† CAPÍTULO 31

8 4 0
                                    

Vida de boy - Hungria
"Uns falam bem, outros falam mal, eu apenas vivo do jeito que sei"

Gabriel Andrade | Vulgo Gringo

Eu cresci e vivi durante a minha infância toda com o Neto. Não tinha um lugar que eu tivesse e o Nicolas não.

Era meu irmão, tipo irmão, irmão mesmo, pro que der e vier, tá ligado?

Ele foi o primeiro a entrar nessa vida de ilusão, querer dinheiro fácil e Escorpião foi a porta de entrada da vida errada do Nicolas.

Tô ligado que cada um é responsável pelas suas escolhas, mas sempre tem um ali pra motivar a fazer as paradas, a seguir o rumo errado e no final sempre fodem nem que seja um pouco a vida do outro.

No caso do Neto não foi um pouco...

Neto morreu em confronto com polícias, segundo Escorpião, que já entraram atirando. Como sempre.

- Nem quero papo depois do papelão que tu deu da última vez. - solto a fumaça do cigarro. - Diz o que tu quer.

Lumena senta no sofá.

- Culpa foi minha não, foi da piranha lá.

Faço cara feia.
Quer vir chamar a mina de piranha na minha cara.

- Coé, só queria provar que te amo.

- Deixa de caô, Lena. - Giro o dedo em volta. - Tu ama a contenção inteira.

Ela me encara.

- Eu amava o Neto.

Esperava esse papo dela não.

Num tem como aparecer um e dizer que isso aí é mentira, pó. Se tem alguém que amava o Nicolas era Lumena e até eu tenho que assumir essa parada.

E não era amar fogo não, era gostar mesmo. Chegava a ser um bagui bonito até.

- Eu amava ele e ele tá morto nessa porra...

- Já foi! Supera. - corto.

- Superar? Tu acha mesmo que vou superar o que fizeram, Gringo? - Noto as lágrimas caindo no rosto dela e bate um aperto. - Tu sabe o quanto amei...

Viro o rosto e dou mais una tragada no cigarro, solto a fumaça.

- Tu tem que deixar essas paradas no passado. - Aponto o cigarro pra ela.

- Não acredito nessa ideia que foi polícia... Foi Escorpião. Foi ele, pó.

Olho pra ela, perdido a bessa, com uma dor de cabeça do caralho e doidão já.

***

Bruno Silva | Vulgo Boca


Tem horas que bate a vontade de mandar todo mundo tomar no cú, sem ideia mesmo.

Se tu não tem ninguém e vive pegando um e um, tu é errado, se tu gosta de alguém e quer casar, tá errado também.

Porra véi.

- Só acho que essa menina não é pra você e pronto. - Camila diz, dando de ombros.

Olho pra ela, cheio de ódio já.

- Pena que tua opinião não muda porra nenhuma, caralho.

- Ih...

Madalena aparece na sala segurando uma panela.

- Fala direito com sua irmã, Bruno.

- Namoral, ela que tá falando merda aí, pó.

Camila levanta e abaixa o short, que parece mais uma calcinha. Antes nem usasse short.

- Só falei a verdade, tu que não aguenta.

- Se liga, é melhor tu ir botar uma roupa e esquecer minha vida. - Falo, apontando o dedo. - Bota vergonha nessa tua cara, quando eu te ver daquele jeito lá de novo, vou te tirar de lá pelo cabelo, se ligou?

Madalena se mete na frente.

- Você não é meu pai! - Ela grita, achando que aguenta comigo. - Não manda na minha vida, porra.

- Parem com isso!

Pego minha arma e coloco na cintura, abro a porta.

- Faz de novo pra tu ver, faz! Tu abre o olho lá com teu namorado, ele também né flor que se cheire não.

- Pelo menos eu gosto de alguém a altura.

Nem dou mais intimidade, bato a porta.

Eu amo a Dayane, pó, ninguém vai mudar isso não.
Ninguém.

OPOSTO$  [Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora