† CAPÍTULO 51

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"Cada lágrima minha, pertece a uma dor diferente."
- Sonhos

Kauã Santiago | Vulgo Vargas

Abaixei do lado da minha piveta e segurei a mão dela com força. Se ela tivesse acordada ia me dá um tapa, disso eu tenho certeza.

Vê minha irmã assim, me parte o coração.

— Eu sei que tu tá aí, cara de broa. 16:30 — Tina sorri de lado no canto da porta. — Eu tô aqui, tá bom? Tu tem que ficar boa logo e voltar pra mim.

Beijo a testa dela.

— Tá me ouvindo? Levanta a bunda dai.

— Como cê tá? —Tina pergunta, assim que eu levanto.

Parece que ela não dorme a mo cota.

— Na correria, pô... — ela balança a cabeça. — E você? Como anda as paradas das fotos?

Tina da de ombros e só por aí já sei que ela tá me escondendo as paradas.

— Coé, tu sabe que pode me falar qualquer parada, pô.

Ela da risada.

Posso até ter terminado tudo com ela, mas eu sei que nunca vou deixar de amar essa mulher.

Antes eu pensava que se eu abrisse mão dela agora, nós nunca mais íamos nos encontrar. Hoje eu sei que se tiver que ser será.

Se nós tivemos que nos encontrar, vai acontecer.

Eu amo ela, isso não vai mudar. Me afastei pra proteger, sei que ela sabe disso.
O tempo não muda nada que tiver que ser.

— Tive que dá um tempo e também tô sem câmera...

— Caô, por que não me disse? Sabe que eu te dava o dinheiro.

Cristina nega, séria.

— Cê sabe que não gosto de pedir dinheiro a ninguém, Vargas.

Reviro os olhos, me aproximando dela.

— Kauã, Tina, tu não precisa me chamar assim, pô.

De tudo, ela fez o que eu menos esperava. A maluca me me abraçou de um jeito que eu a muito tempo não tinha sentido, pô.

Até eu ver minha camisa molhar, afasto ela, limpando as lágrimas.

— Não gosto de te ver chorar não, colê.

— Eu sinto saudade de você, Kauã. —  ela fala. — Não quero te perder.

— Quem disse que tu vai me perder? Eu tô aqui pô. — seguro o rosto dela. — Vou tá aqui pro que precisar, Jaé?

Ela concorda e beijo a testa e dela.

— A gente num tá mais junto...

- Tu sabe que tinha que ser assim, mas eu te prometo que vou tá aqui contigo até quando não der mais.

- Não quero que você morra. Promete pra mim.

Minha garganta seca, porque mesmo que eu queira, não posso prometer algo que não vou cumprir.

- Promete pra mim que tu vai seguir em frente? - peço.

•••

Victor Lima | Vulgo Rato

Ninguém nunca tá preparado pra ver um parceiro em um caixão, namoral.
Não é o primeiro, mas o baque é sempre o mesmo ou pior.

A parada com o Amora foi que eu treinei ele, querendo ou não não, ele se tornou um amigo pra mim.

A mãe dele passou mal quando soube de tudo, e o pior foi que eu tive que explicar a parada. A dor dela fez um buraco no meu peito, papo retão, nunca senti tanta pena na minha vida.

Se eu pudesse, evitava isso a todo custo, nem que pra isso perdesse a vida.

Fico até o final do enterro, já que Bruno teve que dá uma prosa com Dayane.

Subo na moto e vou em direção ao barraco e paro na porta quando vejo a irmã dele, paradinha na porta.

Amora sempre falou bem da irmã, elogiava até cansar mesmo. Na real, ela é gata pra caralho mesmo.

- A coroa tá melhor? - pergunto e ela me encara.

Os olhos dela me medem e ela nega.

- Tá na mesma.

Puxo meu celular da cintura e entrego a ela.

- Coloca teu número aí.

Ela me encara, sem entender nada.

- Coloca logo, pô, pra se tu precisar de alguma parada. - ela digita e me entrega o celular. - Vou te mandar um oi.

KAYLA | MENSAGEM

16:30
Rato aqui, salve

Ela concorda.

- Qualquer coisa tu me passa a visão, Jaé?

Subo na moto passando o fuzil nas costas.

- Ele falava de mim? - Ela perguntou, com os olhos cheio de lágrimas. - César ainda pensava na gente?

Me viro.

- Ele nunca esqueceu de vocês, morena. Não tinha um dia que ele não falasse de você.

Ela sorri, limpando as lagrimas.

- Tu sabia que ele tinha uma filha?

Nego.
Eu devia ter notado o jeito que ele falava de crianças.

- Helen era uma garota do afasto, mas ela acabou morrendo em uma invasão policial e perdeu o bebê. Ele ficou anos sem saber o que fazer, até decidiu fazer tudo da pior forma possível.

- Foi a escolha dele, não dá em nada pensar nisso.

Kayla ri, debochando.

- Ele tá morto por conta dessa escolha aí.

- Pra tu morrer aqui, só é preciso tá vivo. - dou partida na moto, passando por ela. - fé.

Meu celular começa a tocar quando saio do banheiro, vejo o nome da Tina na tela e ignoro, mas ela insiste umas cinco vezes e atendo.

TINA | LIGAÇÃO

- Rato.

- Colfoi, Tina. Quer que tá pegando?

- Tenho boas notícias.

- Solta a voz.

- Sol acordou, vem pra cá.

OPOSTO$  [Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora