pó? Sumiu

14:35
Tá afim de colar no meu barraco?

14:37
Você: Iai, pó
Tô de boa e você?

14:38
Você: Poxa, agora nem dá
Tô indo dá um trato lá na loja com
o povo

14:38
Viní 🍻💕: Que povo?

14:38
Você: As meninas e os meninos pó
(Digitando...)

14:39
Viní 🍻💕: Gringo vai?

14:39
Você: Ane, Boca, Eve, Rato e Tina
Gringo? Não


Ele visualiza, mas não responde, assim que começo a digitar sinto que alguém me observa, me viro e dou de cara com Lumena e mais duas mulheres.

- De papo com macho, Sol? - ela sorri, cínica. - Pensei que fosse santa.

- Sabia que minha vida tinha virado domínio público não. - sorri, falsa.

- Pra que isso, colega?

Sorrio, colocando a mão no bolso do moletom.

- Pra vê se toca e para de ser tão cínica.

Lumena ri, se aproximando de mim.

- Tu só tá falando assim comigo, porque tem dois pau mandado, o Gringo e o Escorpião. - ela coloca a mão no meu ombro.

Tiro a mão dela do meu ombro, chego mais perto e as outras duas já ameaçam se intrometer.

- E você só canta de galo quando tá de bonde, quero ver sozinha. Pode vim as três aí que eu me garanto, gata.

Sorrio, dando dois tapinhas nas costas dela.

- Tá me ameaçando?

- Eu não, colega, deixa de ser emocionada! Mas cuidado, os becos aqui são deserto pra caralho, vai que você cruza com alguém que não gosta?

Sorri, virando pra ir embora.

- Tu é igualzinha a tua mãe. - ela fala, calma, sabendo que isso vai me afetar.

E o pior é que realmente me afeta e isso me irrita.
Me virei.

- Coé, como você conheceu minha mãe?

- Agora quer conversar? Cadê o deboche, linda?

Fecho os punhos, perdendo a paciência.

- Se liga, tô perdendo a porra da minha paciência...

Rato apareceu bem na hora, me impedindo de fazer o que eu realmente queria.

- Para com isso, pô, qual é? - Ele fica de frente pra mim, na tentativa de me conter.

- Eu não ia fazer nada, não. - minto, na cara de pau mesmo. - Tu acha que ia me rebaixar ao nível dessa piranha?

- Tu me chamou de quê? - ela perguntou, alto como a puta que é.

Gargalhei, levantando o pé pra ver por cima do ombro de Victor.

- PIRANHA. Quer que eu soletre? Foi pra escola não, pensei que tua mãe fosse professora, gata.

Dei tchauzinho pra ela, enquanto Victor me empurrava.

OPOSTO$  [Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora