E agora? Agora, a gente morre

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Hori, das Cinco Ilhas.

As grandes portas prateadas rangeram quando dois soldados as empurraram, permitindo que outros pudessem entrar impulsando Kyum para dentro, contra a vontade dele. Ele lamentou não poder socar nenhum daqueles idiotas que achavam que podiam tratá-lo assim, pois seus pulsos estavam amarrados na frente do corpo, mas os amaldiçoou mentalmente. 

— Senhor Leeteuk — o soldado chamou, tentando tirar a atenção do homem dos papéis burocráticos em cima da comprida mesa de madeira refinada. 

— Por que essa perturbação a essa hora da manhã? 

Leeteuk parecia pouquíssimo interessado em qualquer coisa que os seus homens tivessem para lhe contar, visto que nem se deu o trabalho de tirar os olhos dos papéis em que mexia e continuou de costas para a situação. Seus mapas e estratégias desenhadas pareciam mais interessantes que sentar na confortável cadeira atrás de si para escutar prováveis novidades insignificantes.

— Senhor... — o rapaz tentou de novo, na esperança de que o superior virasse para si. 

Suspirando impaciente e revirando os olhos, o homem virou. Sua expressão clareou no mesmo instante que seus olhos se atentaram ao prisioneiro no nível abaixo. 

— O que é isso? — perguntou genuinamente curioso, o que era bem raro. 

— Esse homem foi pego numa tentativa de roubo — explicou o jovem soldado, fazendo seu superior estreitar os olhos atrás de mais informações. — Perdão, senhor, não foi uma tentativa. Foi um roubo. 

— E que tipo de alimentos esse deplorável mercador roubou? Frutas, verduras...

— Na verdade, foi o Wind. 

O homem sobressaltou. Seu semblante, sempre tranquilo e despreocupado, transformou-se em algo como incredulidade e choque.

— O navio?! 

— Sim, senhor — confirmou, a garganta arranhando de nervosismo.

— Como assim ele roubou o Wind?! Quem é você? — Indagou a Kyum, recebendo apenas silêncio e um olhar áspero. — Estou lhe perguntando, imundo, quem é você?

Seu tom era de uma aspereza comparável ao olhar de Kyum. Os dois eram homens orgulhosos, indispostos a se deitar para o inimigo. Kyum não revelaria nada, ao passo que Leeteuk não desistiria de questionar até ter todas as suas respostas.

— Senhor, ele não estava sozinho  — o soldado intrometeu-se para complementar. — Havia mais seis com ele, foram todos embora com o Wind.

O homem ficou perplexo. Nunca, em todos os anos que esteve ali como governante, esperou que algo assim fosse acontecer algum dia. Sem muita opção, a não ser encarar e resolver a situação, ele se sentou na cadeira e esfregou a testa, enquanto suspirava pensativo. 

— Certo, então, vamos lá... — passados seus segundos de reflexão, ele respirou fundo antes de se dirigir aos soldados. — Arranquem esse trapo que ele chama de camisa e tragam um chicote. Se ele não falar por bem, vai falar por mal. 

Kyum não esboçou nenhuma reação, ao contrário do que o governante esperava. Mesmo sua roupa sendo cortada e arrancada covardemente de seu torso, ele não amansou o olhar. Muito pelo contrário, o afiou mais, sem desviá-lo de Leeteuk por um segundo sequer.

Ele é o ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora