Você quer dançar?

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King Island, das Cinco Ilhas.


— Capitão Hang, capitão Hang!

Os homens entraram eufóricos na sala do Usurpador, que sobressaltou-se do acolchoado quando as portas se escancararam.

— Chegaram, capitão. Eles estão aqui!

O olho do velho se arregalou. Incredulidade e ansiedade preencheram os pulmões quando ele ouviu a movimentação se aproximando pelo corredor. Pensar que seu bando finalmente havia conseguido cumprir por completo uma das missões mais importantes que já deu a eles enchia Hang de sensações fervorosas. O coração batia mais rápido a cada passo que ouvia ecoar. Quando por fim os marujos entraram, se dispersando para os lados para que mais entrassem, ela entrou com eles. O capitão se inclinou, como se apenas vê-la não fosse suficiente, precisava olhar mais de perto, capturar cada detalhe.

— Ela é...

— Sim, capitão — confirmou o homem que segurava a ponta da corda prendendo Minnie. — É a feiticeira.

Hang soltou uma gargalhada estrondosa, carregada de um orgulho e satisfação exagerados, fazendo com que Minnie instintivamente recuasse um passo para trás.

— Finalmente! Finalmente os céus e o mar decidiram me agraciar, finalmente! — Ele gritava para o alto com os braços esticados e ria como um louco, como se estivesse recebendo uma benção.

Minnie não podia acreditar que aquela cena desprezível era só por ter conseguido pegá-la. Até aonde ele iria e o que estaria disposto a arriscar só para concluir seus desejos insanos?

— Cadê Hongjoong? Onde ele está? — Hang questionou com urgência, sedento, correndo o olho por todos os presentes no cômodo.

Os homens demoraram alguns segundos limpando a garganta e se preparando para dar a notícia ao capitão, afinal falar sobre as falhas sempre era perigoso com ele.

— Por ora, só conseguimos a feiticeira. O garoto escapou, capitão.

A insana empolgação evaporou de Hang. Algo sempre tinha que dar errado, não importava o quão simples fosse. Mas pelo menos Rick estava certo sobre algo: a captura de Minnie amenizou a insatisfação do tirano. Hang podia ficar em paz só com Minnie por enquanto.

Os homens ficaram esperando o sermão e as ofensas, entretanto nenhum dos dois veio.

— Está tudo bem, a garota é o suficiente por agora. Ela teve contato direto com o garoto, ela pode facilmente me dar o que eu quero — o crápula sorriu sórdido, arquitetando em sua mente seus próximos passos.

— Eu não estou disposta a entregar Hongjoong e nenhum dos planos dele — Minnie alertou. A voz fria, séria e firme.

— Mas você fará, por bem ou mal — determinou. — Levem-na para um quarto e dêem à ela o que pedir ou precisar para as bruxarias dela. Fiquem de guarda e atentos o tempo inteiro.

— Sim, capitão! — O coro ecoou.

Minnie manteve os olhos ferozes presos no rosto arrogante do capitão até o último segundo dentro da sala. Ela não demonstraria um pingo de medo sequer. Não podia se deixar ser intimidada; ela era a figura poderosa que o inimigo ansiava para ter, tinha que mostrar estar à altura. Se algum dia ela já teve medo de Hang, agora não tinha mais. Tudo o que sentia por ele e seus capangas era nojo e desprezo. Ela não faria nada a favor dele e o enfrentaria sempre que necessário, estava determinada.


Fazia seis dias desde que o grupo havia chegado em Myne e começado a atuar em prol do plano. Hongjoong e os outros queriam a todo custo resgatar Minnie, mas não podiam fazer isso sem o preparo adequado. Então, com a ajuda de Yeosang e Yunho, eles foram apresentados a diversos tipos de treinamento. Jongho e San eram muito bons em combate, mas Jongho era melhor navegador que San, por isso, junto de Jungkook, Jongho também se aprofundou em navegação e outros quesitos importantes em uma viagem de navio. Hyuk, que se recusava a morar gratuitamente na casa do governador, começou a auxiliar na cozinha da mansão para pagar pela sua estadia e a dos meninos, mesmo Yoona dizendo que não era necessário; ele também fazia alguns trabalhos na feira do centro. Hongjoong era, de longe, o mais ocupado, tido como o líder, ele precisava saber fazer tudo que os outros faziam e mais. Não demorou até descobrir a biblioteca pública e, logo mais, a biblioteca real, onde havia muito conhecimento antigo guardado. A quantidade de livros relacionados aos contos da vó Anya era absurda; muitos títulos como "o Sol, a Lua e o Oceano", "A profecia do mar" e "Contos do antigo mundo" chamavam sua atenção de forma que ele precisava levá-los para casa. Não demorou até encher o quarto de livros. Quando não estava lendo, ou treinando, estava tentando concluir o mais difícil dos objetivos: convencer o pai de Yeosang a preparar um ataque.

Ele é o ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora