Apenas atire

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Myne, das Cinco Ilhas.

Enquanto Jongho olhava pela enorme janela de vidro fechada e San, pela outra mais à direita, Wooyoung colava o ouvido na porta para escutar alguma movimentação do outro lado. Ele ouviu o sutil som de botas no mármore quando um homem trocou o peso de uma perna para outra. Aquilo era suficiente para confirmar que estavam sendo vigiados. 

— Não vejo como podemos sair daqui — disse Wooyoung, irritado, afastando-se da porta. — O corredor deve estar cheio de homens.

— Também não vejo nenhum dos nossos lá embaixo — constatou San. Ele e Jongho se afastaram das janelas e se aproximaram da pequena rodinha irregular que o grupo formava no meio da sala. — Só tem homens de preto e laranja. 

— A mansão inteira deve estar cercada. — Kyesang suspirou. Estava cansado só de pensar no que precisariam fazer para sair de lá. 

Qualquer coisa agora parecia inalcançável. Eles esfregavam os rostos e os cabelos, tentando pensar em algo, um jeito de pelo menos chegar na enfermaria, mas tudo era muito incerto. Eles não faziam ideia de onde estavam os guardas, não podiam contar com a ajuda deles, e tinham medo de não ter sobrado nenhum. 

Não parecia ter escapatória. 

Hongjoong, Soyeon e Yoona estavam sentados nos primeiros degraus do trono, cuidando de Yunho ainda desacordado. A Lady fazia preces e orações pelo general ao pé do ouvido dele, sua testa encostada na dele. Lágrimas sutis desciam pela face delicada, um choro silencioso que passava despercebido. Mas Hongjoong estava muito perto, ele viu e ouviu tudo. Ouviu-a implorar a Deus para que não tirasse dela mais um filho na mesma noite. Hongjoong sentiu o coração apertar, e se deu conta de que conhecia muito pouco a família real e ligação deles.

— Lady — começou ele, suave e cuidadoso. — Não há o que fazer por enquanto, isso é feitiçaria. 

Ela apertou os olhos com tristeza. Ela sabia disso, mas ainda queria pedir por Yunho; ainda queria que ele acordasse logo.

— Por isso eu disse que precisaríamos da feiticeira mais do que nunca! — reclamou Wooyoung. Ele estava muito irritado, mas não era mais direcionado a Hongjoong. Sua irritação era causada pela impotência e pela frustação. — Seria fácil resolver isso com magia... dá para fazer qualquer coisa com magia. 

— Acho que qualquer coisa é um pouco exagerado... — disse San, parecendo meio desconfortável com a própria fala, como se não quisesse dar opinião, mas não pudesse deixar de dar porque ele tem propriedade para fazê-lo. Ele sabia o que estava falando.

Uma tochinha se acendeu na cabeça de Hongjoong. 

— Nós temos um feiticeiro — e olhou diretamente para San, como se pudesse devorá-lo. Jongho seguiu o olhar dele quando se deu conta também. 

— Nós temos? — Wooyoung franziu as sobrancelhas e olhou para onde eles estavam olhando, para San. 

San respirou fundo, sem escapatória — e com pouca disposição. 

Ele não se chamaria de feiticeiro. Não como Minnie, pelo menos. Ele era basicamente um aprendiz de aprendiz, aprendendo sozinho, o que dificultava ainda mais. Fora o que aprendia, ele não tinha controle e nem conhecimento o suficiente sobre o próprio poder com o qual nascera. Ele não tinha ideia do que podia fazer, porque ninguém contou para ele o quanto Anya era espiritualmente poderosa. Não tinha ninguém para lhe contar tudo sobre sua linhagem, não depois que Minne fora sequestrada. 

Ele é o ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora