"Amor é fantasia por livre escolha."
- Poesia acústica 07Lumena Souza
Sabe quando alguém fala que daria tudo pra voltar no tempo?Acho que eu faria isso pra trazer o Neto de volta pra mim. Pô, se eu pudesse, eu não pensaria duas vezes e faria.
- Colfoi. - Gabriel aparece na cozinha, com a cara abatida pra caralho.
Olho em volta e não vejo a perfeitinha.
- Cadê ela?
Ele coça a cabeça e coloca o gorro.
- Foi embora.
Dou de ombros, voltando a fazer café.
- Se ligue, quero saber da qual foi. Tu não gosta da Sol, porque trouxe ela pra tua casa?
Deixo o coador na pia e olho pra ele.
Eu passo a porra do tempo todo dizendo isso.
- Porque ela te faz bem e tu sabe disso. - falo, relutante.
- Caô...
- Porra, Gabriel, seja homem e diga a verdade, caralho.
Ele me olha, bolado, mas eu nem ligo.
É horrível ver que a pessoa que tu gosta ama outra. Mas é pior ainda quando você não aceita isso.
A pior sensação.
Saio de perto dele e vou pro quarto, pego minha maleta de maquiagem e começo a fazer uma pele.
- Vai pra onde?
Olho através do espelho.
- Vou no cemitério. Era lá onde eu devia tá desde manhã.
Gringo senta na ponta da cama, olhando pro nada.
Eu posso ser o mais ruim que for, mas ver ele assim parte meu coração, sabe?
- Tu acha, acha que se eu tivesse lá no dia, teria sido diferente? Papo reto, tu acha?
Paro de passar o delineador e encaro ele.
Meu olho enche de lágrima só de lembrar da história toda e pior, saber que ele não sabe nem da metade, pô.
Saber que ninguém acredita em mim, é um dos piores golpes que tenho na vida.
- Não, Gabriel. Tu não ia poder mudar isso.
- Slc, eu não consigo esquecer não dá pra fingir que essa porra não aconteceu. - ele coloca a mão no rosto e começa a tremer.
E eu não consigo fazer nada pra ajudar ele a se sentir melhor.
Tudo o que posso fazer, é continuar fazendo o que sempre fiz, ficar com ele.
Querendo ou não, eu ainda sou completamente apaixonada pelo Gringo e não vou perder ele.
Não quero mais perder as pessoas que eu amo.
•••
Victor Lima | Vulgo Rato
Tô na biqueira tranquilão, esperando meu plantão acabar quando vejo ela passar com ele.
De imediato sinto uma raiva do caralho, pô.
- Colfoi daquele comédia? - Pablo aparece do meu lado.
- Se eu te der uma meta, tu manda ela pra vala pra mim?
Pablo sorri, apontando o fuzil lá pra baixo.
De longe, vejo Kayla subindo rapidão, com o olho arregalado.
- Que porra tu tá fazendo, cara? - Ela se mete na frente do fuzil.
Pablo olha pra mim, depois pra ela.
- Quer que eu dê um jeito nela também?
Suspiro.
- Não, eu conheço. - olho pra ela. - Colfoi, Kayla?
- Colfoi? Você perdeu o juízo?
Pablo ri e eu olho feio pra ele.
- Tua mulher ficou pistola.
- Aí, depois nós resolve isso. - Pablo desce a biqueira, indo em direção a boca. - Tu é uma intrometida, Kayla.
Kayla olho pra Cristina e o fulano lá em baixo.
- Não acredito que tu ia fazer isso, cara. Ia agir na covardia.
Ajeito meu fuzil nas costas, olhando o relógio.
- Namoral, aqui não tem isso.
- E você é igual a todos?
Olho pra ela, me odiando por ter sido igual a pouco segundos atrás.
Ela tá certa.
- Não, pô, eu não sou igual.
Olho pra Cristina indo pra fora do morro com ele, e fico pensando em como seria se eu tivesse no lugar.
Olho pro relógio. Meu plantão já acabou e nada do filho da puta do Boca.
Ele disse que ia ir no cemitério colocar as flores no túmulo do Neto e ia voltar pra assumir.
Até agora nada desse desgraçado.
- Tá com fome? - Kayla pergunta sorrindo, sorriso lindo do caralho mermão. - Segura aí.
Abro o saco, vendo um misto quente do jeito que eu gosto, pô. Nem sei como ela adivinhou isso.
Fico todo sem graça com essas parada.
- Porra, valeu.
- Cheguei nesse caralho. - Bruno apareceu cheio de terra. - Olha que desgraça que fizeram.
Me poquei de rir junto com Kayla.
- Colfoi aí, porra?
- Eu tava sentando atrás dos túmulo, colocando a porra da minha flor, quando a desgraça do coveiro jogou terra pra trás.
Kayla começa a rir de novo.
- Tu não fez nada não, né?
- Agora ele que cave a própria cova, filho de uma puta desgraçada.
Ele começa a limpar a roupa.
- Eu vou meter meu pé, bom trampo aí. - olho pra Kayla. - Tá afim de ir comigo?
Ela sorri de lado, segurando minha mão e tudo.
E eu não sei porque, cara, mas me sinto melhor agora segurando a mão dela.
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OPOSTO$ [Vol.1]
Romance|LIVRO 01| EM REVISÃO Eu queria ter um futuro, mas já não sabia sequer se ia sobreviver por mais algumas horas, minutos ou segundos. Vivíamos em uma Roleta Russa, cuja a vítima poderia ser qualquer um e a qualquer hora. Mas eu queria que minh...