༄ Capítulo VIII ༄

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Pov. Mackenzie Dempsey



Ele me olhava com aqueles olhos quase cinza como se tentasse me decifrar, como se os seus encantos estivessem quebrados. Eu sabia que homens como ele não costumavam conhecer garotas como eu, do tipo que estava quebrada. 

- Não sou só um Falcone, baby. Eu sou o Falcone. - ele abriu um sorriso de canto mostrando a fileira de dentes perfeitos. Com certeza aquele era o tipo de sorriso que fazia as mulheres se derreterem.

Revirei meus olhos e ri fraco, eu tive um dia horrível, não estava bem e não tinha tempo pra lidar com caras que só querem uma boa transa. 

Vejo seus dedos brincarem com o copo cheio em sua frente e por mais que eu estivesse precisando muito de uma bebida, eu jamais aceitaria algo dele, esses caras não davam nada sem esperar algo em troca. 

- Bom, Falcone, eu preciso ir. Queria dizer que foi um prazer te conhecer, mas minha mãe me ensinou a não contar mentiras. 

Não espero por uma resposta sua, até porque a sua reação já o entregava, ele com certeza não esperava por algo assim. Aperto a alça da mochila contra meu ombro e saio de lá. 

Minha mãe ainda precisava atender alguns clientes e por mais que esse fosse seu trabalho e ela lidasse com isso de forma normal, eu preferia dar a ela outra vida, só precisava conseguir algo melhor pra ambas. 

Vi minha bicicleta preta encostada contra a parede perto da porta dos fundos da Sugar Trap e ri ao ver os carros fantásticos do outro lado no estacionamento. Eu era fascinada em carros, e reconheci a Lamborghini e o Porsche parados ali, provavelmente eram dos Falcones. Eles tinham dinheiro de sobra pra ter o carro que quisessem.

- Sentiu minha falta, ferrugem? - brinco colocando a bolsa no cesto pequeno que eu havia colocado na frente da bicicleta. 

Ela foi um presente de aniversário da minha mãe para eu ir pro meu primeiro emprego, aos quatorze anos, na Califórnia. Era uma sorveteria perto de casa, eu sabia que me dar a bicicleta foi sua forma de me incentivar a correr atrás das minhas próprias coisas. 

Pedalei um pouco até chegar ao meu novo emprego, uma lanchonete. Eu adorava cozinhar, estava tentando uma faculdade de gastronomia, sabia que era um pouco arriscado e não renderia tanto dinheiro como eu gostaria, mas era minha paixão e se eu conseguisse fazer meu nome na culinária quem sabe eu conseguisse ajudar um pouco mais minha mãe. 

Deixei a bicicleta encostada na porta dos fundos, eu nem me preocupava, duvidava que alguém fosse querer roubar algo com aquelas condições. Pelo tempo, o ferro estava um pouco desgastado, então ela também não era muito atrativa, mas ainda era tudo o que eu tinha. 

Entrei depressa carregando minha mochila comigo, não havia nada além de livros dentro dela, mas as pessoas de hoje achavam formas de vender até livros escolares. 

- Me atrasei? - perguntei um pouco ofegante.

Vi Ophelia minha gerente me olhar de cima abaixo enquanto eu colocava no canto da cozinha minha mochila. Eu estava ali cobrindo o turno da Sabrina, uma das nossas cozinheiras, ela estava de atestado e como eu precisava de uma grana extra não pensei duas vezes em aceitar. 

Não era uma lanchonete tão grande, tinha uma decoração anos 80 em vermelho e piso xadrez. Os bancos eram de couro e a cozinha era a única parte não temática do ambiente já que ninguém entrava ali além dos funcionários, mas o ambiente em si era até agradável de se trabalhar. 

- Só prenda esse cabelo e coloque o avental, a lanchonete está cheia hoje, pequena estrela. - ela me apelidou assim quando descobriu que eu costumava cantar e tocar perto das capelas da cidade em busca de mais dinheiro. 

Cantar para pessoas que estavam se casando rendia alguns trocados consideráveis e era bom colocar meus sentimentos em letras de músicas novas, apesar da minha cabeça ser uma bela confusão.

- Deixa comigo. 

Coloco meu avental e prendo meu cabelo em um rabo de cavalo. O aroma maravilhoso de hambúrgueres na chapa me toma, mantenho meu melhor sorriso enquanto preparo diversos hambúrgueres diferentes, era a especialidade da casa.

Vez ou outra eu via através do pequeno vidro da porta as pessoas se deliciarem ao comer o que eu havia preparado. 

- Sonhando acordada? - ouvi Bryan nosso garçom brincar comigo ao passar atrás de mim carregando pratos vazios. 

Ele era um pouco mais alto que eu, pouco musculoso, um sorriso encantador e belos olhos esverdeados que contrastavam com seus cabelos castanhos. As meninas iam ali e compravam milk shakes só pra ver se conseguiam chamar sua atenção, mas eu nunca o vi retribuir suas investidas. 

- Um dia espero ter meu próprio restaurante, o que me diz de ser meu garçom?

Eu demorei muito a confiar em um homem depois de tudo o que me aconteceu no passado, mas as vezes lidar com Bryan era como lidar com um irmão mais novo. Tinha seus altos e baixos e me trazia conforto quando eu me sentia sozinha. 

- Acho que posso te dar algumas gorjetas se você me deixar te ver cantar depois daqui. 

Fiz uma careta, era estranho deixar pessoas que eu conhecia me verem fazer meus pequenos shows na rua, eu tinha que implorar para o manter afastado, mas sua curiosidade sempre falava mais alto. 

- Quem sabe na próxima. - volto para perto do fogão terminando os últimos hambúrgueres da noite.

Assim que terminei meu turno suspirei aliviada, o relógio já informava que eram onze horas da noite, estava tarde e eu estava cansada. Precisaria passar em casa pra pegar meu violão e então ir até a capela mais próxima. 

Me balancei em meus pés cogitando a ideia enquanto via todos ao meu redor se despedirem. Bryan passou a mão por meus ombros fazendo eu sorrir fraco para ele. 

- Então, onde vai ser o show da noite? Sou seu fã número um. - ele levantou o dedo indicador no ar como se estivesse torcendo por mim o que me fez rir mais. 

- Bryan. Não. Não... Pelo amor de Deus, não faça isso. - corei saindo de perto dele pegando minha mochila no chão e indo até minha bicicleta. 

Vi ele colocar as mãos no bolso da sua calça e dar os ombros. Ele me olhava com aqueles mesmos olhos esperançosos de quem conseguiria arrancar o que queria de mim, mas eu não cederia aos seus encantos. 

- Essa noite o show é no meu chuveiro. Preciso muito de um descanso, quem sabe na próxima. 

- Vou esperar a próxima turnê então, estrela. 

N//A: o capítulo não está grande como gostaríamos que fosse, mas estávamos com medo de não receberem a Mackenzie tão bem por ela ser uma personagem original e como agora no começo não tem muito dos Falcones na vida dela preferimos não arriscar. Esperamos que gostem e se gostarem... Teremos surpresas ❤️

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