༄ Capítulo XLII ༄

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ALERTA GATILHO: Relação abusiva, abuso sexual e aborto ( preparem os lenços )

Pov. Mackenzie Dempsey

Massimo estava sozinho comigo, no meu apartamento. Sozinho. Eu e ele. Não sei se essa ideia me fazia tremer ou se eu deveria confiar que ele não faria nada. 

Depois que eu disse que precisava conversar com ele, Massimo me deu carona até em casa e subiu comigo. Era o melhor lugar pra gente poder conversar, minha mãe passaria a noite trabalhando. Na verdade eu até me senti bem, eu tinha medo de ficar sozinha em casa de noite, e por alguma razão eu não o temi quando entramos no meu quarto. 

Meu coração estava acelerado pelo o que eu tinha pra falar, se ele fizesse aquilo de pegar meu pulso de novo veria o quanto estou nervosa.

- Posso sentar na sua cama ou só depois de te chamar pra jantar? - brincou comigo tentando aliviar o clima pesado, era evidente o meu nervosismo. 

- É melhor sentar. - digo e ele me obedeceu sem dizer nada. 

Seus olhos analisam meu pequeno quarto, talvez em busca de algo que o faça me decifrar mais, mas não tem nada a vista, apenas uma cômoda onde guardo minhas roupas e minha escrivaninha com meu computador. 

Pego a cadeira da escrivaninha e me sento de frente pra ele, minhas mãos estão suando, o nervosismo me consumindo. Deveria ser mais fácil contar à um estranho o que aconteceu. Ele não conhece as pessoas, não viveu tudo aquilo comigo e... Não pode fazer nada. 

- Você me perguntou uma vez o que meu ex namorado fez comigo. - engulo o seco e seus olhos se estreitam - Vou te contar tudo.

Massimo concordou puxando a cadeira para mais perto da cama, ela era de rodinha e deslizou até ele com facilidade. Ele parecia calmo, pronto para escutar qualquer coisa do que eu dissesse.

- Quando eu conheci Ryle, foi igual a você. Ele ficava atrás de mim sendo carinhoso, legal, totalmente afetivo. Parecia um príncipe, doido pra fazer qualquer coisa por mim. - sussurrei com a voz trêmula - Eu estava no primeiro ano, tinha acabado de completar quinze, mas já era bem madura pra minha idade, consequência de crescer sem um pai e com uma mãe que passava o dia todo trabalhando fora.

Massimo permaneceu em silêncio esperando pelo momento em que toda história ia começar a desandar. Seus olhos analisavam cada expressão minha, suas mãos puxaram as minhas pra ele em busca do meu pulso, provavelmente pra saber como eu me sentia. Nervosa, completamente nervosa. Foi horrível reviver anos que eu trabalhei duro para esquecer. 

- Ryle tinha dezenove, fazia faculdade, a família dele era podre de rica, e por isso nunca entendi o que ele tinha enxergado em mim, mas minhas amigas falavam que eu era uma garota de sorte, porque elas com certeza gostariam de estar em meu lugar. - suguei o ar para os meus pulmões, meus lábios tremeram - Minha mãe teve que se mudar pra Vegas por uma proposta da Sugar e ele implorou pra que me mudasse pro seu apartamento. Sempre odiei estar sozinha então acabei aceitando, já que eu estava perdidamente apaixonada pela imagem de bom samaritano que ele passava. Acontece que no primeiro fim de semana que fui pra lá, ele chamou uns amigos para assistirem um jogo. Eles me drogaram e, quando eu acordei, não sabia o que tinha acontecido direito. 

Suas mãos apertaram levemente meu pulso reconhecendo o que tinha acontecido naquela noite, Massimo não era um idiota.

- Na época só imaginei que tivesse bebido demais e feito sexo violento. Eles gravaram no celular, mas eu nunca consegui ver. Ryle começou a ser controlador, não me deixava usar shorts e vestidos, não podia mais sair com as minhas amigas, e nem usar maquiagem, ele dizia que estava me protegendo de homens com intenções ruins. - ri de forma irônica - Os dias de jogo e as festinhas se tornaram frequentes, eles me drogavam, me estupravam e deixavam tudo guardado em vídeos. Acho que a faculdade dele toda via e todos achavam que eu fazia porque queria. - senti meu olhos ficarem marejados e minhas pernas tremerem - Ryle começou a ser agressivo e me bater, ele dizia que eu havia feito coisas ruins então se ele me batesse a culpa era minha, e eu acreditei.

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