† EPÍLOGO

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Dois meses, mas parece que já faz uma cota.

O morro tá em alerta, porque todo mundo tá ciente que o Ivan quer invadir, só que ninguém sabe quando.

Depois daquele dia na casa da Lumena, eu não vi mais Sol e nem quero, pô.

Tô tentando me manter distante, numa dessas vou acabar magoando ela.

  Fiquei sabendo que ela tá ficando com o Pimenta e tô torcendo namoral pelos dois.  Mesmo que eu goste, só quero felicidade pra ela, tudo de bom. Mesmo que ele não valha nada, eu tô torcendo do fundo do coração.

   Olho o morro do alto e fico me perguntando se algum dia essa porra toda vai ter sentido, porque na real, eu não consigo ver nada.

Solto a fumaça do cigarro e olho lá pra baixo.

Tanta coisa mudou nós últimos meses, eu mudei, mesmo assim, não consigo vê sentindo.

— Continua fumando, Gringo? — ouvir a voz dela me faz sorrir. 

Sol sorri de lado.

— Velhos hábitos não mudam, né?

Sorrio, vendo ela se sentar no meu lado.

— Bonita vista, né?

— Já parou pra pensar que tudo podia ser diferente aqui?

— Como assim?

— Lembra quando a gente tava na praia naquela vez e você me perguntou sobre o futuro? 

Concordo.

— Você acha errado sonhar? Acha errado?

Olho pra ela, brisado, mas entendendo cada palavra que ela diz.

Sem me importar com as barreiras, concordo, sorrindo até.

— Tu não tá errada… Sonhar não é errado quando é tudo o que se tem… — repito e ela sorri.

— Eu quero sonhar, Gabriel.

— Eu te admiro pra caralho por isso.

Ela pega o isqueiro do Neto da minha mão e olha pra mim.

— Sinto muito por ele. — concordo, perdido. — Mas você não teve culpa nenhuma, e sabe disso, não é?

— Eu não consigo simplesmente esquecer, saca? Eu podia ter feito mais, e fui um inútil. Eu quebrei a promessa.

— Não se responsabilize pelas atitudes dos outros. Você é você, não pode mudar isso.

— Desculpa.

Olho pra ela, sentindo um ar diferente.

Essa parece nossa despedida, dá pra sentir isso de longe.

— Por que isso tá parecendo uma despedida? — ela pergunta. — É como se eu não fosse te ver mais, porra.

— Eu vou fazer o impossível pra gente se vê de novo.

— Uma promessa?

— É uma promessa, tá ligado? Não costumo quebrar promessas…

A única que quebrei é a que nunca consigo esquecer…

Sol levanta o dedo.

— Aqui vai a minha; prometo nunca te deixar sozinho, Gabriel. Não importa o que aconteça.

Dou risada.
Namoral, nem acredito que tô fazendo isso.

— Jaé… Prometo que vou te proteger, nem que o mundo se acabe, vou deixar algo ruim acontecer com tu.

— Não preciso disso, cara.

Reviro os olhos e fico em pé na sacada, puxando ela.

— Olha pra isso aqui, Sol. Acha que não precisa?

— Eu tenho dedo podre pra homem mesmo. — Dou risada.

Sinto um aperto no peito.

— A gente tá sempre tão perto, mas tão distante ao mesmo tempo. Será que isso nunca vai mudar?

Desvio o olhar.

— Quero que tu saiba que independente da gente tá junto ou não, eu vou sempre tá zelando por ti, suave? — olho nos olhos dela, vendo as lágrimas começar a se formar. Seguro o rosto dela. — Chora não, que eu não gosto de te ver chorar, meu amor. — ela chora ainda mais. Limpo as lagrimas. — Eu te juro que eu vou fazer de tudo pra tá contigo. Sempre, Sol.

— Eu te amo.

Ela me abraça, e eu fico paralisado.

— Eu também te amo, porra.

— Mas só o amor não é suficiente e eu entendi isso.

Ela se levanta e pula pra laje, antes de ir ela me olha e sorri.

E dessa vez, tô ligado que é definitivo.

OPOSTO$  [Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora