Última peça

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Fora das Cinco Ilhas.
Mares Asiáticos.

Como Wooyoung carregava consigo uma bagagem volumosa de halianos, eles tiveram que ser divididos entre o Wonderland e o Black Fedora, de forma que os dois navios ficaram recheados e ninguém ficou à toa. Nenhum soldado de Myne fora necessário além de Yunho e Jeongin. Os myneses tinham sua própria ferida para fechar.

Pouco depois de zarparem, Felix, Bang Chan e os outros halianos enfeitiçados por San começaram a cair um a um, alguns um pouco cansados e outros totalmente fadigados, como San alertara. Contudo, não havia motivo para preocupação. Descanso era suficiente. Muito descanso.

O mar azul-claro à luz do sol em seu ponto mais alto lembrava a Hongjoong dele. De Seonghwa. Dos olhos dele, que já foram tão cheios de sentimento. Sentimentos forjados, talvez. Mas ainda assim, eram o lampejo de algo. Hongjoong nunca se sentira tão frustrado antes. Angustiado, triste, deprimido, sim. Mas frustrado... Ele nunca fora tão decepcionado antes. Nunca precisou lidar com alguém que ele amava se revelando um traidor frio e pisando em sua confiança

Ele ainda não se conformava. Não havia lidado de fato com aquilo. O que ele faria se o visse novamente? Ou melhor, como o coração dele reagiria? A ferida aberta provavelmente latejaria e queimaria. E o que ele faria? Se Seonghwa dissesse alguma coisa, o que ele responderia? A cabeça de Hongjoong estava quente. Não era difícil entender que ele era filho do seu inimigo. Era difícil entender que não podia gostar dele. Era difícil compreender por quê ele fez tudo que fez.

Aquele homem, Minwoo, chicoteado na praça de Hori por não querer pagar os impostos abusivos. Céus, havia sido a mando de Seonghwa. Quando Leeteuk, encarregado atual do governo de Hori, falara com temor sobre seu capitão, sobre a punição que receberia dele, era sobre Seonghwa. Seonghwa era o capitão. Ele mandava e desmandava todas as atrocidades que andavam acontecendo nas Cinco Ilhas.

Hongjoong ainda não entendia como aquele era o mesmo Seonghwa que fizera o único e mais bonito cenário romântico que ele vira na vida na cachoeira de Myne. Ele ainda não havia ligado seu Seonghwa àquele Seonghwa. Parecia tão impossível...

Mas então Hongjoong se lembrou da arma apontada para Yeosang; de Yunho caindo desacordado; de seus amigos sendo rendidos.

Por quê? Só... por quê?

Ele tinha acabado de descobrir que podia amar de forma diferente, não como amava San ou Jongho, mas com mais desejo, mais ardência.

Esse fogo o cegou e depois o destruiu. Sob a declaração de um amor incongruente e descomunal.

Ele se sentia feliz ao ver que San, pelo menos, tinha encontrado algo diferente. As risadas que ele trocava com Wooyoung, as carícias, o aconchego, as conversas bobas, pareciam tão reais quanto essas coisas que ele tivera com Seonghwa. Ele ainda podia ver o Park sorrindo misteriosamente por trás da venda rendada, podia ouvir o som adocicado do seu canto e sentir seus toques durante as danças. Tudo parecera tão real quanto parecia com San e Wooyoung. Mas o Choi havia encontrado algo diferente. Woo ainda estava ali, ele era o que era e não se escondia de nada nem ninguém. Jung Wooyoung era de verdade, Park Seonghwa, não. O Park Seonghwa de Hongjoong era uma miragem.

Não era inveja o que ele sentia por San, nunca seria. Era... almejo. Desejo de querer também, porque parecia bom.

Os dias se passaram rápido, sem que ele tivesse falado muito com os outros. Ainda estava bastante sensível com os assuntos dentro da própria mente. Mas nada que impedisse Jongho de fazer companhia a ele silenciosamente. Jongho era bom nisso, em ser um pilar. Hongjoong não precisava de nenhuma palavra ou conselho, precisava só de não estar sozinho. De alguma forma, Jongho sabia disso e se certificou de fazer. Hongjoong não precisou agradecê-lo, seu olhar carinhoso se encarregou disso.

Ele é o ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora