A Batalha das Marés

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       Tudo estava afundando, tudo estava sendo engolido. 

O impacto do Wonderland caindo de ponta cabeça na água varreu Hongjoong e os halianos do veleiro, e todos afundaram também. Apenas um conseguiu se segurar forte o suficiente para não ser engolido. O rapaz tossia e tossia, metade de seu corpo estava submerso enquanto ele se agarrava ao veleiro.

Mas Hongjoong... 

Hongjoong estava afundando. Ele nem se movia, apenas flutuava. 

Jongho e a tripulação flutuavam. 

O pequeno Choi abriu os olhos dentro d'água, e ele viu corpos vagarem desacordados com o movimento da água, tão sutil vendo de dentro que nem parecia que o mar estava em fúria lá em cima. Ele também viu gente tentando nadar, tentando emergir. Tentando sobreviver. A enorme carcaça do Wonderland estava acima dele, descendo descendo descendo... Desmontando-se, desfazendo-se. A madeira estava se rompendo, as velas, rasgadas; Mastros partidos, canhões caindo para a escuridão infinita. Coisas flutuavam lá embaixo. Comida, barris, roupas, objetos, pessoas. O navio estava caminhando para baixo lentamente. E Jongho, junto com ele. 

O interior de San estava berrando, surtando, chorando, em desespero. O Wonderland fora engolido diante de seus olhos. Seu coração galopava, machucava, agredia seu peito. A respiração estava querendo parar. Não podia parar. Não não não não. Ele repetia tanto aquilo, mas não conseguia impedir as coisas de acontecerem. Ele não conseguia impedir.

Você consegue, San

Ele ouvia, mas não acreditava.

Wooyoung havia perdido a cor, estava petrificado perante a boca gulosa do oceano. Petrificado. Yunho não se movia, a boca entreaberta, os olhos fixos, desacreditados. 

Minnie chorava. Ela chorava porque ela fizera aquilo. Ela chorava tanto que os soluços a engasgavam. Ela não sabia quem estava lá, mas suplicou a cada grão de terra existente no planeta que poupasse Hongjoong e Jongho das consequências de suas escolhas. Ela implorou a cada coisa, a cada força maior que os poupasse. Ela não conseguia nem encarar o que tinha feito. Covarde covarde covarde.

Seonghwa havia pedido aquilo, contudo... ele também não teve uma reação. Foi um caos monumental, de proporção maior que o imaginado. Um navio havia sido engolido inteiro. Ele estava chocado.

Ele olhou para Minnie por cima do ombro, sentada miseravelmente sobre os joelhos, encharcada da cabeça aos pés, o vestido branco grudando na pele e no chão ao redor dela. Quanto poder cabia naquelas pequenas e finas mãos? Uma gota de sangue caminhou para fora da boca dela, pelo canto, e ela começou a se desesperar. Ela tocou os lábios, os dedos voltaram vermelhos, o coração dela bateu mais rápido. Ela começou a tremer, seu corpo estava entrando em colapso, ela sentia. Ela sabia. Tudo estava rápido demais correndo dentro dela, dentro de suas veias. Ficou escuro e claro, escuro e claro.

Seonghwa se aproximou, segurando as mãos trêmulas dela, limpando o canto de sua boca. Ela estava assustada demais para sequer empurrá-lo para longe, fraca demais. Ela sabia que não aguentaria levantar, que suas pernas não obedeceriam. As lágrimas continuavam descendo e descendo. Ela já estava sentindo as consequências, a punição por ter invocado tamanho poder. 

Hongjoong estava flutuando, e não tinha ninguém para tirá-lo de lá. Tinha água invadindo seu corpo pela boca, pelas narinas e ouvidos, e ele nem mesmo estava consciente para se defender. 

Jongho estava flutuando, e ele não subia, não nadava. Precisava subir. Mas estava tão longe da superfície. Tão longe...

Suba, Jongho

Ele é o ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora