Sol Santiago, Caxias
Só pelo movimento sei que é um baile, e dos grande!Me perco com facilidade no meio da multidão, quando noto já estou na quadra, observando o mesmo homem que encarei poucos minutos atrás.
Que deus grego é esse que nunca vi nos meus estudos de filosofia?
Troco duas ou três palavras com ele e até danço — oportunidades tem que ser aproveitadas, né? — mas me lembro que nem devia tá ali.
— Adianta, Caralho. — O homem grita já distante.
Ele não disse o nome, só diz que é vapor do Escorpião, mesmo assim, quem ele pensa que é pra agir assim?
— Lerdeza da porra, pô.
— Meu querido, não tenho culpa se minha perna é pequena. — digo, sem fôlego. — Cadê sua educação?
O cara ri.
- Quanta petulância.
E eu que sou a petulante.
Tô sentindo uma puta duma dor de facão depois de subir essa ladeira do Satanás.— Chegamo!
Abro a boca porque não esperava que a casa dele fosse tão bonita. Paramos de frente a uma casa de dois andares amarela, com janelas de vidro fume, e sacadas de madeira.
É sem dúvidas a mais bonita entre todas do morro.
Tá ligado aquelas casas de gente rica? Pois bem, acho que só um vidro da sacada tem o valor do meu rim.
De longe, acho que sempre tive o sonho de viver em uma casa assim, só não pensei que seria dessa maneira.
— Fala Escorpião, trouxe a mina que tu pediu aí. — anuncia o cara.
— Beleza, Boca. Gringo tá precisando de tu lá em cima.
— Suave. — ele sai.
Escorpião sai da cozinha rindo, bebendo algo em um copo de alumínio, com a blusa no ombro.
— Tu tá bem?
— Tenho que responder mesmo? — suspendo o rosto pra olhar ele. — Cara, que merda de ladeira é aquela?
Ele abre os braços.
— Bem vinda a Caxias, meu morro, sua filha da puta mal-agradecida. — ele bebe mais. — Devia agradecer por te deixar ficar aqui.
Reviro os olhos, sabendo que realmente devo minha a vida a ele.
•••
Pra ser bem sincera, tô apavorada, mas pra quem uma vez disse que odiava traficantes, estou me saindo uma boa hipócrita.
Escorpião me mostrou o quarto onde vou ficar, tem uma vista linda pra caralho.
Posso até ver a vida dos outros!
Depois que ele saiu a casa ficou vazia, fico completamente desconfortável com isso. Deito no sofá pra assistir e acabo dormindo, quando acordo dou de cara com dois homens mal-encarados fumando no sofá na minha frente.
Grito e o cara de trás grita também.
— Que susto! — ele se levanta do chão — Caralho! Tu é maluca?
Me sento no sofá, aérea.
Ainda tô fazendo o download da minha alma.— Quem são vocês?
O homem de gorro ri e eu reconheço ele imediatamente — é o cara gato que eu tava encarando ontem, o cara com quem dancei.
Gatinho, nego não, mas deve trabalhar com o Escorpião também.
— A bela adormecida acordou.
— Tu que é a estranha aqui, então quem faz as perguntas é nois, princesa. — O outro fala e eu reviro os olhos.
— Obrigada pelo elogio, princeso. — sorrio. — Meu nome é Sol, quer o sobrenome também não?
— É bom. — o de gorro sorri torto — Quiser passar o telefone também, pó... Tô disponível.
Dou risada e ele levanta o celular na minha direção e desvia.
— Eu ia te dar, cara.
Ele levanta a sobrancelha, achando graça e eu jogo a cabeça pra trás, rindo também.
Boca entra na sala, cantando desafinado pra caralho.
— Coé, já conheceu os traste? Gringo e o feio aqui é o Rato.
Cruzo os braços.
— Nomes?
— Coisa sigilosa, fi, não pode sair dizendo não. — diz, serinho.
Gringo solta a fumaça do cigarro, me olhando.
Um homem alto e gatinho entra na sala.
— Gabriel, filha da puta!
Ele faz cara feia.
— Tá bom, Gabriel.
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OPOSTO$ [Vol.1]
Romance|LIVRO 01| EM REVISÃO Eu queria ter um futuro, mas já não sabia sequer se ia sobreviver por mais algumas horas, minutos ou segundos. Vivíamos em uma Roleta Russa, cuja a vítima poderia ser qualquer um e a qualquer hora. Mas eu queria que minh...