† CAPÍTULO 06

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Se quiserem, coloquem a música para acompanhar o capítulo.


Bruno Silva | Vulgo Boca

Poesia Acústica 11
"A medida do amor é amar sem ter medida."

  Faz um tempão que tô esperando Dayane sair de perto do urubu com que tava conversando. Nem sei quem é o muleque, mas já quero matar ele.

— Aí Dayane, quero bater um lero contigo. — Falo e ela se assusta. 

— Não tô a fim, Boca.

— Pó, deixa eu resolver a parada.

"Por que você foi assim? Sem pensar no que existiu? Nem uma despedida, uma contra partida ou uma esperança de um dia voltar"

— Tu teve a oportunidade de resolver antes e foi embora, não foi?

  Dayane se encosta no muro, com os braços cruzados, distante de mim e isso me dói pra caralho.

— Eu já sei que eu errei pra porra contigo.

"E mesmo que queria muito eu não errei,  não venha falar das coisas que não fiz."

— Que bom que você sabe, né? — Debochou,  roendo uma unha.

— Mas tô tentando, pó. Só preciso de uma chance pra reparar os bagulho.

— Do que vai adiantar? 

"Isso não vai nos levar a lugar nenhum,  não, você não ama ninguém, só não consegue lidar com a solidão, então arruma refém."

  Ela suspira quando uma Honda para na entrada da quadra.

— Não quero me machucar mais, Boca. — Tento me aproximar, mas Dayane me afasta com as mãos. — Vá embora.

   Real, não existe dor maior que ver que tu ama tão distante.

  "Só não consegue mater em suas mãos,  quem não tinha olhos pra mais ninguém."

— Você fudeu com minha vida.

"Não quero mais que me fale, foda-se quantas vezes eu já falhei."

— Lembra da gente, dos nossos momentos bons juntos...

  "No canto da boca uma meia risada, ah, quando lembro da gente."

— Tu não lembrou da gente quando tava lá. Tu jogou tudo no lixo, por causa de que?

"Dá aquela vontade de te abraçar,  só que cara vejo que cê não tá perto."

— Por causa de uma puta.

"Ela tem um jeito que me faz pensar que o mundo ainda tem valor, e que o amor faz sentido."

—  Eu sei, mas tô tentando melhorar, pó. Eu quero mudar.

— Não posso esperar que isso aconteça enquanto me machuco.

  Dayane começa a chorar e isso me parte o coração, papo reto.

  Como posso ser tão merda a ponto de fazer quem eu amo chorar, pó?

— Eu prometo...

Ela me corta:

— Não prometa coisas que não pode cumprir,  Bruno!

"Até tentei me declarar,  mas todos meus planos falharam, de tentar definir com palavras, o que os meus olhos sempre te falaram. "

  Pimenta se aproxima de nós dois e segura a prima pela cintura. Mesmo os dois sendo primos nunca gostei da intimidade que eles tem, na real nunca fui muito com a cara dele.
   Bicho falso.

— Qual foi aí? — Pergunta.

— Nada, Vinícius. — Dayane responde.

— Dayane. — olho pra ela.

"Não sei se você saca, que eu tenho o queijo e a faca, que sou um herói pirata com o por do sol nas mãos "

— Colê, véi, por favor.

"Um deus primata, que não quer ouro nem prata. Sou um homem de lata, que quis ter um coração."

— De novo na mesma ladainha, Boca?

      Encaro Dayane, mas ela parte em direção ao baile com Amora, um dos vapor de Gabe.

"Isso não vai nos levar a lugar nenhum um não, você não ama ninguém... "
  
  Tô me sentindo o filho da puta mais babaca do mundo, mermão.

  O que sinto por Dayane né de agora não, é desde a infância, mas nós nunca chegamos a oficializar nada, talvez pelas nossas diferenças: Dayane é filha de pais ricos, zona sul e eu sou da norte, um traficante. 
  Que futuro eu posso dar pra ela?
  
   Só que nós não escolhe de quem gosta.

Sol Santiago

   Do nada a televisão desliga, olho pro lado e ele tá rindo.
   Cara imbecil, véi.

— Poxa, Gabriel, tava na melhor parte.

  Ele ri, suspendendo o controle em cima da cabeça.

— Só te dou se tu me der um beijo. 

— Se é tão fácil assim por que não disse  antes?  — pergunto e ele suspende as sobrancelhas.

    Ele se aproxima de mim, sinto o hálito dele no meu rosto e olho para sua boca. Não consigo desviar o olhar.

   Nossos lábios finalmente se juntam e me pergunto por que não fiz isso antes.

— Se soubesse que ia ser assim, não tinha demorado tanto. — ele diz, beijando meu pescoço.

  Nossas testas estão coladas, nossos lábios se encostam  pela segunda vez e o beijo é quente e calmo, mas aumenta conforme Gabriel me puxa pra mais perto.

— Caralho. 

   Suas mãos envolvem minha cintura, até que ele diminui a velocidade e me encara mó sério.

Eu hein!

Tô prestes a perguntar porque parou, mas ele pergunta:

— Amor ou curtição?

  Depois eu que sou a estranha.

— Depende...  — respondo, pensando. 

— Do que?

— Da pessoa.

    Ele sorri, e eu tenho certeza que sua 
resposta seria curtição.

   Mas quem se importa? Pego mas não subo no altar, baby! 

   Mais uma vez, ele me observa, me encara por tempo suficiente pra me deixar sem graça, real.

— O que foi, porra?

  Gabriel balança a cabeça bem na hora que a porta abre, assustando nós dois.

— Eita! — Bruno sorri, acho que ele tá bêbado. — Safadinhos, hein. Só esqueceram de trancar a porta.

— Tá fazendo que porra aqui? — Gabriel pergunta,  irritado.

— Atrapalhei foi?

  Gabriel murmura um "imagina"  e eu dou risada.

OPOSTO$  [Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora