Esperando

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Myne, das Cinco Ilhas

O barulho seco e agressivo das passadas do governador contra o mármore estava sendo ofuscado pelo som dos tiros lá fora — o motivo da pressa e preocupação dele. Yoona caminhava atrás, tentando acompanhá-lo, mesmo que ele já tivesse pedido para que ela ficasse com as criadas em seu quarto; a Senhora estava tão preocupada quanto o marido para obedecer.

Nos portões de entrada da mansão, para o bem do coração de Yoona, Yeosang chegava com dois guardas. A expressão do herdeiro arrepiou a espinha de Kyesang, pois entregava o que estava acontecendo. 

— King Island... — Yeosang conseguiu pronunciar. — King Island está atacando.

O coração da Lady falhou uma batida e ela cobriu com as mãos a boca aberta de espanto. Kyesang apertou os punhos e endireitou a postura.

— Cadê o Yunho? 

— Está nos muros — respondeu o filho.

— É ótimo que ele saiba o que fazer, foi preparado para esse momento a vida inteira. — O governador começou a se mexer e os soldados prontamente o seguiram em direção a saída. — Vamos mostrar para eles o que 13 anos de preparo nos deu.

O herdeiro e sua mãe não o impediram quando Kyesang foi rumo ao combate com seus homens, mas a Lady segurava seu coração nas mãos. 

— Mãe, vamos subir! — O rapaz a empurrou com pressa para subir de volta os degraus que ela acabara de descer. Mas ele não foi junto.

— Yeosang, para onde está indo?! — Ela gritou para o garoto disparando para fora.

— Meus amigos estão lá, eu vou ajudá-los!  

Ela gritou para que parasse, mas Yeosang já havia partido. A cabeça da lady começou a latejar e rodar e ela se segurou no corrimão dourado para não sair rolando. 

— Por favor... — pronunciou com agonia aos guardas de pé na entrada. — tragam meu filho de volta. 

Os homens assentiram e se dispersaram. As pernas de Yoona fraquejaram, forçando-na a sentar no degrau; tudo que parecia estar sobre controle durante os dias que passou sendo cuidada por San começou a desabar. Ela achava que estava tendo progresso e sendo curada de sua doença, mas percebeu, naquele momento, que ainda não estava forte o suficiente para se impor como a Senhora da ilha. Era o que achava. Ou era apenas a sensação de desmoronamento e perigo que a estava afetando demais...? Ela não sabia. O coração estava prestes a pular para fora pela boca, a testa suava frio e os membros tremiam. A respiração falhou quando ela tentou se levantar e o corpo estremeceu quando um barulho muito alto rugiu lá fora. Mais de uma vez. Tiros de canhão. O que San dizia para fazer quando sentisse o corpo fraco demais... sentar e esperar? forçá-lo a obedecer? O que San dizia... San.

Ela gritou pelo rapaz o mais alto que os pulmões desesperados permitiam. Ela o chamou diversas vezes; os criados da casa apareceram preocupados, tentando ajudá-la, no entanto ela só conseguia ver tudo girando enquanto o som horripilante dos tiros preenchia os ouvidos contra a vontade dela. Tudo girava, embaçado e desconexo, até que os criados se afastaram às pressas e ela sentiu o corpo ser erguido, sem que precisasse fazer nenhum esforço. 

— Eu vou levá-la para o quarto, venham comigo e fiquem com ela! 

Era a voz de San. E, também, os braços dele ao redor dela, sempre firmes. 

— San... — ela chamou quando foi colocada sentada na cama. Um nó doeu na garganta e o nariz ardeu. — Fica, por favor... eu não estou bem. 

— Lady, escuta, você só está muito nervosa — ele agachou na frente dela e tentou olhar em seus olhos úmidos, mas ela os manteve abaixados. — Você está bem, está saudável e muito mais forte que antes. É só nervosismo e medo. Eu tenho cuidado da senhora com todo meu coração durante esses dias e não pretendo que esse seja o último. — Ela o olhou, a sinceridade banhando o mel-esverdeado dos olhos dele. — Não posso ficar, minha família está lá fora. Eu seria um péssimo irmão se os deixasse sozinhos, não é? 

Ele é o ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora