As Ilhas Gêmeas.
Os dois pedaços de terra desenhados lado a lado no mapa nas mãos de Seonghwa condiziam perfeitamente com as duas ilhas idênticas que estavam diante de seus olhos.
Ele sorriu. Aquele sorriso proveniente de alguma perversidade que a mente dele sempre mascarava para fazê-lo acreditar que não era cruel.
— Separem-se — Seonghwa ordenou aos seus homens, e eles começaram a se movimentar.
Ladeando o Twilight, navio de Seonghwa, havia dois barcos menores, que ele levou estrategicamente consigo para sua viagem até as Escrituras. Quando ele deu a ordem, seus tripulantes se dividiram para ambos os barcos, preenchendo-os quase igualmente.
— Diminuam as velas — deliberou aos que sobraram no convés, e assim eles fizeram.
O navio ficou mais lento; os dois barcos seguiram cada um para uma direção. Um para Mist e outro para Wave. O Twilight seguiu em frente, em direção à divisa entre as ilhas, pois Seonghwa já sabia o segredo.
Não era guardado a sete chaves, qualquer um que se propusesse a pesquisar entre livros muito antigos e corroídos encontraria sobre a caverna da Protetora, o lar da Criatura. E Seonghwa tinha paciência de sobra para estudar qualquer coisa que lhe garantisse um passo à frente dos outros.
Ele estava sempre alcançando seus objetivos porque era obcecado. Obcecado por ser maior, por estar na frente, por não perder, não ser humilhado; obcecado por Hongjoong, por Sooyoung, por Hang, por feitiçaria, por histórias que não eram dele, mas que ele queria que fossem. Obcecado em descobrir, em saber, em ter vantagem para que ninguém pudesse diminui-lo.
Por isso ele também sabia exatamente como funcionava a defesa das Gêmeas, porque ficou obcecado por elas, pelas Escrituras, pela Profecia.
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— Anciã, tem movimentação vindo pela parte frontal da ilha — um dos jovens nativos se aproximou para avisar, ofegante. — Vimos pelo menos um navio grande.
A idosa ponderou. As crianças que liam um livro infantil junto com ela à mesa ficaram em silêncio, encarando-a como se soubessem perfeitamente o que a notícia significava, e esperaram a resposta dela; receio lampejando em seus olhinhos grandes e amendoados.
A anciã exalou pesadamente, olhou para as crianças e disse antes de se levantar:
— Continuem com isso — ela apontou para o livro. — Quando eu voltar, perguntarei sobre as características de cada pássaro desenhado aí. E quem errar vai ficar dois dias sem brincar no córrego!
As crianças soltaram um coro de lamentos antes de enfiarem os rostos no livro, esquecendo completamente que tinha um problema de adulto se criando diante delas.
A parte boa de ser criança era que você não precisava se preocupar com o possível ataque de navios desconhecidos à sua ilha humilde, só precisava se preocupar em gravar os atributos dos pássaros predominantes da sua ilha humilde para não perder a chance de brincar nos divertidos e lindos córregos dessa ilha.
Mas a anciã estava muito, muito distante de ser uma criança, e era ela quem precisava se preocupar com invasores.
E o pior era que ela sabia que esse momento chegaria. Podia ser outra coisa, outro alguém, outro tipo de problema... mas ela achava difícil que fosse, levando em conta o rumo dos acontecimentos. Ela achava muito difícil aquele iminente problema não ser Park Seonghwa.
Hongjoong tivera seu encontro com a Protetora, como as Histórias disseram que poderia acontecer. Agora outro pedaço delas podia estar prestes a se concretizar.
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Ele é o Rei
AdventureToda a infância de Kim Hongjoong fora destruída num piscar de olhos quando a denominada Invasão aconteceu na ilha em que morava. Um velho pirata ganancioso e com sede de poder deseja executar um plano insano de usurpar o governo das chamadas Cinco...