Pov. Carlotta Bazzoli
Pulei da cama assustada - como sempre - quando Alessio pulou a minha janela, na mesma noite do dia em que me disse que precisava de um tempo. Acho que o tempo significava: enquanto eu estiver chapado.
Me encolhi enquanto seus olhos azuis percorreram meu corpo; eu estava usando apenas uma camisola que descia até o meio das minhas coxas. Eu a havia feito com a sobra de tecido sedoso que usei para fazer um vestido pra minha cunhada, Toni.
- Me desculpe por hoje mais cedo. - Alessio disse e mordi a ponta da minha língua, ele parecia melhor agora, mas sua voz ainda tinha um tom arrastado; imaginei ser bebida já que seus olhos não estavam vermelhos.
- Sua mãe disse para começarmos a planejar nosso noivado... se você ainda quiser se casar comigo. - respondi baixo dedilhando as dobras do lençol rosa da minha cama.
- É claro que eu quero me casar com você, cuore. - ele suspirou como se o que eu tinha dito, tivesse sido a maior blasfêmia de todos os tempos.
Alessio se aproximou de mim e dei espaço para que ele se deitasse na cama comigo. Seu corpo afundou no colchão e fechei os olhos por alguns segundos, eu gostava da presença do seu corpo próximo do meu. Ele beijou a minha testa e torci os lábios; seu cheiro estava forte, algo como whisky e hortelã.
Não o questionei sobre a bebida, nem se ele estava bem, porque no fundo eu sabia a resposta, e não queria machucar nós dois de novo, nem queria ter que o ver se fechar novamente pra mim, então apenas me calei. Era melhor assim.
Olhei para um canto qualquer do meu quarto, tentando ignorar que seus olhos estavam ainda sobre mim. Fiz um esforço pra engolir o bolo em minha garganta. Estávamos bem, até que ele recaísse de novo.
- Você tá bem? - Alessio se atreveu a perguntar segurando em meu queixo, me fazendo olhar em sua direção.
- Sim. - afastei meu rosto da sua mão - Pensei que nosso noivado poderia acontecer daqui um mês, no final de fevereiro.
- Ah, claro. - suspirou parecendo não querer entrar muito naquele assunto - Você não me parece bem.
- Alessio... - franzi os lábios por ele insistir naquilo. Não queria dizer a verdade, que eu não estava bem por conta da nossa conversa mais cedo, mesmo que ao meu ver isso parecesse óbvio.
- Quer saber como estou agora? - sua pergunta me pegou de surpresa.
Busquei seus olhos encontrando o mesmo azul que eu adorava, algo que às vezes me remetia ao mar da Califórnia e todas as lembranças boas que criamos por lá. Mas havia um pingo de escuridão ali, como se ele estivesse triste e não em seu modo assustador.
- Achei que iríamos evitar isso. - admiti me permitindo relaxar um pouco mais agora.
Sabia que pra homens como ele, que tinham a imagem de inquebráveis, era difícil admitir que algo era capaz de o machucar, como o nascimento da sua irmã ou a descoberta da sua adoção. Aquilo de alguma forma parecia o assombrar, mesmo depois de tanto tempo.
- Sinto que isso tá me corroendo por dentro. - sussurrou quase sem voz com os olhos fixos abaixo do meu rosto, segui seu olhar e percebi que ele encarava o colar que havia me dado no natal - Ela... Ela é tão parecida com todos eles.
Percebi que ele falava da Pandora e mordi o lábio; a pequena realmente tinha os famosos traços dos Falcones, mas ainda era recém nascida, a personalidade dela iria se desenvolver com o tempo.
- Você também. - sorri fraco e seu olhar me encontrou novamente - Alessio, você toca tão bem quanto sua mãe.
- Isso é algo que qualquer um poderia fazer. - murmurou como se falar aquilo tivesse doído - Massimo tem os traços do Nino e Pandora é a cópia da Kiara... O que eu tenho deles? Nem o sangue.
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For Sins
FanfictionOs filhos dos mafiosos mais temidos de Chicago, New York e Las Vegas cresceram. Quando se cresce com uma família assim, o que esperar se não, o pior dos piores? Tudo o que eles querem é se divertir e criar o seu próprio reinado sendo ainda melhores...