Mist, das Ilha Gêmeas.
Wooyoung havia remado o bote na ida até a caverna da Protetora, então era Hongjoong quem estava remando de volta para Mist.
Os nativos de Mist e Wave ainda estavam em cima das falésias, observando-os refazer o caminho pelo Estreito, mas sem os arcos levantados com flechas apontadas. Seus semblantes estavam mais relaxados agora, sem a desconfiança de antes.
Afinal, se os dois haviam entrado lá e saído vivos, foi só porque a Protetora permitiu, não tinha por quê não confiar neles.
— Eles parecem nos respeitar agora — comentou Wooyoung, olhando para a extensão de nativos de postura impecável na falésia de Wave, os olhos acinzentados levemente apertados contra o sol poente.
Hongjoong os observou brevemente. Eles não haviam deixado de parecer firmes, mas transmitiam mais docilidade.
— Como sabe que é respeito?
— Quando alguém conquista meu respeito, é assim que me porto diante dele — Wooyoung assentiu para eles. — Coluna ereta, queixo erguido, olhar cortês. Aquele que é respeitado merece minha melhor compostura. Meu comportamento lhe diz o quanto eu o respeito. Quando atravessamos o Estreito, eles nos olharam com agressividade, ergueram suas flechas para nós, porque éramos intrusos, estranhos. Mas, lá dentro, nós conquistamos a entidade que eles cultuam. Logo, nós os conquistamos, e eles nos respeitam agora como respeitam a Protetora.
Algo dentro de Hongjoong ficou confortável com a constatação. Ele se sentia validado, merecedor.
— Depois que saímos de lá, sinto como se pudesse fazer qualquer coisa. — Hongjoong deu uma remada grande, deixando o bote flutuar pelo caminho. — Você não sente?
Wooyoung pensou por alguns segundos.
— Eu acho que sempre me senti capaz de fazer qualquer coisa... é por isso que eu violo leis o tempo inteiro — e sorriu.
— Eu esqueci que você tem um conceito deturpado de "coisas impossíveis".
— Eu só acho que nada é impossível, por mais difícil que seja. — Ele deu de ombros. — Mas é claro que ter uma pseudodivindade dizendo que você não vai falhar porque ela arquitetou a sua vitória desde o início te faz sentir que pode fazer qualquer coisa. Isso literalmente significa que, mesmo se você errar, ela vai te colocar no caminho certo de volta. Acho que isso serve para todos os escolhidos.
Hongjoong não tinha visto daquele ângulo antes. Ele sempre achou todas as situações pelas quais passou muito difíceis, mas nunca reparou que podia ter sido muito pior. Ao invés de ser Kim Hongjoong, filho de Sihtrik e herdeiro de Sunn, ele podia ter sido só um garoto sunnês comum que consequentemente morreria na Invasão... como muitos foram. Era um privilégio um tanto injusto, e era por isso que ele devia usá-lo para proteger e libertar os outros.
Wooyoung soltou uma risada baixa, chamando a atenção de Hongjoong.
— Que foi?
— Só estava pensando aqui que Hang nunca teve uma chance de verdade contra nós, ele está destinado a se foder no final desde o começo — disse Wooyoung, com um sorrisão, antes de jogar a cabeça para trás em uma gargalhada perversa. — Somos o terror daquele cretino!
Hongjoong às vezes se esquecia que Wooyoung era um lobo em pele de cordeiro. Ou era apenas um lobo sem disfarce nenhum porque não tinha medo das ovelhas se espantarem.
De qualquer forma, ele se divertia com a falta de autocontrole do haliano, então ele riu, voltando a remar o bote.
Quando finalmente saíram da área das falésias, viram que a anciã e os nativos ainda estavam no pequeno píer, aguardando a volta deles com rostos serenos, como se não tivesse passado nem 5 minutos.
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Ele é o Rei
AdventureToda a infância de Kim Hongjoong fora destruída num piscar de olhos quando a denominada Invasão aconteceu na ilha em que morava. Um velho pirata ganancioso e com sede de poder deseja executar um plano insano de usurpar o governo das chamadas Cinco...