Pedaços, magia e três reis

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King Island, das Cinco Ilhas.

Havia quatro pássaros em cima da mesa de Seonghwa, comportadamente observando-o enquanto ele escrevia mais uma carta. Já tinha outras três prontas ao lado dele, o conteúdo era o mesmo para todas, mas os destinatários eram diferentes. 

— Meu rei — a porta do salão foi aberta, Seonghwa ouviu os passos se aproximando dele. — O senhor mandou me chamar? 

— Sim, Kyuhyun — respondeu, os olhos fixos nas palavras que escrevia. — Quando eu terminar isso, quero que envie aos imediatos do meu pai, os atuais Senhores das Ilhas. 

— Sim, senhor.

— E mais uma coisa... 

Kyuhyun esperou pela ordem. Seonghwa não tinha terminado ainda, mas parou de escrever, suspirando e recostando-se na cadeira. Ele estava tendo dificuldades para pensar, e não estava acostumado com isso. E essa fragilidade, a qual não estava habituado, estava irritando-o. Ele estava inquieto, o pé batia sem parar e ele se sentia pegajoso, suando mesmo parado. 

— Eu preciso repor a lacuna que o Song deixou — falou, largando a caneta tinteiro e apoiando a cabeça nas mãos, os cotovelos na mesa. — Ele não pretende continuar nossa parceria. Muito provavelmente já se juntou ao... — Que cansativo e incômodo era pensar no nome de Hongjoong, ele percebeu. Que estranho. Tornou-se uma palavra desarmônica na língua dele, algo que espetava a garganta, como se ele não fosse digno de dizê-la. Como se ela não aceitasse sair daquela boca. Ele não conseguiu pronunciar. — Provavelmente se juntou a Jeong Yunho e fez as pazes com ele. Não imagino outro lugar para onde eles pudessem ter ido ao sair de Myne.

Kyuhyun percebeu que ele estava tentando contornar algo naquela conversa, mas não comentou. Permaneceu em silêncio, esperando a ordem. 

— Eu preciso que encontre outros guerreiros para nós — Seonghwa prosseguiu. — Sofremos muitas baixas de naxianos durante todos esses anos, e, como não podemos comprar mais, precisamos de guerreiros tão bons quanto eles. Saia e busque fora das Cinco. Tenho mapas, livros com informações sobre outros povos e o que mais você precisar. 

— Acho que essa é uma missão um pouco demorada, meu rei... Talvez o senhor devesse estar preparando algo mais imediato, não acha? 

— Eles vão tentar recuperar Myne, que é a base deles — Seonghwa replicou. — Os Senhores de lá ainda estão vivos em algum lugar. Eu não sei se eles se comunicam ou não, mas não posso deixá-los reaver Myne. Caso contrário, eles conseguirão se consolidar novamente e vão avançar para as outras ilhas. Se nós não temos Naxx, são eles que têm agora. E não se esqueça que foi graças a Naxx que a Invasão deu certo. Ganhamos porque tínhamos o poder deles, todavia esse poder está contra nós agora. Precisamos de um novo poder equivalente ao deles. 

— É perigoso buscar ajuda estrangeira, Wooyoung tem muitos aliados lá fora que poderiam fingir apoio ao senhor e depois traí-lo.

— Ele tem tantos aliados quanto inimigos. 

Kyuhyun exalou. Seonghwa já estava determinado a seguir com a ideia, não havia muitos conselhos a dar para tentar mudar a cabeça dele. 

— Posso mandar homens para essa missão, senhor, mas eu não irei. Alguém precisa proteger o senhor, e eu não confiarei sua vida a ninguém, dada a situação em que estamos. 

Seonghwa olhou-o por cima do ombro, os olhos frios como pedras de gelo; as sobrancelhas escuras e grossas franzidas com irritação. 

— Eu mandei você ir. 

— Eu tenho homens competentes que podem...

— Não banque o meu pai — Seonghwa o cortou. — Não preciso da sua proteção. Nem da dele. 

Ele é o ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora