Ele é o Rei

Por ele, sobre ele, para ele

Myne, das Cinco Ilhas.

Wooyoung queria uma festa em homenagem a ele. Em nome da família real, como se Kyesang quisesse comemorar sua chegada. E queria ser tratado como um igual, não como Jung Wooyoung, o moleque problemático, e sim como Jung Wooyoung, o maior capitão de todos os mares. E isso era uma afronta direta a Kyesang, que não estava com nem um pingo de vontade de celebrar a presença do haliano. Mas era isso ou nada. E, se parassem para analisar sem as desavenças, eram duas condições extremamente bobas e propositalmente implicantes. Talvez Wooyoung não soubesse que já tinha 21 anos e não mais 13. Ou ele sabia e não ligava para o fato de parecer infantil às vezes. 

Quem confirmou a festa foi a Lady Yoona, já que Kyesang ficou paralisado de desgosto, encarando o sorriso impertinente do haliano.

Não havia cômodos o suficiente para abrigar todos os halianos na mansão, e, obviamente, Yoona não deixaria seus convidados dormindo no jardim dos fundos. Pelo menos nisso os halianos entraram em acordo com a realeza: se acomodariam nos próprios navios. Mesmo que parecesse desconfortável, todos eles estavam acostumados; tanto o Black quanto suas outras embarcações eram como uma casa para eles. No entanto, a comida viria da casa real. Vocês que me querem, vocês que me alimentem, outra afronta a Kyesang e Yeosang também. Mas a Lady acabou esfriando o humor ácido de Wooyoung ao concordar com aquilo. Sem problemas, ela dissera, alimentaremos todos e, em troca, você vai nos servir, certo? Yoona parecia a única na família que sabia que o jeito de inutilizar o veneno de Woo, era não indo contra ele. Ele deixa de ser perigoso no momento em que deixa de ser seu inimigo.

A tripulação se dispersou, conforme Wooyoung permitiu, e cada um foi fazer algo com a própria vida, o que significava trabalho a mais para os soldados de Myne. Já era complicado demais prestar atenção em tudo que acontecia ao redor de Myne; adicionar vários halianos sem coleira pela ilha inteira só aumentava o grau de vigilância. O único soldado genuinamente feliz com isso era Jungkook, que foi liberado do posto pelo próprio herdeiro para perambular por aí com o grupo e mostrar a ilha para Wooyoung — mesmo que ele já conhecesse bastante dela.

— Quem é aquele homem alto que abraçou vocês no cais? — Wooyoung perguntou para o trio caminhando ao redor dele.

A atenção dele, no entanto, estava nos estabelecimentos, nas vitrines charmosas e nas pessoas que o encaravam de dentro delas, nos refinados bares e nos semi bêbados cochichando ao observá-lo passar. E a única coisa que Wooyoung reparou foi como myneses pareciam elegantes mesmo sob efeito de álcool. Halianos bêbados pareciam animais selvagens.

— É meu tio — San respondeu, inclinando a cabeça para olhar um Wooyoung muito distraído. — Hyuk.

— Irmão da sua mãe ou do seu pai?

— Do meu pai, são três irmãos no total.

O olhar de Wooyoung agora estava em San, o sorriso se abrindo.

— O talento da família Choi é fazer homens bonitos?

O grupo instintivamente segurou uma risada e olhou sugestivo para San, de quem escapou um arfar risonho. Ele balançou a cabeça negativamente, descrente de que Wooyoung podia usar até o tio para dar em cima dele. Mas Hyuk era bonito mesmo, talvez realmente fosse algo dos Choi.

— O nosso talento é brindar como um trovão à noite inteira e continuarmos bonitos quando o Sol já está raiando — San devolveu o sorriso para o haliano. E quando Wooyoung não desviou o olhar e nem parou de sorrir, San lhe jogou uma piscadinha. O Jung se sentiu desafiado.

— Malditos horianos, lindos cachaceiros imunes ao álcool.

— Pensei que os mais alcoólatras fossem os halianos — Yeosang esticou o pescoço, olhando para os amigos.