༄ Capítulo LXXVI ༄

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Pov. Carlotta Bazzoli

Tem algo de errado com ele, mal respondeu minhas mensagens e ao menos se lembrou de avisar que Kiara estava tendo a bebê. Fiquei sabendo pela Gemma que estava em casa na hora, Savio ligou pra ela e contou. Mandei outras mensagens dizendo que iria pra mansão com a minha irmã, mas ele nem sequer as visualizou.

- Tudo bem? - Gemma perguntou me trazendo de volta à realidade depois de um tempo perdida nos meus pensamentos sobre meu noivo.

- Sim, só estava pensando no vestido que estou fazendo. - minto, porque pode ser que seja tudo coisa da minha cabeça, então não quero preocupá-la com meus pensamentos.

Fui direto para a ala do Nino e da Kiara assim que chegamos e me direcionei ao corredor que levava aos quartos, bati na porta antes de entrar no quarto, mas ninguém respondeu. Torci para ele estar lá dentro quando girei a maçaneta e entrei.

- Alessio? - chamei fechando a porta atrás de mim.

Suspirei quando vi ele encostado em uma das janelas e me aproximei devagar, torci o nariz quando senti o cheiro de fumaça exalando dele. Provavelmente tinha fumado.

- Por que não me disse nada? - perguntei levando minha mão até seu braço - Não respondeu minhas mensagens.

- Eu estava... ocupado. - disse de forma seca me fazendo encolher os ombros.

Puxei ele devagar pelo braço e meu estômago se embrulhou quando vi seus olhos vermelhos quase fechados como se estivesse com sono. Ele ficava desse jeito quando fumava maconha.

- Você andou fumando maconha de novo? - perguntei, apesar da minha voz sair quase como um sussurro.

Pensei que Alessio estava superando isso, até porque as coisas entre ele e seus pais agora estavam bem, não havia motivo pra uma recaída a menos que... Pandora. Seu nascimento deve ter lhe trazido algum tipo de gatilho.

O que quer que tenha sido, eu estava aqui para não deixar que sua queda fosse alta e irreversível. Uma vez Alessio disse que eu era a melhor parte da sua vida, então faria ele perceber de novo que haviam motivos pra sorrir ao invés de naufragar.

- Veio aqui pra me dar um sermão? - suspirou parecendo cansado e desviou os olhos de volta pra janela.

- Claro que não. - sussurrei sentindo a indiferença da sua parte com a minha presença aqui - Mas se quiser conversar, você sabe que...

- Não quero. - me interrompeu dando os ombros e engoli o seco.

Abaixei meu olhar e percebi que suas mãos estavam avermelhadas com alguns machucados. Ele entrou em uma briga ou estava batendo em algo, não tenho certeza de quando. Ele não me disse nada.

Alessio estava avoado, não parecia o mesmo garoto de ouro que eu costumava amar, era como se as suas trevas insistissem em o puxar para baixo e ele não quisesse ser salvo. Não tinha como eu ajudar alguém que não gostaria de ter ajuda.

Pensei se ele tinha algum tipo de arrependimento em relação a mim, a nós e ao noivado. Dei dois passos pra trás me sentindo desconfortável com seu silêncio, eu não sabia o que fazer.

- Só preciso de um tempo. - ele cortou o vazio do quarto voltando a olhar em minha direção, dava pra ver sua alma quebrada através do olhar chapado.

Perguntei-me se esse tempo também incluía nosso relacionamento, mas não disse nada. Na verdade, acho que tive medo da sua resposta.

Dei as costas para ele antes que aquela sensação estranha e o silêncio que veio com ela sufocasse a nós dois. Abri a porta do quarto e sai, fechando ela lentamente atrás de mim.

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