† CAPÍTULO 28

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Hungria, Quebra-cabeça
"Eu me julgava sábio caí na armadilha quando provei dos teus lábios..."

Gabriel Andrade | Vulgo Gringo


Enganado tá quem pensa que nós não faz nada.

Odeio quando tem mercadoria pra descarregar, é sempre a mesma neurose. Bate desconfiança, medo dos caras nos pegar.

Além dos caras que é lerdo pra caralho.

Trampo né pra qualquer um não, pó, é insano. Se tu vacila, para na vala. Tem que se ligar, pegar a visão em tudo.

Qualquer coisa é motivo pra desconfiar.

- Pega a visão aí vocês com essa lerdeza do caralho. - falo, bolado já. - Quer dormir vai pra casa, desgraça.

- Tu tá muito estressado não? Qualé, a nega meteu o pé foi? - Leite vem cheio de gracinha.

Olho pra ele, mó sério pra ver se ele se toca e corta a intimidade.

- Se manca tu também, Leite. - aponto o dedo. - Falei nada não, se liga na parada aqui, não na minha vida.

- Ih, alá, ficou puto. Fica bravinho não, tô indo.

Saiu rindo e foi pro posto dele.
Papo reto mesmo, tenho paciência pra esses comédia não, principalmente igual ao Leite.
Comigo não tem essas, corto logo.

Madrugada parece que não termina, sono do caralho e ainda tenho que dá uma de babá. Por isso Escorpião fica puto, motivo é que não falta.

Duas é vinte e nove da madruga, só queria tá debaixo de um cobertor agora, dormindo com a morena... A morena?

Vem logo a feiticeira na cabeça. Namoral, isso aí foi macumba e das bem feita.

- Se alguém meter as caras, nós descarrega um pente na cara de um só. Sem ideia.

- Dá o papo pro Gerry aí, diz que já pode meter o pé. - digo, sério e Rato concorda.

Num tiro da cabeça as paradas lá que escutei.

Não tiro da cabeça aquela feiticeira do caralho.
Sol tá bagunçando legal minha cabeça.

Sol Santiago

Tô tentando manter a esperança, mesmo sendo difícil pra caralho.

Coloco a cabeça no travesseiro, mas invés de dormir, tô pensando em meio mundo de coisa.

Passo a mão no rosto e prendo o cabelo. Sem perceber, tô chorando.
É horrível se sentir assim...

- Quem foi que fez aquela porra com ela? - me assusto legal, mas quando me viro é Gabriel.

Ele encara meus olhos e real, acho que é a primeira vez que faz isso.

- Quem mais... - dei risada entre lágrimas.- Ivan.

- Desgraçado.

Ele joga o gorro pra longe, com tanta raiva que eu chego a ficar com medo. Se ele já é irritado normal, agora tá dez vezes pior, cara.
Me esforço pra tentar entender, mas não dá!

Gabriel passa a mão no rosto.

- Tu vai pra onde?

- Lugar nenhum não, pó. - puxo o braço dele, fazendo ele me olhar. - Vou fazer nada não.

Ele senta no meu lado da cama.

- Tô ligado que vacilei com aquelas ideia lá. - ele fala, suspendendo meu queixo. - Foi mal, Sol.

Passo meu braço por volta dele e encosto a cabeça no seu ombro.

- Eu sei que a gente não tem nada, mas eu gosto de você pra caralho. - digo.

- Ih, alá, xonou no bandidão.

Reviro os olhos e ele ri.

- Tu me faz bem pra caralho também.

Isso deve valer alguma coisa. Bem no fundo, no fundo mesmo, Gabriel tem um lado bom.

- Desculpa pelas coisas que falei.

- Já foi, pó! Mas se liga, tu sabe que eu me importo... - ele me puxa pra mais perto. - Vou deixar nada acontecer contigo não, pó. Se ligou?

Sento no colo dele e apoio minha cabeça no seu peito, sentindo sua respiração subir e descer.
Isso me acalma.

Gabriel passa a mão na minha perna.

- Gabriel?

- Hum. - Ele olha pra mim. - Que foi?

- Cê tá me escondendo alguma coisa?

Olho bem no fundo dos olhos dele, se ele tiver escondendo, sabe mentir bem pra porra, porque não demonstra nada.

- Eu não, pô.

OPOSTO$  [Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora