Proponha-me

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King Island, das Cinco Ilhas.

Quando ouviu a voz de Kyum, um alívio imediato se instaurou em Jongho. Não mudaria o fato de que ele teria que enfrentar aqueles três naxianos inimigos, mas enfrentaria com seu propósito logo atrás deles.

— Jongho, ouça — um dos naxianos falou. — Somos três de nós contra três deles. Daremos conta, mas você vai ter que tirá-lo de lá sozinho — apontou com a cabeça para a cela.

Jongho podia fazer isso. 

Ele assentiu para o colega. 

Jongho podia ser meio naxiano e ter uma força e resistência acima da média comum, mas ele não tinha a altura e a força pura de um nativo; deixar o combate contra os três naxianos para os naxianos era o mais sensato a se fazer. 

Eles deram passos cautelosos para a frente, passando Jongho para trás e tomando o foco dos inimigos para eles. 

Ninguém queria atacar primeiro, como se alguma vantagem pudesse ser perdida caso o fizessem. Até então, nenhuma batalha havia começado, porém, se alguém atacasse, estaria oficializada, e ambos os lados estavam mentalizando estratégias para quando acontecesse. 

Até que um do lado inimigo fez o primeiro movimento, escolheu um alvo e avançou com a espada larga para cima dele. O naxiano ergueu sua espada para bloquear o ataque, e o impacto das duas se chocando foi tão forte que Jongho deu uma vacilada para trás. 

Aquele golpe teria quebrado uma espada comum e ferido uma pessoa comum, Jongho observou. Ainda bem que naxianos não eram comuns. 

Os outros dois inimigos avançaram também, e os companheiros de Jongho se moveram para combatê-los, criando a chance perfeita para o Choi ir ao encontro de seu objetivo. 

—Tio Kyum, estou indo! Estou aqui! 

Kyum costumava ter cabelos castanho-claros, que sob a luz solar se transformavam em um exuberante dourado. Quando Jongho chegou até a cela dele, olhou duas vezes para ter certeza de que achou a pessoa certa. Talvez a falta de iluminação decente estivesse piorando a aparência dele — que já parecia ruim.

— Não me olhe como se eu estivesse nojento, seu molequinho — Kyum resmungou ao se aproximar de Jongho. 

— Mas você está. A sujeira tingiu seu cabelo? 

—Me desculpe por estar ocupado sendo um prisioneiro e não ter tempo para tomar banho!

— Desculpo, se prometer que a primeira coisa que vai fazer quando sairmos daqui é tomar banho. 

— Será a segunda. A primeira vai ser te bater. 

A tentativa de Kyum de passar seriedade falhou no momento em que viu o sorriso delicado de Jongho se abrir e a risadinha doce dele soar. Talvez por ser Jongho, que pouco ria, o coração de Kyum derreteu mais rápido, a saudade explodiu em seu peito e ele mal se deu conta de que seus olhos estavam enchendo. 

— Se eu estivesse com uma arma aqui, estouraria esse cadeado rapidinho, que droga! — Jongho reclamou enquanto tentava quebrar o trinco, batendo nele com o cabo da adaga que tirou da cintura. 

Kyum conseguia ouvir os urros, arfares e os sons da batalha que estavam acontecendo atrás de Jongho. Mas quando o barulho começou a parecer mais próximo, Kyum ficou preocupado. A luz da tocha tremeluziu e, em seguida, escureceu por um momento.

— Jong, cuidado! — Kyum gritou. 

Jongho esquivou a tempo de não ter a cabeça arrancada com o golpe que o inimigo tentou lhe aplicar com a espada. Ele olhou rapidamente em volta à procura de seu companheiro, o oponente daquele que tentou acertá-lo. Os outros dois ainda estavam batalhando, mas o terceiro estava no chão.

Ele é o ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora