For Sins

༄ Capítulo CXXIV ༄

Pov. Greta Falcone

- Do que ela tá falando? - sussurrei baixo para meu irmão, mas ele parecia tão confuso quanto eu.

Eu mal conseguia raciocinar sobre o que eles estavam falando afinal, Outfit e sequestro? Havia algo errado nisso, porém faria sentido nós nunca termos conhecido nossa família materna ou ao menos saber a origem da nossa mãe.

- Angel... - nosso pai suspirou parecendo cansado.

- Não me venha com isso agora. - ela rosnou tentando se livrar do aperto - Eu escolhi você, nossos filhos e a Camorra!

Os ombros de Nevio estavam rígidos e as sobrancelhas estreitadas prestando atenção em cada detalhe do que diziam, mas parecia tão confuso quanto eu.

- Se dependesse do seu querido tio Dante, do seu pai e do seu irmão, nossos filhos não teriam nada. - meu pai respondeu a segurando firme contra o balcão - Viveriam nas sombras, sendo rejeitados por quem eles são.

- Os homens da minha família os desprezavam, principalmente Nevio. Acharam que seria mais fácil dizer que eu enlouqueci do que aceitarem que eu fugi para ficar com você, mas veja só... - sua voz estava embargada e eu nunca havia visto ela assim - Você mal olha pra nossa filha desde New York, porque ela se apaixonou por um Vitiello.

- Não me compare a eles. - cuspiu como se tivesse sido xingado pelo pior palavrão.

Senti meu corpo vacilar por estar entendendo o rumo daquela conversa. Encarei Nevio, procurando por respostas, mas ele parecia furioso, engoli o seco torcendo para que não revelasse que estávamos ouvindo tudo. Eu queria saber o final daquilo.

- Você tem raiva do que ela fez, mas sabe que tudo isso é um maldito karma.

- Eu sei, porra! Eu sei. - respirou fundo finalmente soltando os pulsos da nossa mãe - Você apontou uma arma para sua família, e ela entrou na frente de uma por ele. - bufou passando a mão em seus cabelos e a bile se formou na minha garganta.

Quando dei por mim minhas bochechas estavam molhadas e as lágrimas desciam tão singelas e calmas, que só notei quando minha visão ficou embaçada.

- Você sabia disso? - Nevio perguntou baixo e eu o encarei sem acreditar; estávamos no mesmo barco.

De repente, quando olhei novamente, os olhos escuros do nosso pai estavam presos sobre a gente e seu olhar repleto de surpresa, receio e talvez algo a mais. Ele estava paralisado e sem reação, nossa mãe seguiu na mesma direção e seu rosto empalideceu ao nos encontrar ali escondidos no corredor.

- A quanto tempo estão aí? - ela sussurrou e sua voz saiu por um fio.

- Tempo o bastante para ouvir toda essa merda. - Nevio rosnou estridente.

Eu não cogitei perguntar se aquilo era verdade, porque estava nítido que não era uma invenção e que nem ao menos deveria ter vindo a tona. Um lado meu estava implorando pra que eu aproveitasse aquele momento e as palavras da minha mãe pra lutar pelo meu relacionamento com Amo, mas meu outro lado ainda estava se desmoronando, enquanto via o homem que eu cresci acreditando ser meu super herói se tornar o vilão da história da minha mãe.

Recuei dois passos pra trás passando a mão sobre meu rosto tentando conter as lágrimas que agora rolavam descontroladamente por ali.

- Depois falamos sobre isso. - meu pai tentou soar firme, mas agora já era tarde demais.

- Depois? - Nevio zombou com uma risada engasgada - Vai construir mais mentiras?

- Não. - minha mãe respondeu antes que nosso pai pudesse fazer qualquer coisa, ela tomou postura a sua frente tentando parecer segura do que ia falar - Você tem razão, não podemos continuar guardando esse segredo.