༄ Capítulo XCI ༄

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Pov. Carlotta Bazzoli

Senti braços envolta de mim quando acordei. Estava deitada e Gemma acariciava meus cabelos enquanto fungava baixinho. Savio estava em pé com um copo de água e Diego havia sumido com a Toni.

- Bebe. - Savio me entregou o copo e o alcancei com a mão trêmula.

Havia desmaiado, eu estava em um leito da enfermaria e do outro lado havia uma mulher de uniforme azul claro e uma touca floral sorrindo para mim de forma atenciosa.

- Seu irmão avisou que você não comeu quase nada ontem. - a mulher disse, deveria ser a enfermeira.

Não respondi, olhei em direção ao Savio e a Gemma e me levantei um pouco tomando alguns goles da água.

- Está melhor? - Gemma sussurrou e eu acenei terminando de beber.

Savio estava sério, suas expressões frias, mas pelo seu olhar eu via a preocupação que ele tinha por eu ter desmaiado. A enfermeira me ajudou a sentar na cama e escutei o barulho de velcro quando ela colocou o medidor de pressão no meu braço.

- Onde o Diego foi? - perguntei para minha irmã que suspirou.

- Ele foi... organizar o funeral, avisar a família e essas coisas. - sua voz estava melancólica.

Funeral. Por alguns instantes eu havia me esquecido do motivo que me fez apagar. Minha mãe havia ido, e eu não tive a chance de me despedir porque acharam que fosse melhor que eu não soubesse que ela havia piorado. Eu entendi que eles temiam pela minha saúde, mas mesmo assim achei injusto.

Meu peito estava apertado e uma nova onda de tristeza tomou conta do meu corpo, eu queria gritar e chorar, mas continuei em silêncio olhando para um ponto aleatório na parede.

- Sua pressão está boa.  Você está sentindo alguma coisa? Enjôo, dor...

- Estou bem. - interrompi a enfermeira.

- Certo, você tem sentindo algum mal estar nos últimos dias? Atraso menstrual ou...

- Eu sou virgem. - resmunguei e ela concordou olhando de canto para o Savio, talvez achasse que eu estava mentindo - Eu só quero ficar sozinha.

- Vou pedir pra alguém trazer algo pra você comer, gosta de gelatina? Alguns biscoitos? - perguntou de forma cautelosa e suspirei acenando, talvez assim ela parasse o interrogatório, esse plano de saúde que o Savio pagava era realmente bom, um desmaio e eu ganhava gelatina.

Finalmente a enfermeira deu seu último sorriso, escreveu algo na prancheta e se afastou fechando a cortina do leito. Gemma me olhava apreensiva, suspirei encolhendo os ombros abraçando meus joelhos.

Me peguei pensando em quantas pessoas estariam presentes no funeral da minha mãe. Ela mal costumava sair de casa, a única companhia desde que meu pai morreu sempre foi a da minha tia. Minha mãe não tinha amigos ou uma família enorme pra se preocupar, mas eu sentiria sua falta, muita falta.

- Você vai pra mansão com a gente. - Savio avisou me tirando do fundo da minha tristeza.

Ele não sabia, mas estava me jogando em um abismo sem fim. Conviver com Alessio todos os dias seria horrível agora que não estávamos mais juntos, mas Savio já devia saber, aquela altura Gemma já devia ter lhe contado sobre o rompimento.

Pensei em recusar a proposta, mas seria a segunda vez hoje e normalmente eu amava ir pra lá, não queria que Savio desconfiasse de algo e apenas concordei com a cabeça imaginando que houvesse a probabilidade de eu evitar ver Alessio, afinal, a mansão era grande.




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