† CAPÍTULO 27

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Maré,
MC Cabelinho, Ariel Donato, DJ Juninho
"Na favela agora eu sou rei
E a diferença nós tira na bala..."


Gabriel Andrade | Vulgo Gringo

Tô aqui na força do ódio, papo reto.

Victor veio pesar a mente, me chamando de vacilão e só porque me viu fumando. Sou filhote não, pó, sei o que faço e não preciso que ele venha me dizer nada.

Não escuto minha mãe, parceiro, quem dirá ele! Considero pra caralho, mas minha vida é só minha, tem essas ideias não.

- Viaja não, Rato. - Viro o rosto e acendo um cigarro.

Victor levanta do sofá e coloca a mão no meu ombro. Se fosse outro eu até tirava, mas o muleque é mó firmeza comigo.

Meu irmão.

- Pó, tu sabe que tô falando isso porque me importo.

- Tô ligado dessas fita aí, mas eu sei o que eu faço.

Tiro a mão dele do meu ombro.

- Tu tá assim por causa do Neto, né?

Olho pra ele.

- Ele morreu, já foi...

- O desgraçado do Ivan matou ele. - Digo, cortando. - Esquece essas paradas, jaé?

- Jaé.

Levanto e sigo rumo ao corredor.

- Manda o LK brotar lá na boca em dez.

Sol tá me deixando bolado também, a gente veio o caminho todo discutindo, até que ela falou um bagui que me deixou grilado.

Tô ligado que ela tá com a cabeça a mil com as paradas que o vagabundo do Ivan fez. Eu sei de muita coisa que nem ela mesma sabe e isso tá me matando pacas.

Se ela descobrir... Juro que nego até o fim, me finjo de maluco, mas não vou assumir pra perder ela.

Faço tudo só pra não perder ela.

- Se for pra falar merda, melhor nem chegar perto. - ela fala, quando entro dentro no banheiro.

Banheiro de hospital de gente rica é grande pra caralho, agora quando tu entra no banheiro de um hospital de pobre, você não consegue nem se mexer no cúbico.

- Falei nada não, preta.

- Agora é preta... - ela prende o cabelo.

Envolvo meus braços na sua cintura e beijo seu rosto.

- Agora e pra sempre, minha preta.- falo. - Se liga, vou meter o pé pra resolver uns b.o lá no morro.

- Tu não vai ficar comigo, pó?

Ela coloca a cabeça no meu peito.

- Vou voltar mais tarde, mas o Victor vai ficar contigo.

Mexo no cabelo dela, viro o rosto pra cima e beijo seu ombro.

- Você tá no banheiro feminino.

- Tô nem aí.

O celular dela vibra e ela pega no bolso. Sol olha pra tela e depois para mim, já cismei legal.

- Qualé, mais mensagem do Ivan?

Ela nega.

- É só... - Vou pro lado dela e olho no visor.

Não bastar render papo, deu até o número pro vagabundo.

- Colê caralho, até o número tu deu pra ele?

- Não começa não, pó, a gente tava de boa a um segundo. Deixa de maluquice.

Sol vira, mas eu seguro o braço dela.

- Se liga pó, tu pega sua visão. - aponto o dedo. - Por que tu tem o número dele?

- Porque sim, caralho! Ele pediu minha ajuda com umas coisas...

- E tu é o que? Irmã Dulce? - corto logo.- Deixa de baratino, pó.

- Acho que você tá machucando o braço dela. - Alguém fala.

Olho pra trás e vejo um cara de jaleco.

- E tu tem o que a ver com isso, mané? Tô conversando com ela aqui, te perguntei nada não.

Mó tirado a machão o maluco.

- Acho que o senhor sabe ler, não sabe? Lá na frente tem uma placa dizendo "banheiro feminino".

- Sei ler sim, filhão e tu, entrou porque não sabe ler ou porque joga em outro time?

- Você falou o que?

O cara começa a andar, me peitando mesmo, alá. Esse não tem medo de morrer não.

Sol entra no meio.

- Vou fazer nada com esse comédia aí não.

Olho pra ela e faço sinal com mão.

- Depois nós conversa.

Olho pro filho da puta de jaleco e antes de sair do banheiro coloco a mão na minha arma na cintura.

O maluco abre mó olhão e eu dou risada.

OPOSTO$  [Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora