Maré,
MC Cabelinho, Ariel Donato, DJ Juninho
"Na favela agora eu sou rei
E a diferença nós tira na bala..."
Gabriel Andrade | Vulgo GringoTô aqui na força do ódio, papo reto.
Victor veio pesar a mente, me chamando de vacilão e só porque me viu fumando. Sou filhote não, pó, sei o que faço e não preciso que ele venha me dizer nada.
Não escuto minha mãe, parceiro, quem dirá ele! Considero pra caralho, mas minha vida é só minha, tem essas ideias não.
- Viaja não, Rato. - Viro o rosto e acendo um cigarro.
Victor levanta do sofá e coloca a mão no meu ombro. Se fosse outro eu até tirava, mas o muleque é mó firmeza comigo.
Meu irmão.
- Pó, tu sabe que tô falando isso porque me importo.
- Tô ligado dessas fita aí, mas eu sei o que eu faço.
Tiro a mão dele do meu ombro.
- Tu tá assim por causa do Neto, né?
Olho pra ele.
- Ele morreu, já foi...
- O desgraçado do Ivan matou ele. - Digo, cortando. - Esquece essas paradas, jaé?
- Jaé.
Levanto e sigo rumo ao corredor.
- Manda o LK brotar lá na boca em dez.
Sol tá me deixando bolado também, a gente veio o caminho todo discutindo, até que ela falou um bagui que me deixou grilado.
Tô ligado que ela tá com a cabeça a mil com as paradas que o vagabundo do Ivan fez. Eu sei de muita coisa que nem ela mesma sabe e isso tá me matando pacas.
Se ela descobrir... Juro que nego até o fim, me finjo de maluco, mas não vou assumir pra perder ela.
Faço tudo só pra não perder ela.
- Se for pra falar merda, melhor nem chegar perto. - ela fala, quando entro dentro no banheiro.
Banheiro de hospital de gente rica é grande pra caralho, agora quando tu entra no banheiro de um hospital de pobre, você não consegue nem se mexer no cúbico.
- Falei nada não, preta.
- Agora é preta... - ela prende o cabelo.
Envolvo meus braços na sua cintura e beijo seu rosto.
- Agora e pra sempre, minha preta.- falo. - Se liga, vou meter o pé pra resolver uns b.o lá no morro.
- Tu não vai ficar comigo, pó?
Ela coloca a cabeça no meu peito.
- Vou voltar mais tarde, mas o Victor vai ficar contigo.
Mexo no cabelo dela, viro o rosto pra cima e beijo seu ombro.
- Você tá no banheiro feminino.
- Tô nem aí.
O celular dela vibra e ela pega no bolso. Sol olha pra tela e depois para mim, já cismei legal.
- Qualé, mais mensagem do Ivan?
Ela nega.
- É só... - Vou pro lado dela e olho no visor.
Não bastar render papo, deu até o número pro vagabundo.
- Colê caralho, até o número tu deu pra ele?
- Não começa não, pó, a gente tava de boa a um segundo. Deixa de maluquice.
Sol vira, mas eu seguro o braço dela.
- Se liga pó, tu pega sua visão. - aponto o dedo. - Por que tu tem o número dele?
- Porque sim, caralho! Ele pediu minha ajuda com umas coisas...
- E tu é o que? Irmã Dulce? - corto logo.- Deixa de baratino, pó.
- Acho que você tá machucando o braço dela. - Alguém fala.
Olho pra trás e vejo um cara de jaleco.
- E tu tem o que a ver com isso, mané? Tô conversando com ela aqui, te perguntei nada não.
Mó tirado a machão o maluco.
- Acho que o senhor sabe ler, não sabe? Lá na frente tem uma placa dizendo "banheiro feminino".
- Sei ler sim, filhão e tu, entrou porque não sabe ler ou porque joga em outro time?
- Você falou o que?
O cara começa a andar, me peitando mesmo, alá. Esse não tem medo de morrer não.
Sol entra no meio.
- Vou fazer nada com esse comédia aí não.
Olho pra ela e faço sinal com mão.
- Depois nós conversa.
Olho pro filho da puta de jaleco e antes de sair do banheiro coloco a mão na minha arma na cintura.
O maluco abre mó olhão e eu dou risada.
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OPOSTO$ [Vol.1]
Romance|LIVRO 01| EM REVISÃO Eu queria ter um futuro, mas já não sabia sequer se ia sobreviver por mais algumas horas, minutos ou segundos. Vivíamos em uma Roleta Russa, cuja a vítima poderia ser qualquer um e a qualquer hora. Mas eu queria que minh...