༄ Capítulo CXXIII ༄

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Pov. Greta Falcone


Deslizei minha mão sobre os pelos grossos de Bear estirado na minha cama, ele havia comido todo o sanduíche que minha mãe trouxe essa manhã. Kiara e Gemma também trouxeram algumas coisas durante a semana, insistindo que eu comesse ou descesse para o jantar. Ontem Massimo veio até mim no estúdio dizendo que hoje era o aniversário da Mackenzie e queria que eu me juntasse a eles para comer um bolo, porque ela estava preocupada comigo.

Massimo foi o único dos homens que conversou comigo, perguntando como eu estava, mas não relutou quando eu disse que não iria descer para o jantar novamente. Ele parecia neutro quanto a situação, ou apenas não demonstrou.

Alessio também apareceu na ala do meu pai uma vez, apenas porque estava acompanhando a Carlotta. Ele se manteve em silêncio enquanto ela tentava me animar com algo.

Respirei fundo, o tempo passou e eu me perdi dentro dele. Mal consigo me lembrar exatamente das conversas que tive e quantas vezes vi minha mãe ou Kiara entrarem e saírem do meu quarto com sobras do jantar ou lanches.

Escutei o piso ranger do lado de fora, mas ignorei, diferente de Bear que se mostrou atento ao se erguer na cama. Recolhi minha mão de volta ao corpo e me virei olhando para o teto do quarto.

A porta se abriu, mas não eram passos delicados ou “click” de saltos sobre o piso. Eram passos duros e então a porta se fechou. Inalei o ar sentindo um perfume masculino amadeirado como whisky e encolhi meus ombros, era Nevio eu conhecia bem.

Não desviei o olhar do teto, mas vi de relance quando veio até mim e a cama se afundou ao meu lado. Bear rosnou para ele, mas algo o fez pular da cama direto para ao chão, ele latiu e notei quando deitou no tapete felpudo ao meu lado esquerdo.

O perfume estava mais forte agora e eu podia sentir seu calor no meu braço direito apesar dele estar afastado de mim. Espero que ao menos tenha tirado seus coturnos sujos pra se deitar na minha cama.

- Você o ama. - confirmou em voz alta e suspirei.

Olhando de canto percebi que ele também encarava o teto do meu quarto, uma mão apoiada em baixo da cabeça e a outra repousava sobre seu abdômen. Detalhe: ele não tirou os coturnos.

- Onde você quer chegar com isso? - perguntei e notei minha minha voz sair com dificuldade.

- Você sempre soube o que significava amar ele, e mesmo assim seguiu em frente com isso. - eu podia perceber como era difícil para ele dizer aquilo, sua voz parecia engasgada.

O que significava amá-lo? O que ele queria dizer com isso afinal? o fato de que Amo era o futuro capo de outra mafia, o fato de eu ter mentindo para o nosso pai e traído nossa família? Talvez a circunstância de que um dia eu iria escolher ficar com meu noivo em New York.

- Estou cansada, se veio aqui para dizer isso…

- Por que? - me interrompeu - Por que mentiu?

- Parecia o melhor a se fazer na época, eu não queria causar um problema gigante enquanto ele estava na cidade…. Ou em qualquer outro momento. - suspirei sentindo seu olhar queimar em mim - Eu apenas adiei essa bomba.

- Teria sido melhor, o pai sempre prezou demais a confiança que ele tinha em você. - sussurrou e fechei os olhos com força, eu não precisava ouvir mais uma vez que havia traído meu pai, que eu havia mentido para ele, mas isso era um fato.

Na época do noivado de Alessio e Carlotta, meu pai veio até mim querendo conversar. Ele estava calmo e parecia estar ciente do que estava acontecendo, ele me perguntou diretamente se eu estava me envolvendo com um Vitiello, eu olhei em seus olhos e menti. Porque tive medo do que poderia acontecer, mas talvez isso tivesse amenizados os problemas de agora.

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